segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

VERDADE O PODER DA PALAVRA

Alguém pode ser incisivo em suas colocações, falando com firmeza e convicção, mostrando seus pontos de vista com ênfase, racionalidade, sem enfeitar a realidade. Os que agem assim são vistos como pessoas frias, às vezes até grosseiras, embora corajosas e seguras. Quem é realista apresenta-se com estilo em várias gradações. Poderá desviar-se levemente para um lado ou para o outro. Enquanto uns são mansos para contar exatamente como as coisas são, na outra ponta há quem seja ríspido e até mesmo mal-educado. Ser amante da realidade pode ser fácil para quem age assim, mas pode ser penoso para quem o ouve, especialmente os sensíveis, que preferem a verdade em doses menores, pouco a pouco, com grandes tempos e preparos.

Há os ouvintes que gostam de levar a pancada de uma única vez, mas boa parte, quem sabe a maior delas, prefere receber as notícias boas à vista e as ruins a prestação. O desacordo se dá quando estão cara a cara alguém que gosta de falar de chofre, e outro que quer parcimônia no relato. A dificuldade na comunicação vai acontecer e os dois lados ficarão frustrados. Tantos se arrependem de ter falado de um jeito mais duro, e principalmente quando acaba por ofender um amigo. Pode passar horas tentando resgatar a palavra mal falada, mas terá sido tarde.

Saber narrar acontecimentos ruins, uma constante nas nossas vidas, é uma arte, principalmente quando se trata de diagnósticos onde ter esperança e fé alteram o resultado do tratamento. Somos apenas humanos e descobrir que temos uma doença grave que nos ameaça desestabiliza o mais seguro dos mortais. Enquanto há quem diga que quer saber tudo, outros dizem exatamente o oposto: quero mais é me esquecer que tenho isso. Conversando com a pessoa, procurando descobrir suas características psicológicas mais marcantes, ainda assim, algumas vezes não temos o conhecimento suficiente, não sendo possível saber o quanto ela aguenta conhecer a verdade.

Para contar um desastre fatal ou uma morte inesperada deveria ter curso preparatório. Já há, mas tempos atrás era na raça. Dar má notícia, principalmente de morte de pessoa jovem que não estava doente, é complexo para ambos os lados. Alguns acham que têm de sobra o famigerado bom-senso, mas o que é isso? O julgamento é individual, não universal. As culturas possuem valores diversos, e a mentira pode ser importante em alguns momentos. Mas o mal que vem dela pode ser ainda pior.

Uma mescla de verdade e de sonho precisa existir em determinadas horas. Nesses casos, contar de forma amena, dourando a pílula, amenizando os acontecimentos, falando por etapas, dará tempo de a pessoa se preparar para a fase final. No meio do relato, o ouvinte busca nas suas ferramentas psíquicas, condições de tolerar a situação. Dessa forma conseguirá subsistir ao fato trágico. Boa parte de nós não consegue suportar a verdade nua e crua. Então é trazer a vestimenta e acender o fogo. Parece dar mais certo.

BJKS DA VAN

Nenhum comentário: