sábado, 3 de outubro de 2009

LITERATURA

Confesso, de livre e espontânea vontade, que sou apaixonada pelos livros, especialmente pela literatura. Sou daqueles que preferem manusear os livros diretamente nas estantes da biblioteca à consulta tranquila e bem-acomodada diante do monitor do computador.

Sou apaixonado pela palavra e me deleito com a beleza e criatividade manifesta na construção de uma frase e de uma descrição bem elaborada. Forma e conteúdo amalgamam-se e nos remete para além do nosso ser. Às vezes, no ato da leitura, detenho-me com admiração diante das palavras esculpidas no papel. São palavras que marcam profundamente o ser, que nos fazem refletir sobre a beleza e a simplicidade do viver.

Por vezes o escritor, por arrogância ou falta de criatividade, procura impressionar pela erudição. É o discurso professoral em ação. Partem do pressuposto que quanto mais incompreensível, mais inteligente parecerá. E, o pior, os consumidores deste falatório sem sentido, pretensamente erudito e filosófico, aplaudem. É um discurso incompreensível que se derrama na ignorância do outro e que parecerá mais imponente na proporção em que reduz este à condição de asno ou papagaio. Isso sem falar na mixórdia panfletária.

Contudo, admiro, sobretudo, a capacidade dos que escrevem de maneira bela e inteligível sobre a complexidade da vida. Os que expressam as tragédias e alegrias humanas, com as quais, em qualquer época e lugar, nos identificamos.

A literatura arrebata o espírito e nos permite um aprendizado prazeroso em todos os aspectos: histórico, político, social, cultural etc. Como não se enredar com os escritos clássicos? Seus personagens, contextos e descrições, nos fazem viajar no tempo: a imaginação vagueia saborosamente nos recônditos do ser humano e seus dilemas; em nossos devaneios, nos identificamos com os seus personagens, suas misérias e alegrias.

Como não se emocionar com o sofrimento de Anna Karênina (Tolstoi) e também com a sua coragem em enfrentar a hipócrita sociedade da sua época? Como passar incólume diante dos personagens de Dostoiévski, expressão dos dilemas humanos diante do mal e do bem?

E a capacidade dos nossos autores maiores em contextualizar a realidade socioeconômica do povo brasileiro e desvendar os liames que explicam o fosso abismal entre a opulência da elite e a miséria da população? É possível ler Machado de Assis e Lima Barreto, por exemplo, e não se indignar com a elite da época, os políticos e o bacharelismo insolente?

Ler é essencial, prazeroso e nos faz bem, desde que, a nossa capacidade de interagir com a realidade que nos cerca, não nos deixe cair na tentação elitista e desconsiderar o mundo e a cultura não erudita. Afinal, por mais que nos envolvamos com a literatura, a realidade é mais cruel do que as crueldades encontradas nos livros; e a miséria humana não se restringe às palavras e conceitos, como bem apregoa os grandes filosofo.

Bjks da VANVAN.

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