terça-feira, 7 de julho de 2009

EM SE PLANTANDO TUDO DÁ

O grande Pero Vaz de Caminha anunciou ao Rei de Portugal: "Em se plantando tudo dá". Ele se referia à fértil terra que acabara de descobrir com outros amigos, mas serve para a mente humana que é sempre um terreno fértil para qualquer tipo de semente que for plantada e cultivada. O que plantamos, colhemos. É fácil entender isso. Não se pode esperar de ervas daninhas a produção de alimentos saudáveis, da mesma forma que se pode esperar que sementes de trigo semeadas em terra fértil e preparada, produzirão campos coloridos e fartura nas mesas. Você já se deu conta que é cada vez mais freqüente, quando vai se fazer uma compra, se não tomar muito cuidado, pode estar sendo enganado?

Quer seja no supermercado que coloca um preço no produto, mas o código de barras tem um preço maior, quer seja num produto que está em "promoção" e você compra na boa fé achando que está fazendo um grande negócio e quando chega em casa percebe que já está vencido há alguns meses. Em feira de automóveis usados então, se possível, leve com você na hora de ver o carro um mecânico, um lanterneiro e um despachante, todos experientes.

O mecânico vai desnudar os problemas no funcionamento do motor, o lanterneiro desnudará por baixo da pintura malfeita as batidas que o carro já sofreu pois há grandes chances de aquela pintura fresca ser apenas uma camuflagem dos problemas do carro. O despachante para checar os documentos e comprovar que o carro não é roubado e não tenha multas exorbitantes.

O que mais assusta é que esses mesmos homens que trambicam e agem o dia todo roubando e enganando outras pessoas, e não são poucas, quando chegam em casa se portam como pais de família diante da esposa. Para os filhos pequenos falam palavras de carinho, esboçam sorrisos protetores e quando os filhos já têm condições de entender, tecem alguns comentários reforçando valores aprendidos no passado, mas que se negam a assumir no dia-a-dia e quando deitam a cabeça no travesseiro dormem um sono como se fosse o sono dos anjos de tão leve que se sentem, acordando somente no outro dia, prontos para mais um dia de gatunagem.

Fazem uma cisão entre o que praticam e o que pregam para seus filhos.

Isso mesmo, passar a perna nos outros, roubar, usar a todo o momento a Lei de Gerson, tem se tornado cada vez mais parte da normalidade de muita gente.

Somos levados a acreditar que só os políticos que são corruptos. Recentemente uma Revista Semanal de grande circulação atribuiu, inadequadamente, a existência de Brasília, a causa da grande corrupção existente nos Poderes da Republica.

No entanto, penso que com as exceções necessárias, os políticos que são corruptos não se tornaram corruptos depois que ocuparam cargos no Poder Executivo (Prefeituras, Governos dos Estados e do Distrito Federal e Presidência da Republica), ou no Parlamento, quer no Senado, na Câmara dos Deputados, nas Assembléias e na Câmara Legislativas e nas Câmaras de Vereadores.

Na verdade, eles já chegaram lá corrompidos. Muitas vezes, nós não observamos, mas, a nossa sociedade que é corrupta e os políticos saíram da sociedade para ocupar aqueles cargos.

Ninguém nasce bandido. É com a prática de pequenos delitos, ao longo da vida, que se forma um grande ladrão.

Os próprios pais que corrompem os seus filhos. Quando os pais acham bonito quando o filho é “esperto” e passa os outros para trás. Aplaudem quando os filhos ganham os jogos de laser, roubando do parceiro. Não questionam os filhos, quando chegam em casa com objetos de escola, como caderno, livro, caneta, lápis, borracha, boné, bola e outros, que não foram dados por eles. Quando o pai promete dar uma bicicleta, uma motocicleta, um carro, ou uma viagem, se o filho passar no vestibular, coisa que é de sua obrigação. Quando deixam os filhos à vontade, não tomando conhecimento de sua situação escolar, não procuram saber quem faz parte da companhia dos filhos, não dando limites para a liberdade de seus filhos, estão contribuído para que eles sejam corruptos.

Com os filhos criados nestas condições, eles ficam com a consciência adormecida e quando chegam à vida adulta, continuam praticando pequenos atos atentatórios à ética, à moralidade e à honestidade, até chegar à prática de grandes desfalques ou roubos e nós, muitas vezes não olhamos para dentro de nós mesmos para enxergar que estacionamos o nosso carro nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas. Subornamos ou tentamos subornar os guardas de trânsito, quando somos pegos cometendo infração. Trocamos votos por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, dentadura, dinheiro. Falamos no celular, enquanto dirigimos. Trafegamos pela direita nos acostamentos num congestionamento. Paramos em filas duplas e triplas em frente às escolas. Violamos a lei do silêncio. Dirigimos após consumirmos bebida alcoólica. Furamos filas nos bancos, utilizando das mais esfarrapadas desculpas. Espalhamos mesas e churrasqueiras nas calçadas. Pegamos atestados médicos sem estar doente, só para faltarmos ao trabalho. Fazemos gato de luz, de água e de tv a cabo. Registramos imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos imposto. Compramos recibos para abater na declaração do imposto de renda. Mudamos a cor da pele para ingressar na universidade, por meio do sistema de cotas. Quando viajamos a serviço da empresa, se o almoço custa R$-10,00 pedimos nota de R$-20,00. Comercializamos objetos doados nessas campanhas de catástrofes. Estacionamos em vagas exclusivas para deficientes. Adulteramos o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado. Compramos produtos piratas com a plena consciência de que são piratas. Substituímos o catalizador do carro por um que só tem a casca. Diminuímos a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem. Emplacamos o carro fora do nosso domicílio para pagar menos IPVA. Contribuímos para a Previdência por 5 anos e queremos aposentar por idade. Frequentamos os caçaniqueis e fazemos uma fezinha no jogo de bicho. Le vamos das empresas ou repartições, onde trabalhamos, pequenos objetos como clips, envelopes, canetas, lápis, como se isso não fosse roubo. Comercializamos os vales transportes e vale refeição que recebemos das empresas onde trabalhamos. Quando voltamos do exterior, nunca falamos a verdade quando o policial pergunta o que trazemos na bagagem. Quando encontramos algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolvemos. Achamos bom, quando recebemos o troco errado e ficamos calados. Desrespeitamos, deliberadamente, o meio ambiente e recebemos o troco das inundações de nossas cidades e a poluição do ar, dos rios e lagos. Contribuímos muito mais para o BBB do que qualquer campanha beneficente e por aí vai e queremos que os políticos sejam honestos? Surpreendemo-nos com a farra das passagens aéreas, com os desvios de verbas das obras publicas, das desonestidades praticadas no Poder Legislativo, com os escândalos que acontecem na Câmara dos Deputados, no Senado e nos Governos.

Estes políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo. Os políticos refletem o que existe na sociedade brasileira.

Portanto, não estou absolvendo os políticos da corrupção que grassa nos Poderes da Republica. Estou dizendo que a nossa educação é que vai mal. O Governo gasta muito com a educação, mas, o dinheiro é mal empregado, os professores não são reciclados, incentivados e nem valorizados.

Temos que acabar com a prática do levar vantagem em tudo.

O Governo necessita urgentemente de investir na cultura do povo para que seja incutido na mente de cada um, que, qualquer dos atos acima praticado, está, na realidade, atingindo a sociedade como um todo. Necessitamos de uma mudança radical na nossa educação e na cultura do povo.

Bjks da VAN

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