domingo, 31 de maio de 2009

PAIXÃO



Que brasileiro é fanático por carros, ninguém dúvida... Se lhes disser que, não gosto de automóvel também estaria mentindo... Exatamente por ser uma coisa que gosto e que é uma paixão nacional é que costumo explorar nas minhas mensagens essa cultivada e conhecida relação do brasileiro com a emoção de dirigir utilizando-a como uma metáfora de nossa relação com a própria vida. Quando a utilizo, sinto um novo interesse dos amigos, percebo mentes e corações se acenderem, noto uma atenção e curiosidade renovada, não só público masculino ma atualmente também na maioria das mulheres...

Mas vamos lá... O que tem haver uma coisa com a outra?

Tanto o carro, nossa vida está inserida num contexto, numa realidade de como e de que maneira escolhemos participar dela...

O cenário, as estradas da vida, o mundo externo são pistas estão à nossa disposição, algumas bem traçadas, asfaltadas e sinalizadas, outras nem tanto, algumas inclusives off Road necessitando coragem instrumental, tecnologia e um preparo especial...

O destino final a bandeira de chegada, o Pódio desejado, são os nossos desejos, nossas metas existenciais.

Da mesma forma que às vezes temos dificuldades em impedir determinados pensamentos, também não temos total domínio sobre o tráfico que como nos também competem no autódromo da vida.

È claro que se a lataria constitui o corpo, se os faróis os olhos, o teto nosso chapéu e os pneus nossas “solas de sapato” e é obvio que o coração está localizado no motor do carro, fonte de sua força e potência, depositário de toda a responsabilidade de conduzi-lo ao seu respeito.

Podemos nestas analogias viajar em comparações mecânicas (automobilísticas) versus corporais (humanas) utilizando cada componente, cada peça do automóvel o relacionado aos órgãos que nos mantém vivos... É um excelente exercício de compreensão e autoconhecimento...

Como, porém é limitado nosso espaço, vamos hoje explorar um dos aspectos mais importantes, até diria, o mais vital de todos em minha opinião.

Sabemos que é através da nossa mente, de nossas escolhas, que damos os contornos pessoais particularidades a nossa vida (trajetória) imprimindo a prioridade (rota), a urgência (velocidade) e o jeito (o ritmo), já que isto que nos diferencia do demais, é isto que torna nossa vida mais alegre, mais apática, mais vitoriosa ou depressiva...

As engrenagens, o câmbio, a alavanca de marcha são os principais elementos que dão vida ao nosso carro.

Dependem deles a decisão de iniciar ou não o movimento de recuar (dar–marcha-à–ré), avançar (engatar uma marcha) ou simplesmente parar–no–tempo, acomodar, ficar refém do medo, trancafiar-se, perder a graça e o interesse pela vida, colocando a marcha (a vida) em ponto-morto!

Concluindo nosso exercício (viagem) gostaria de ainda registrar uma mensagem com relação aos nossos desejos.

Desejar uma Ferrari, uma BMW, enfim querer a vida dos seus sonhos, com a viagem inesquecível de sua existência é saudável e só faz bem, além de atrair o objeto (experiência) desejado...

O que compromete nossos planos, o que atrapalha nossos passeios e causa tantas tragédias nas estradas emocionais é querer depressa, é acelerar em demasia é pisar fundo, é optar pela pressa, cortar etapas, criar atalhos, atropelar pessoas, passar por cima dos limites da ética e da boa convivência, abusar da velocidade...

Nunca é demais lembrar que a diferença entre o remédio (prazer, a vida, a alegria, a saúde) e o veneno (a tristeza, a raiva, o acidente, a morte) e a dose (velocidade, ritmo e competições).

BJKS DA VAN

terça-feira, 26 de maio de 2009


Ouvi a seguinte frase em um filme: “A vida é uma corda bamba. Temos que aprender a nos equilibrar nela.” Claro que a frase pode ter várias interpretações, mas, dentro do contexto da história, tinha o significado do nosso velho dito “É preciso dançar conforme a música.” Isso, entretanto, me leva a refletir que, assim como no filme, esse pensamento é de que, se todos são amorais, também devemos sê-lo e essa ideia me repugna.

Lembro-me de um versículo de João: “Já não falarei muito convosco, pois está a chegar o dominador deste mundo; ele nada pode contra mim, mas o mundo tem de saber que Eu amo o Pai e actuo como o Pai me mandou. Levantai-vos, vamo-nos daqui.” S.João 14,27-31

O que estamos assistindo nas relações humanas de qualquer tipo é o “vale-tudo”. Vale ferir o sentimento do outro, vale enganar, mentir, fraudar, etc. Qualquer coisa que dê prazer, dinheiro e poder, que satisfaça o egoísmo, o orgulho e a vaidade do ego é válida. Gostaria de fazer como disse Jesus levantar-me e ir embora. Ou, então, como disse o nosso poeta, ir para Passárgada. Entretanto, não sei se encontraria um lugarzinho onde reine a justiça, honestidade e fraternidade aqui no planeta, pois a amoralidade também já se globalizou.

Quando assisto a natureza em fúria, causando tanta dor e desolação, sei que ela apenas está cobrando o que o Homem tem lhe feito e me ponho a perguntar: o que adianta tanta conversa sobre a preservação do meio ambiente, se, no fundo, sabemos que não há mais tempo e que não há como fazer cessar a ganância humana?

Quando vejo crianças pregando ecologia, sinto o peito oprimido. Que mundo estamos entregando para nossos filhos e netos? São séculos e séculos de brutalidade e destruição! E essas criaturinhas inocentes ainda acreditam que um mundo de amor é possível... Meu Deus, que fizemos nós?

Hoje mesmo uma grande amiga comentava comigo: ”Lembra,Van, da alegria que foi a nossa infância, adolescência ? E nossos filhos? Tiveram, é verdade, uma infância feliz. Mas, e depois? A vida se torna cada vez mais difícil e vivemos no sobressalto.”

A mim me parece que “o dominador deste mundo”, de que Jesus fala no mesmo versículo citado acima, anda solto por aí. Uma esquizofrenia coletiva avança cada vez mais. Os poucos bons, retos e sensíveis, que ainda restam, andam mergulhados nos ansiolíticos e antidepressivos para suportarem a lama fétida em que andamos metidos.

Sou, por natureza, uma pessoa alegre e de muita fé. Entretanto, o espetáculo de imoralidade e amoralidade, a que venho assistindo, me deixa imensamente triste. Geralmente, quando se fala em moral, as pessoas só pensam em sexo. Sexo é um impulso natural, uma necessidade fisiológica, que pode se ligar, intimamente, ao amor. Mas, eu me refiro, aqui, sobretudo a ética ou a falta dela. Tudo em nosso mundo se tornou descartável. Usa-se e joga-se fora. Inclusive os seres humanos, nossos irmãos. Nada tem mais consistência. Essa é a insustentável realidade.

Eu vivi minha infância e adolescência muito feliz. Eu me banhei em cachoeiras, vi crepúsculos e alvoradas maravilhosas. Namorei de mãos dadas no silêncio das noites estreladas e com lua, ouvindo os sons da natureza. Conheci praias de beleza indescritível. Dancei muito. Ouvi belas músicas, apreciei todo tipo de arte, li livros extraordinários, conheci pessoas fabulosas. Mas o que será de minha filha(os) e de meu neto? O que será a vida de nossos jovens e de nossas crianças?

Não adianta nos fazermos de avestruzes, colocando nossas cabeças na areia, a realidade é brutal. Se a Grande Mudança não for rápida, uma guinada de 360º, não haverá mais vida no planeta Terra dentro de pouco tempo. E se os amorais que procuram afogar suas consciências no torpor do luxo, do prazer, da pseudo-beleza, não se lembrarem que essa vida é apenas como uma estrela cadente, que risca os céus, e não perceberem que não há sentido na sua ganância doentia, o que poderemos chamar de Vida?...

BJKS DA VAN


segunda-feira, 25 de maio de 2009

REPÚBLICA

Costumam-se aduzir, para justificar de alguma forma o nosso atraso em matéria de educação, argumentos históricos, geográficos e econômicos. A descoberta (invasão) do Brasil por Portugal, o sistema escravista com a exclusão dos escravos de toda e qualquer possibilidade de instrução, o clima tropical predominante induzindo à indolência, a pouca valorização dos professores, a falta proposital de investimentos e a ausência da aplicação de verbas públicas para a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis, as sucessivas crises econômico-financeiras são quase sempre citados como as razões de nossa desvantagem em relação aos países desenvolvidos. Sabemos, no entanto, que todos esses argumentos não chegam à raiz do problema. Já pensaram que desastre não seria para os políticos se a maioria do povo brasileiro não só soubesse ler e escrever, mas compreendesse o que está escrito ou falado, soubesse ler nas entrelinhas e percebesse o significado das reticências e tivesse a capacidade crítica para separar o trigo do joio?!

E a questão não é de hoje. Vejam só esta citação: “...toda essa gente que, inculta e ignorante, se sujeita a vegetar, se contenta em ocupações inferiores, sabendo ler e escrever aspirará outras coisas, quererá outra situação e como não há profissões práticas nem temos capacidade para criá-las, desejará também ela conseguir emprego público. (Assim) aqueles analfabetos que não se sentiam humilhados cavando a terra ou fazendo recados, quando souberem ler e escrever e comentar os acontecimentos políticos já não se haviam de submeter à velha profissão”. (Carneiro Leão, Brasil, 1916. Citado por Vanilda Paiva(que ñ sou euzinha)rsrs... (História da educação popular no Brasil, 1983, p.92).

Assisti na TV há algum tempo um programa histórico com um título curioso: “A república do Brasil foi declarada na cama”. O Marechal Deodoro, que encabeçava o movimento republicano, ficou doente e acamado, exatamente nos dias decisivos da proclamação. Quando os seus correligionários foram avisá-lo que o maior opositor da República ia assumir o cargo de primeiro-ministro e pediram orientação para o que fazer, o Marechal Deodoro se ergueu um pouco na cama e disse: “Avisem o povo que a República está declarada”. E assim aconteceu.

De maneira semelhante, o artificialmente prolongado atraso educacional do povo brasileiro não se explica pelos argumentos acima citados, e sim, por uma simples entrevista. É um fato curioso e deprimente ao mesmo tempo.

Aconteceu assim: nos anos 90, quando o parlamento brasileiro discutia a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) que deveria orientar todo o nosso sistema educacional, dezenas de repórteres de jornais saíram a campo para entrevistar os parlamentares. Tiveram o cuidado de procurar saber a opinião de políticos expoentes das mais diversas ideologias (se as há no Brasil?!) e sucedeu o milagre: total unanimidade. Todos eles se dispuseram a gravar entrevista, repetindo, feito papagaios, o já escrito no documento do seu partido referente à educação. No entanto, em conversa amigável, distante de gravadores, a conversa era outra.

À pergunta que lhes foi proposta e que tinha o mesmo conteúdo embora se usassem palavras diferentes: “Qual é o seu verdadeiro pensamento a respeito da educação?” A resposta veio didaticamente igual, mesmo que com frases e floreios diversos: “Falar de educação, prometer verbas e investimentos, acenar com leis que aperfeiçoem o sistema e elevem o nível educacional de nossa população é o melhor cabo eleitoral da atualidade. O candidato que fizer isso certamente ganhará grande número de votos. Ah, depois...? Depois a gente esquece o assunto (sic!!!)”.

Simples, não é? Está tudo explicado. Isso nos permite entender por que temos um sistema educacional viciado, autoritário, segregacionista, elitista e capenga que privilegia a competição e negligencia os valores básicos da convivência humana.

BJKS DA VAN

sábado, 16 de maio de 2009

PARA VOCÊ MARCELO

Dedicado ao meu filhão amigo MARCELO(CELLO)

Carlos Drummond de Andrade em Sentimento do mundo nos traz o olhar do poeta sobre o mundo à sua volta e constata que vive onde os homens de “diferentes cores” vivem suas “diferentes dores” e que não é possível “amontoar tudo isso, num só peito de homem”.

Há ocasiões em nossa vida que a noite parece interminável... É assim quando todas as esperanças parecem ter ido procurar refúgio em algum lugar, menos no nosso coração. Não somamos nossas alegrias como somamos nossos problemas. Quando passamos por um caminho difícil, fazemos uma revisão do que vivemos e temos vivido e somamos as dores, que parecem crescer a cada instante, então o desespero ameaça instalar-se.

Existem momentos na vida que valem muito; existem fatos que nos levam a reconhecer a existência de valores maiores; existem amigos ou mesmo pessoas que nos confortam e, por esta razão, merecem a nossa atenção, nosso carinho e nossa amizade...

Pessoas sempre dispostas a servir ao próximo com palavras que reconfortam, que nos restituem a vida, que nos fortalecem.

Como ser humano, passei por momentos difíceis relacionados à minha vida pessoal, quando cheguei a temer não ter mais solução. Num momento de terrível angustia digitei com um amigo e começamos a conversar, aos poucos ele conseguiu por meio de suas palavras me reconfortar e apaziguar a minha alma. Essa é uma tarefa árdua, não é para qualquer pessoa. É um dom divino, e quem possui esse dom certamente é um agraciado de Deus. Portanto um ser especial.

A grandeza do amigo aparece não quando as coisas sempre vão bem para nós, mas quando nós sofremos algum golpe, algumas decepções, quando a tristeza nos bate á porta. Porque apenas se você já esteve nos mais profundos vales, você poderá um dia saber o quão magnífico é se estar no topo da mais alta montanha.

Algumas pessoas ajudam as outros para receberem bênçãos e admiração. Isto é simplesmente insignificante. Algumas se desenvolvem em parte para servirem a outras, e em parte para servirem a seu próprio orgulho. Essas pessoas compreenderão, no máximo, parte da verdade. Mas aquelas que se aperfeiçoam para o bem do mundo, para essas, toda a verdade do universo será revelada.

Conversando com meu amigo Marcelo ele me fez entender e ter certeza que algo de bom e bonito existe, e nos faz guardar ainda acesa a chama dentro do coração.

A natureza é a prova viva de que tudo está em movimento sempre e nós fazemos parte dessa paisagem idealizada e plantada por Deus.

Tudo é passageiro, se as alegrias vêem e vão, o sofrimento também, até mesmo aquele que se instala no mais profundo do nosso ser, ele também se acalma e deixa um lugarzinho aberto para a doçura de viver.

Esse meu amigo Marcelo, agora com laços ainda mais fortes de amizade, é meu querido filho. É aquele que harmoniza; que possui o dom da reconciliação. É lindo, generoso tudo de bom, porém, sempre atento aos detalhes.

É criativo e original, tem raciocínio lógico e rápido, e é capaz de discutir sobre os mais variados assuntos, até mesmo aqueles que conhece superficialmente.

Conheço o meu amigo filho Marcelo há algum tempo.Agora a nossa grande amizade tornou-se mais sólida.

TE AMOOOOOOOOOOOOO FILHÃO LINDOOOOOOOOOOOOO!

BJKS DA MAMÁE VAN

quarta-feira, 13 de maio de 2009

ENCONTRO COM SI MESMO

A vida é cheia de encontros que podemos creditar como mágicos. Mas de todos os encontros que nós seres humanos possamos ter, não existe (nem poderia) nenhum encontro maior e ao mesmo tempo difícil que o encontro com si mesmo. Nada pode se comparar a este momento que vou chamar de mágico, na medida, que nos liberta da necessidade de usarmos máscaras e ao mesmo tempo nos humaniza em torno de nossos limites e remete a voos transcendentes derrubando fronteiras, vencendo os medos e possibilitando vivenciar interiormente as questões mais particulares de cada um, genuínos valores e a sonhada felicidade.

A psicologia que é uma ciência e uma profissão tem como objeto de estudo a subjetividade do comportamento humano e conduz as pessoas neste encontro com si mesmas somando o conhecimento cientifico às várias técnicas e a um modelo teórico de atuação que capacita o psicólogo (a) a estabelecer e analisar os questionamentos de cada pessoa, tendo como base a escuta.

Às vezes, as pessoas demonstram incompreensão sobre como apenas falar pode contribuir em sua melhora. Na verdade o processo terapêutico não pode ser apenas repetição de seus problemas, mas sim a oportunidade de você resignificá-los, isto é, a pessoa ao falar passa a analisar seus sentimentos íntimos e vai desenvolvendo recursos para lidar com eles e consequentemente dar um novo significado a sua vida.

É fundamental lembrar que a psicologia não tem receitas mágicas e não tem o poder de mudar a sua história de vida, mas pode mudar a maneira de você encará-la.

Na verdade a pessoa sabe tudo sobre si mesma, mas nem sempre tem esta consciência. Metaforicamente a psicologia vai propiciar que cada pessoa perceba sua vida com outros olhos, o que ajuda na compreensão sobre sua realidade e melhora a qualidade de vida através de atitudes saudáveis e da auto-estima.

Para que um processo terapêutico funcione deve existir o encontro de alguém que quer ajudar com alguém que quer ser ajudado. Caso contrário não vai dar certo...

Quando você deseja ou precisa cortar o cabelo vai a um cabeleireiro, quando tem algum problema no dente procura um dentista, quando quer dar uma “recauchutada” vai a um cirurgião plástico, portanto quando estiver com dificuldade de lidar com suas emoções, dificuldade na convivência social ou qualquer outro transtorno psicológico não tenha dúvida e procure um (a) psicólogo (a) e não perca a oportunidade de fazer este encontro “mágico” com você mesmo.

Os resultados obtidos quando o tratamento medicamentoso é aliado ao psicológico costuma ser muito satisfatório, pois aumenta a percepção a respeito de si mesmo, aumenta a autoconfiança e a capacidade de orientar criativamente na busca de seu equilíbrio.

BJKS DA VAN

sábado, 9 de maio de 2009

SACO CHEIO

Sei lá, mas acho que ando ficando de saco cheio. Durante toda a minha vida, me exigiram ser boa em tudo. Boa maé, boa esposa, boa filha, boa profissional, boa de cama, etc. Qualquer psicólogo (a) teria uma resposta direta sobre a questão: é humanamente impossível ser bom em tudo. Mas a sociedade nos cobra isso diariamente. Nos sufocam de uma forma mortal. Assim, não é muito fácil chegar à conclusão de que não é mais possível ser “autêntica”. Palavra batida essa (autêntica), já depois de tantas ilusões filosóficas, psicológicas e libertárias a respeito, mas que de momento me serve para desconstruir-me para vocês.

Já há alguns anos acordo pela manhã, quase sempre mal-humorada (por ter que levantar e ir trabalhar em um país em que o trabalho inútil é por pouco dinheiro e com muita encheção de saco), e sei que vou ter logo em seguida que bancar uma das personagens que agrade aos meus exigentes personagens do dia-a-dia e, conseqüentemente, me traga a possibilidade de uma sobrevivência cotidiana facilitada. Ou, simplificanda: ao acordar sei que terei que fingir ser quem não sou até o ponto de tornar-me, por horas, verdadeiramente esta outra, para ter das pessoas o que preciso. E neste precisar está incluído tudo.

Sempre foi assim, e sei que quase todos me dirão o mesmo: é o nosso teatro social e inevitável, day by day. Bem, mas vejamos antes a rotina de uma típica brasileira de classe média, que tem que se adaptar às demandas das pessoas ao seu redor para não se tornar 100% em escrota (para quem não entendeu bem, tornar-se uma filha da puta, uma destas a que todos têm raiva ou querem distância).

Em primeiro lugar, felizmente, muito felizmente, trago muitos resquícios, em meus modos espontâneos de comportamento e expressões, de quando eu era uma garotinha e adolescente razoavelmente dócil, cordial, amistosa, realmente simpática, que cativava as pessoas que gostavam de alguém bonzinho.Tive uma infância familiar cristã. E, com o passar dos anos, fui obrigado a manter (raras vezes ainda espontaneamente, a maior parte do tempo sabendo que estou fingindo) uma teatralização de bondade e preocupação solidária com meu semelhante. Caras e bocas de preocupação com o seu bem-estar, com as infinitas mazelas sociais que o afligem, com o fato de não querer humilhá-lo nem tratá-lo mal em encontros fortuitos em supermercados, farmácias (o brasileiro adora uma farmácia), ou em qualquer lugar.

Para sobreviver financeiramente, não tenho dúvida: este lado de uma bondade cristã que ainda reluz em meu brilho dos olhos é realmente útil. Espero que dure muito ainda, embora eu já tenha sérias dúvidas se este personagem vai longe. Essencialmente eu sei que ele não faz mais parte de mim. Às vezes rio cinicamente por dentro enquanto meu ar de bondade cativa àqueles que só conseguem ver em mim o que querem ou que conseguem. Rio principalmente das pessoas humanistas mais ingênuas e prepotentes, que acham que conseguem sentir a “essência” dos outros ao olhá-los nos olhos, para saber se é realmente “do bem”. Só mesmo rindo! Chega a ser triste agora que penso a respeito, mas é assim que acontece. O cinismo está no ar e tem dado a tônica da vida pública brasileira. Nem o condeno mais...

Já eu tento não voltar a ter qualquer coisa que pareça alguma essência com obrigação de durar no tempo. Já tentei várias vezes, e tudo que encontrei ao final de meses ou anos foi ver-me tentando ser o que não sou. Acho que sou mesmo uma típica brasileira. Pra quem ainda vive no mundo das fantasias ufanistas a respeito dessa merda, é fruto de uma reunião de culturas que se digladiaram durante alguns séculos até resultar no que sobrou: esse povo-nada, que se autodestrói lentamente à medida que continua a ser sugado pelas demais culturas canibais do mundo.

Talvez apenas aí eu seja alguém: uma brasileira típica; uma humana típica, de alma boa, de espírito por vezes vazio, de essência, de coerência. Apenas sigo adiante, por vontades e desejos que não compreendo e dos quais sou apenas uma serva. Por mim mesmo eu parava e ficava só olhando esse caótico caldeirão de ilusões. Mas infelizmente faço parte dele, e preciso fingir dentro das ilusões alheias e também dentro das minhas. Ser guerreira(o) não exige perfeição. Ou vitória. Ou invulnerabilidade. Uma guerreira(o) é vulnerabilidade absoluta. Essa é a única coragem de verdade... A vida é uma escolha. Você pode escolher ser uma vítima ou qualquer outra coisa que deseje. Uma guerreira(o) age e uma boba(o) reage. Não há começar e parar. Apenas fazer.

Charles Chaplin definia assim a vida: “A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade. Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?”.

bjks da Van

segunda-feira, 4 de maio de 2009

AMANDO...AMANDO

Olha que menina aquela!
Tenha cautela
Espie só pela janela
Peraí que vou te contar dela.

Para onde vai
Por onde vem?
Não sei.

Só sei que
pelo pouco que a conheço
mais vejo a sua face orgulhosa.
Ela mesma admite.
Mas no fundo
dizem que ela é atenciosa
não veste roupa cor-de-rosa
é baixinha
mas não sobe no salto alto
porque também é bondosa
quando ama, então
é teimosa
excessivamente carinhosa
tanto que quebrou a cara
e aprendeu a ser cautelosa
Por isso que faço questão
De te dizer isso
em verso e prosa.

Porque ela também é assim.
De lua.
Ora quer
Ora não quer.
É bom quando uma pessoa tá na sua.
Pior é quando você logo se habitua
E é jogado para o meio da rua.
Sem rumo, sem destino
nem mesmo sabe onde se situa.

Ela mesma já passou por isso.
Já amou um EDUARDO
um MARCUS
um LUIS
foi sincera com todos eles
pois assim achava que iria pro céu.

Amou demais
até não poder mais
Foi quando o último lhe disse não
assim mesmo
sem explicar o porquê
seco
sem coração.
Ele não a merece
não a merece não.

Seu jeitinho verdadeiro
Doce como brigadeiro
Seqüestra o coração de qualquer um
Pra resgatar do cativeiro
Não se paga nem com dinheiro.

Amar é assim
não se sabe quando foi o começo
nem quando será o fim.
É se encher de liberdade
querer ganhar o mundo
e até perder a hora
Ao mesmo tempo que também
é se sentir preso
sem querer ir embora
sofrendo de uma enfermidade
com a chave para o lado de fora.

Hoje quem tranca a porta
é ela.
E não deixa ninguém entrar.
Porque tem medo
de voltar a amar
e se machucar
e depois chorar
sozinha
sem ninguém ver
porque ela é orgulhosa
mas também é bondosa.

Às vezes, ela quer se revoltar
Achando que vai se sentir mais segura
Fazer o que não acha justo
Porque não aprendeu a perdoar.

Mas ela sabe
que alguém muito bom a espera
na esquina de sua casa
ou saindo com sua galera
podia ser no outono
mas acredito mais que venha ser na primavera.

E assim ela vai voltar a amar
e a se trancar
sem medo de perder o medo
porque
tarde ou cedo
ela sabe que esse dia vai chegar.
E que ele vai chegar.
Cheio de sinceridade.
Não falo nem de beleza
Porque o que importa
É a afinidade
Alguém sem falsidade
Que lhe traga amor
e amizade.

Sem essa de alma gêmea
ou tampa da panela
Pode até ser você, meu amigo
Mas
eu te digo:
Tenha cautela
Espie só pela janela

É...o poema foi só para dar uma respirada e quebrar o gelo.Para quem acha que poesia é só alegria,já vou avisando,a mulher do poema acima sou euzinha viu! rsrs.Quero continuar amando.Mas,meu amigo...eu nem te digo!E como dizia o poeta drummond:O amor e um cavalo bravo...se você não se segura,você cai dele...e se machuca!



BJKS DA VAN