quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

FAZER ACONTECER


Mais um final de ano, tempo em que tomamos aquelas decisões que sempre deixamos para trás, sabe como é? Ano que vem vou perder peso, deixar de fumar, mudar de emprego, mudar de amor, mudar de país... mudar, mudar, mudar.

E doze meses depois olhamos pra trás e constatamos que não conseguimos fazer o que dissemos que íamos fazer. Faltou acabativa. Anos atrás encontrei num texto de Stephen Kanitz essa palavra genial: “acabativa”, que não existe nos dicionários. Sua oposição ao termo “iniciativa” explicita o conceito do fazer acontecer com clareza absoluta: “Chega de iniciativa. Precisamos de acabativa”.

Ou “de que serve ter iniciativas sem ter acabativas?”. Transformei o termo em uma de minhas marcas e ao longo do tempo observei certas “categorias de consciência” com relação à acabativa, que talvez você reconheça.

Primeira categoria: o “zé-mandado”, gente que só se movimenta quando recebe ordens e faz exatamente aquilo que o chefe mandou. Para os zé-mandados, a acabativa é um estímulo externo, necessariamente acompanhado de instruções e da ameaça de represália se a ordem não for executada. Os zé-mandados são motivados pelo medo, que provoca alto envolvimento, mas comprometimento zero. Praticam o pensamento crítico apenas para reclamar do chefe, da empresa, e da vida. Os zé-mandados são a maioria no universo profissional. Reativos, se transformam em pesos mortos quando não tem o chefe para obedecer.

Segunda categoria: os “asnos com iniciativa”, gente que sai fazendo sem refletir a respeito, incapaz de compreender o impacto e influência de suas ações sobre outras pessoas e processos. Essa gente não consegue ligar causa com consequência, age por impulso e tenta sempre aplicar velhas soluções a novos problemas. Os asnos com iniciativa são perigosos, já que não compreendem as consequências de seus atos. E quando criticados ficam revoltados, pois se dizem tolhidos em suas iniciativas. Acabativa na mão deles é uma ameaça...

Terceira categoria: os “empurradores”. São especialistas em colocar a responsabilidade nas mãos de outros. Basta uma palavra e pronto: é no seu colo que eles jogam o problema. Essa gente tem uma facilidade impressionante de colocar a culpa em outras pessoas e processos. Nas mãos delas as coisas não andam, e sempre tem uma explicação para o “por que não fiz”, “por que não deu”. Os empurradores desconhecem o significado do termo acabativa. Jamais passam da iniciativa.

Quarta categoria: o cagão. Sobre ele já escrevi outros textos, mas o cagão tem um papel importante como complicador da acabativa. Ele não admite correr riscos, evita tomar iniciativas com medo das conseqüências e sempre que pode aconselha os outros a não fazer, a deixar como está. Para o cagão, acabativa é incomodação. Existem outras categorias que abordarei em artigos futuros, pois pretendo ir mais fundo na questão da acabativa. O mais importante é constatar que fazer acontecer exige coragem, capacidade de enxergar longe, compreensão do todo, comprometimento e – acima de tudo – entender aonde se quer chegar. Sem isso só é possível obedecer ordens, fazer cagadas, empurrar pros outros ou... ser um cagão. Reconheceu alguém aí?

Feliz Ano Novo!

vanilda silva cruz

NO ADULTÉRIO HÁ PELO MENOS TRÊS PESSOAS QUE SE ENGANAM


O ciúme é, ao lado do amor (ao qual está associado), um dos sentimentos mais explorados em literatura, quer em ficção, quer em estudos psicológicos e/ou comportamentais. Não há, por exemplo, romance, novela, conto ou peça teatral em que não haja a presença dessa reação instintiva de quem teme perder o que considera precioso. Se moderado, é inequívoca demonstração de afeto. Mas quando passa do ponto... tende a destruir um amor, por mais arraigado e profundo que seja. Não raro transforma-o em ódio feroz e é causa de milhões de tragédias mundo afora e a cada dia.

Li poemas magníficos que tratam, com sensibilidade e perícia, de ciúmes. Não daquele louco e homicida, do qual devemos nos livrar o mais rápido que pudermos, caso já esteja instalado em nossa mente, ou nos prevenirmos, se ele ainda não se instalou. Os psicólogos asseguram que se trata de um dos instintos básicos do “bicho homem”. A enciclopédia eletrônica Wikipédia traz uma definição desse sentimento, dada pelos especialistas israelenses Ayala Pines e Elliot Aronson, que é a seguinte: “Reação complexa a uma ameaça perceptível a uma relação valiosa ou à sua qualidade”.

Observe-se, portanto, que o ciúme pode se fazer presente (e invariavelmente se faz), não somente em relacionamentos amorosos, mas em amizades, em locais de trabalho, e em todos os tipos de competição, quando intuímos (ou somente desconfiamos) que nosso competidor tem algo que não temos e que queremos ou que é melhor do que nós em algum aspecto, ou em tudo.
Convivemos com o ciúme desde tenra idade.

Filhos primogênitos, por exemplo, sentem-no o tempo todo, tão logo a família seja aumentada e apareçam outros irmãos. Sentem que o afeto dos pais, por não ser mais exclusivo, de alguma forma será menor, mesmo que não o seja. A tradição bíblica deixa claro que o primeiro homicídio que teria ocorrido no mundo seria causado por esse tão complexo sentimento.

Trata-se da narrativa do assassinato cometido por Caim contra seu irmão Abel. Mesmo que se trate de mera alegoria, é um dos textos que mais deveriam ser refletidos, para nos fazer admirar e até imitar atitudes positivas e virtudes dos outros, em vez de reagirmos a elas com ira e com violência.

Claro que não pretendo esgotar o assunto, que tem variáveis mil que poderiam ser abordadas. Contudo, por tratar-se de tema onipresente em literatura, é inteligente e saudável pensarmos no assunto e, sobretudo, útil, para quando formos engendrar algum enredo de romance, conto, novela ou peça de teatro e compor o perfil dos respectivos personagens.

Na psicólogia destaca que o ciúme é quase sempre marcado pelo medo (real ou irreal) e/ou vergonha de se perder o amor da pessoa amada. Todos sabem, por exemplo, como o vulgo trata de traições conjugais. Pitorescamente, a vítima é execrada e alvo de chacotas, enquanto o agente da traição é poupado. Trata-se de estranha (e burra) inversão de valores. Termos como “corno” e “chifrudo” são comuníssimos, usados para depreciar o traído, deixando implícito que isso se deu por sua incompetência. Na verdade, quase nunca é.

O ciúme envolve, sempre, três ou mais pessoas. Temos, em primeiro lugar, um sujeito ativo, ou seja, o que o sente. A lógica diz que necessariamente deve haver pelo menos um outro personagem, o central, “de quem se tem ciúme”. Por fim, entram em cena os últimos agentes essenciais (pode ser um ou podem ser vários): o (ou os) que desperta (ou que despertam) esse primitivo e instintivo sentimento, ou seja quem “ameaça” o ciumento. Essa reação pode ser motivada, concreta, real (quando há risco real de se perder pessoa, coisa ou situação que se valoriza) ou sem nenhum motivo (cujo risco exista, claro, apenas na cabeça do ciumento).

Estou evitando de citar livros e autores que exploraram com perícia esse tema, por serem sobejamente conhecidos dos amantes de literatura. Estou certo que cada um de vocês será capaz de citar, no mínimo, dez livros, quer do mesmo autor, quer de autores diferentes, em que o tema é abordado. Só não posso deixar de mencionar o mais conhecido deles, a peça “O mercador de Veneza”, de William Shakespeare, e seu personagem emblemático, Otelo, que no final das contas esgana Desdemona, cego de rancor e de ciúmes.

Posso citar, todavia, algumas frases de escritores célebres a respeito. Stendhal, por exemplo, escreveu: “Para certas mulheres altivas e donas de si, o ciúme do homem amado pode se apresentar como maneira especial de mostrar o valor que essas mulheres possuem”.

Já para o sisudo ensaísta Michel de Montaigne, “de todas as enfermidades que acometem o espírito, o ciúme é aquela à qual tudo serve de alimento e nada serve de remédio”. E não está certo o ilustre escritor francês? Claro que sim.

François de Rochefoucauld, por seu turno, escreveu a propósito: “O ciúme, o receio de deixar, o medo de ser deixado são as dores inseparáveis do declínio do amor”. E o italiano Paolo Mantegazza desabafa: “Que vida de inferno é a vida do ciumento! Antes não amar, do que amar desse modo”.

Prefiro, todavia, esta exclamação, quase que em forma de prece, de William Shakespeare: “Meu Senhor, livrai-me do ciúme! É um monstro de olhos verdes que escarnece do próprio pasto que o alimenta. Quão felizardo é o enganado que, cônscio de o ser, não ama a sua infiel! Mas que torturas infernais padece o homem que, amando, duvida, e, suspeitando, adora”. E não é?!

A ESCOLHA


Os piores momentos da vida, aqueles nos quais nos sentimos soltos no ar, são exatamente os períodos das tomadas de decisão. Estamos diante de uma bifurcação. À frente temos dois caminhos. Caso entremos numa via, seremos, sentiremos e acontecerão determinadas coisas. Caso optemos pelo outro, tudo será de outra forma, de outro jeito. Seremos e sentiremos tudo diferente. Mas há uma perda: quando escolhemos um percurso, abandonamos, perdemos o outro para sempre.

O que nos faz escolher uma coisa ou outra? O instante da escolha é penoso, mas o instante seguinte é um alívio e tanto. Pode ser o pior caminho, a pior opção, mas só de estarmos decididos, já nos sentimos bem melhor.

Continuar ou romper? Fazer isso ou aquilo? Subir ou descer? Seguir esta profissão ou aquela? Ir nessa trilha ou na outra? Nada nos deixa mais inseguros do que as escolhas, especialmente as afetivas. Quando um casamento está desmoronando, não sabemos até que ponto vale a pena investir naquilo que não fica de pé sozinho, que não se sustenta, que tomba. O que fazer?

A situação ruim em que a pessoa está é conhecida. Ela sabe lidar com aqueles sentimentos ruins de insatisfação, de chateação, de vazio, de falta de perspectiva, de ausência de surpresas. Caso rompa, um universo novo se impõe. O que será de mim? Como vou viver sem aquela pessoa? Como será a minha rotina? Terei de construir um mundo totalmente novo. Será que vou sobreviver? Conseguirei dar conta? E isso, e aquilo? Como será? Conseguirei viver só? Conseguirei habituar-me a uma nova vida? Terei capacidade de conquistar outra pessoa? Será melhor ou pior? Medo de não aguentar, insegurança diante do novo e do desconhecido.

A fantasia impede o pensamento racional, e o que poderia ser ruim, fica ainda pior por conta do imaginário. Muitos se acovardam diante do que é estranho e, inseguros, desistem de dar esse passo tão difícil. É como pular num buraco sem fundo, ainda mais se não há ninguém para lhe dar a mão. A pessoa adia tanto, que até evita pensar no assunto. Perde a paz e o sossego, não dorme e não come direito, havendo aumento ou diminuição de fome e sono. O que tem, não serve, e o que não sabe causa medo.

O morno, o relacionamento sem paixão, uma corrente que amarra e não dá prazer, é bom? Num filme ruim, quando não se espera nada dele, caminha-se para a porta de saída e larga-se a história pela metade. Também não nos envergonhamos de deixar um livro pelo meio. Num relacionamento do qual nada se espera, a não ser o vazio, por que ficar nele?

Olhe-se e pergunte-se: o que posso esperar disso? Algo novo? Algo bom? Caso a resposta seja não, ou ainda o que é pior, uma deterioração ainda maior do caso, é melhor sair pela porta da frente do que esgueirar-se colado ao muro após uma perda completa de respeito de um pelo outro.

Teme-se a solidão, o tédio, a falta de companhia, o não ter o que fazer, o nada ter que esperar. Esquece-se que estar só pode ser um momento para estar consigo mesmo, fazer o que quiser ou nada fazer para o seu bel prazer e não dar satisfação a quem quer que seja. Ser livre tem um preço, que é encontrar-se e estar só. Tem medo de estar com a pessoa mais importante para você que é você mesmo?

Decidir-se calmamente, estar em paz, cuidar bem de você ao sair de uma situação de indecisão pode trazer uma paz única. Além da independência de executar ou de nada fazer, decidir-se é uma libertação que quem está em situação ruim nem pode imaginar. Para alcançar esse estado de pura autonomia é preciso atravessar um deserto e seus perigos, mas que depois de vencidos, é abraçar o prêmio de tudo poder. Ao se lembrar da situação anterior, brota um alívio sem precedentes. O segredo é não pensar demais. Amar e cuidar de você, que bem merece colocar-se como prioridade. E sem medo.

E, caso opte por permanecer como está, porém decidido e seguro do que realmente quer, fique no mesmo lugar, mas sem as amarras da indecisão.

OS TRAFICANTES DE CARGOS & PODER


São amplamente anunciadas e propagadas as conquistas sociais e políticas do Brasil nas últimas decadas. O país segue crescendo e registrando números favoráveis. É nítida a ascensão das classes mais baixas aos privilégios que era assegurado, até bem pouco tempo, apenas às mais altas.

No entanto, todas essas conquistas caminham sozinhas, apartadas de um comportamento que não acompanha a inércia que eleva as classes brasileiras a novas posições sociais. Não há uma conduta comportamental que nos faça acreditar que algo mudou, que o passado ficou para traz. Não registramos uma nova consciência, uma nova mentalidade de vida comungada amplamente no Brasil, como se todo um povo imaginasse junto viver em uma nova nação, com uma nova postura. Vivemos em um grande país, um generoso país, mas ainda nos falta povo.

Quando foi criada e passou a vigorar a Lei do Ficha Limpa - ainda que da maior importância, mas com efetivação duvidosa - imaginamos que o povo brasileiro iria completar a Lei nas urnas, não elegendo os fichas sujas, amplamente apontados por entidades de classe e movimentos sociais no Brasil inteiro.

O que seu viu, para desesperança maior, foi a entronização do voto cacareco, com a eleição do Tiririca e de Paulo Maluf. Isso, no maior estado da Federação, centro político e financeiro do Brasil. Quase uma paródia anacrônica do medieval pão e circo. Neste caso, um pão superfaturado, como se o povo aprovasse essa conduta, desde que o pão esteja na mesa para saciar a fome de todos. Este é o Brasil real, o Brasil de todo dia.

Agora, vemos as Forças Nacionais libertando vilas e favelas inteiras no Rio de Janeiro. É preciso que a população carioca termine o trabalho iniciado pela força bruta e expulse da política municipal, estadual e nacional, os traficantes de cargos e poder, aqueles que distribuem balas nas favelas e são eleitos vereadores, aqueles que dão festas e brinquedos e são eleitos líderes comunitários, acobertando assim trabalhos de bandidos e policiais corruptos.

É preciso que o povo tome as rédeas de seu destino, que tenha a consciência cívica da cidadania. É preciso que de todo esse sofrido processo, vivido em anos e anos de desespero, incertezas e dor, sirva como lição e estimule a busca por um presente e futuro diferentes para as populações carentes do Rio de Janeiro. É tempo de se reciclar, e o Brasil somos nós, os nossos atos.

A ótica não é poder comprar um som mais potente para tocar mais alto o funk de cérebro de melancia. Mas sim, de um som mais potente para ouvir nitidamente o som de todos os instrumentos, daquela canção que fale de uma vida vitoriosa, dos infortúnios do passado e da esperança em um futuro melhor. Essa sim, é a nova trilha de uma vida que cresceu, que amadureceu, e que começa a florescer e dar novos frutos.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

BACANAL PORNOLITICOS


Sexo fácil sempre foi o prato principal do cardápio turístico brasileiro. Gringo só é gringo de verdade se desfilar ao lado de uma mulata, ou se estiver sassaricando colorido com algum garotão marombado. Todo resto é hipocrisia paisagística. Quanto às farras sexuais na “molluscada” Brasília, também não são nenhuma novidade. Basta da aquela espiadinha basica no retrovisor e avistar o caseiro x9 derrubando um ministro de estado fanfarrão. Na história do Brasil, sexo e política sempre formaram um bolo doido de massa homogênea. A grande nova, de uns tempos pra cá, é a institucionalização de suas práticas pelo ministério do turismo.

A chancela definitiva para a surubada pornopolítica turística, uma chanchada alcunha criada por Arnaldo Jabor e aqui obliquamente parafraseada, foi concedida pelo presidente mollusco, quando em 2007 nomeou uma perua sexóloga como titular da pasta. Justamente o ano em que explodiu o caos nos aeroportos brasileiros e vieram à tona as décadas de abandono do setor. E foi no meio dessa crise monumental, com centenas de milhares de passageiros entupindo os saguões e as companhias aéreas girando feito um perus bêbados, que a então perua ministra Marta Suplicy eternizou uma máxima político-sexual para os momentos de broxante confusão aérea: “Relaxa e goza, que você vai esquecer dos transtornos”.

Três anos depois, como nada mudou, os aeroportos continuam um lixo e a greve dos funcionários ameaça provocar um novo caos, abortando inclusive a criação de um ministério específico para o setor no governo da "mollusca poste", vimos emergir das profundezas do lamaçal a denúncia de que deputados e senadores estavam desviando dinheiro público através de emendas ao orçamento para beneficiar grandes orgias via ministério do turismo. Um esquema fraudulento que movimenta milhões de reais todos os anos e que garante uma farrinha política adicional. O principal citado nesse escândalo é o senador candango Gim Argello, cujo alcoólico e sexofônico nome parece agradar ao presidente mollusco e à presidente eleita "mollusca poste". Talvez por diferentes motivações.

Por fim, o bacanal do momento envolve um “peixinho” do senador José Sarna que ainda nem sentou na cadeira de ministro do turismo. Indicado pelo presidente do Senado para assumir a pasta na gestão da "mollusca poste", o octogenário deputado maranhense Pedro Novais foi flagrado pelo jornal O Estado de São Paulo utilizando dinheiro da câmara dos deputados para pagar uma fatura de mais de R$ 2 mil por uma noitada no Motel Caribe, na capital São Luís. Segundo o jornal, a nota fiscal apresentada pelo deputado e futuro ministro foi confirmada pela gerente do estabelecimento, que afirmou: “Ele é um senhor. Já frequentou aqui, conhece o dono e reservou para um jantar que estava dando para os amigos. Era festa com bastante gente, (...) vários casais, várias pessoas”. Para justificar o preço da farra, a funcionária do motel concluiu: “A gente cobra por casal, tinha muita gente e a suíte era uma das mais caras. Tem piscina, banheira, sauna, tem tudo”.

E já que somos sempre nós quem temos de pagar as faturas das surubáticas extravagâncias de nossos “pornolíticos”, deveria ser-nos concedido o direito de escolher que mamata queremos bancar. Nesse caso, seria bem provável que o futuro ministro do turismo continuasse gozando da prerrogativa de usar nosso dinheiro para bancar uma noitada de bacanal num motel do Maranhão. Afinal de contas, creio que bem poucos topariam arcar com as custas da ministra evangélica que viaja à Argentina com seu staff para um café da manhã religioso. Somos um país tropical, “caliente” por natureza. Uma manhã de oração ou uma noite de sexo é uma pergunta absolutamente desnecessária e cuja resposta é inconteste. Pelo menos teríamos o prazer de poder dizer: pegue o dinheiro dos nossos impostos, faça um grande pênis grosso e enfia onde não bate sol... relaxe e goze... ao cubo!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

R.E.M. - Losing My Religion [drums and bass] video original HQ

R.E.M. - Everybody Hurts (Legendado em Português)

The Police - Every Breath You Take

Star Size Comparison HD

A Legenda de Mãos Trocadas-draft-parte 1

Did You Know 3.0 - Você Sabia? 3.0 - Legendado em Português-Br

PERGUNTAS IMBECIS NÃO MERECEM RESPOSTAS... OU RESPOSTAS ASSIM...


Repórter da venus platinada perguntando a uma moradora do complexo do alemão: Como você se sente agora com as forças de guerra?

Morador: Estou muito contente, perdi todos os meus objetos, móveis, $$$ ,eu e minha filha foi estupradas na frente do pai, meu filho de 1 ano morreu com um tiro de fuzil na cabeça, graças a Deus, ele chorava muito a noite e não me deixava dormir, em compensação, minha filha não vai ser estuprada por badidos, nem eu vou pular mais cerca, já temos o que procuravamos aqui no quintal do cafofo casa mata, temos bolsa familia, proteção do governo, o dia ,e a noite inteiraaaa, tá bom naum? aha uhu e nós, e os pés pretos no créuuu no volume 1...2... 5... vai ser uma trepada atras da outra, até 2014, foi a propria presidenta Dirma que decretou pow! É nós de boa mermã,tá tranguilo chok.

Repórter para as autoridades: O que vocês estão achando disso tudo?

Autoridades: Muito legal, precisa ver lá de cima com o helicóptero, conseguimos eliminar muitos favelados pobres que mereceram essa carneficina, eles não respeitam a lei, os bandidos conseguiram fugir, mais depois de 2014, eles podem voltar, trato e trato!Agora se não nus obedecerem... hum... fazemos como fizemos com os alemão vermelhos, força armadas nelles, e se a favela ir para o beleleu... bem feito para esses desgraçados mortos de fome infelizes.

Não consigo assistir um minuto dessas reportagens exaustivas e imbecis, aonde alguns desses repórteres se formam heim? O MEC deveria rever algumas coisas, ah, mas quem liga pra isso, desde que eles obedeçam seus “chefes” na emissora, ou jornais, radios, etc, foda-se qualquer princípio.

R.E.M. - Supernatural Superserious

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

PEDI A DEUS


Atendendo um pedido meu,Deus chamou Noé e ordenou-lhe:

- Dependendo de uma mulher ganhar a eleições do Brasil, depois de 31.1o.201o , (NOVO FIM DO MUNDO ) farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que o Brasil seja coberto pelas águas.

Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos, bem como um casal de cada espécie animal.

Vai e constrói uma arca de madeira.

No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu.
Noé chorava, sentado no botequim do Noel aqui no bairro de Vila Isabel, quando ouviu a voz de Deus soar furiosa, entre as nuvens:

- Onde está a arca, Noé?

- Perdoe-me, pai- suplicou o homem - Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas: Primeiro tentei obter uma licença da prefeitura, mas para isto, além das altas taxas para obter o alvará, me pediram ainda uma contribuição para a proxima campanha para a reeleição do prefeito Eduardo Paes.

Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimo (o Mollusco,já tinha emprestado para o dono do baú da infelicidade), mesmo aceitando aquelas taxas de juros não teve jeito...

O Corpo de Bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio (pois já estavam cansados de apagarem os veiculos queimados pelos vandalos), mas consegui contornar a situação, subornando um funcionário.

Começaram então os problemas com o IBAMA e a FEPAM para a extração da madeira. Eu disse que eram ordens Suas, mas eles só queriam saber se eu tinha um "Projeto de reflorestamento" e um tal de "Plano de manejo ".

Nesse meio tempo eles descobriram também uns casais de animais guardados lá no antigo jardim zoologico... Além da pesada multa, o fiscal falou em prisão inafiançável e eu acabei tendo que matar o fiscal, porque, para este crime, a lei é mais branda.

Quando resolvi começar a obra, na raça, apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um engenheiro naval responsável pela construção. Depois apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano.

Veio em seguida a Receita Federal, falando em "sinais exteriores de riqueza" e também me multou.

Finalmente, quando a Secretaria Municipal do Meio Ambiente pediu o "Relatório de impacto ambiental" sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil.

Ae mermão, quiseram me internar no hospital psiquiátrico pinel! Sorte que os medicos, e o INSS estavam de greve...

Noé terminou o relato chorando mas, notando que o céu clareava, perguntou:

- pai, então não irás atender o pedido da Vanilda Cruz? Depois dessa via cruz? Não vai mais destruir o Brasil?

- Não - respondeu a Voz de Deus entre as nuvens - Pelo que ouvi da Vanilda, e agora de ti, Noé, cheguei tarde... Um mollusco,que coloquei para só ficar no mar,já se encarregou de fazer isso!

NO AR...NA TERRA...NO MAR... 2 FORÇAS FALHARAM ...UMA NÃO COBRIU OS ESGOTOS... & A OUTRA AS MATAS


Da noite para o dia o Brasil decidiu assumir uma espécie de maniqueísmo bushlesco, onde há uma turma que se autoproclama o Bem e que precisa, em nome da lei e da ordem, caçar e aniquilar a outra turma, o Mal. Enfrentar a criminalidade, pacificar territórios antes dominados por bandidos e acabar com a leniência e a acomodação que tomaram conta das políticas públicas no Rio de Janeiro nas últimas três décadas são ações prementes e o amplo apoio dado pela população é prova inconteste dessas necessidades. No entanto, não podemos perder de vista a objetividade e ficar iludidos com o infinito parlatório politiquês que teremos a partir de agora. Há divergências conceituais e políticas de grosso calibre nessa guerra urbana.

O combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, e em todo território brasileiro, é um assunto muito delicado. Ultrapassa a fronteira das comunidades de Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão. Vai muito além das favelas. Nunca foi uma questão puramente social. É negócio. É comércio. E é lucrativo tanto para o dito Bem, quanto para o dito Mal. Por enquanto, estamos embalados pelas imagens “Tropa de Elite” de guerra urbana, transmitidas ao vivo. Daqui alguns dias, quando a poeira baixar e começar a faltar maconha, cocaína, crack e outras drogas para o crescente mercado consumidor do asfalto, vão sobrar especialistas analisando “com outros olhos” esse duelo entre Bem e Mal. Só o tempo nos mostrará como fica, a partir de agora, a divisão geopolítica da Cidade Maravilhosa. Quem ficará com o que, como e onde.

Vamos pensar em questões de ordem prática. Quem levará o “gatonet” à população do Complexo do Alemão? E quem continuará a facilitar as ligações clandestinas no sistema de eletricidade e que garantiam conta zero à comunidade no final de cada mês? Quem irá fornecer gratuitamente, médico e remédios? Quem irá vender gás de cozinha e acesso à internet banda larga por menos da metade do preço praticado no mercado?

O Estado diz ter dominado o território, mas será que sua população ficará satisfeita com a troca de “patrões”? Isso não quer dizer que a vida era boa antes. Muito pelo contrário. Mas, o que acontece hoje no Rio de Janeiro, terá efeito em curtíssimo prazo no bolso dos cidadãos que moram nessas comunidades e, como sabemos, os conceitos de bom e ruim, de Bem e Mal, vão sendo delineados ao sabor da subjetividade. E quanto mais essas definições afetam o bolso do cidadão, maior será sua reação, moral ou imoral. Legal ou ilegal.

A título de curiosidade histórica e para ilustrar essa questão da mudança de “ponto de vista” amplamente subjetiva, vamos a um exemplo interessante. Há exatos 100 anos, em 28 de novembro de 1910, o então presidente da República recém empossado, Hermes da Fonseca, decretava a expulsão de todos os insurgentes da Marinha que, cinco dias antes, liderados por João Cândido Felisberto, promoveram a Revolta dos Marinheiros e que, mais tarde, receberia o nome de Revolta da Chibata, chegando a apontar os canhões dos navios de guerra para a cidade do Rio de Janeiro.

Os marinheiros foram presos e enviados em exílio para o extremo norte do Brasil, tal qual os bandidos de agora. Eram o Mal naquela época. Hoje são considerados heróis e João Cândido um mártir. Por ironia do destino (será mesmo?!), um século depois, é a mesma Marinha, com canhões apontados, quem se torna a grande protagonista do primeiro grande movimento das forças do Bem durante a tomada da Vila Cruzeiro. Conceitos de Bem e Mal vão se construindo e destruindo ao longo da história e isso é mais comum do que imaginamos.

O discurso de agora é o da não negociação com o mal, sem diálogo com o crime. E concordo. Bandido é bandido e não há meio termo ou possibilidade de conversa. Mas vejamos um detalhe curioso: hoje, para entrar no Complexo do Alemão, foi necessária a união de todas as polícias do estado, somadas ao BOPE e até grande participação das Forças Armadas. No entanto, ontem, o presidente mollusco, o governador Sérgio Cabral e a então pré-candidata mollusquinha subiram tranquilamente até o ponto alto da comunidade para um comício disfarçado de inauguração de conclusão da primeira fase do teleférico, mesmo lugar onde, hoje, estão sendo hasteadas bandeiras como sinal de ocupação.

Ou seja, entre um tempo e outro, alguém deve ter se aborrecido muito com alguma coisa e o Mal, com quem era possível fazer acordos e acertos para permitir o acesso ao mollusco, ao governador e à sua candidata, tornou-se o Mal a ser extirpado sem qualquer conversa, com a faca nos dentes. Ou será que essa tomada de comunidades que estamos vendo faz parte de outros acordos e acertos com outras facções criminosas onde está em jogo a cessão desse território para uma nova configuração geopolítica a ser implementada?

É bem verdade que o Mal mostrou-se muito cafona, com neon vermelho e azul no teto e banheira de hidromassagem tropeçando na cama “queen size”. É verdade também que o pseudoluxo encontrado na casa do traficante Alex Polegar poderia ser confundido tranquilamente com as reformas, tão cafonas quanto, que deputados e senadores realizam em suas casas e apartamentos funcionais.

O fato é que o dinheiro para financiar ambos os casos tem origem na mesma fonte: o bolso do cidadão. Uns faturam sobre o vício alheio e o tráfico nacional e internacional de drogas e armas; os outros bancam suas malandragens e regalias com o dinheiro dos impostos que pagamos e com o tráfico de influência. E onde que um bandido é melhor que o outro? Ambos são, indecentemente, criminosos. O Mal e o Mal. A lei e a ordem parecem ter atingido uma turma. Agora falta alcançar as outras duas.


Bob Sinclar - Mr. Tambourine man

Bob Sinclar - Together