sexta-feira, 6 de julho de 2012


Então quem são os verdadeiros beneficiários das políticas do governo do PT? São seus financiadores de campanhas eleitorais: bancos, construtoras e empresas do agronegócio e commodities. Belo Monte por exemplo, não é um projeto de infraestrutura energética, é um projeto de desvio de milhões dos cofres públicos para construtoras e grupos de investimento, que nos próximos anos pagarão as fantásticas campanhas eleitorais.

Rio: Pior transporte do Brasil

http://glo.bo/KgFD6p

E assim com as obras para os grandes eventos. Mesmo que isso custe entregar o meio-ambiente à devastação, desalojar populações na Amazônia e cidades-sede da Copa e Olimpíada, apoiar uma política de repressão social militarizada etc. Menciono aqui três pontos dignos de uma análise mais detida: o Novo Código Florestal, as políticas de obras e ocupação do espaço urbano e o apoio do Governo Federal às UPP’S no Rio de Janeiro.

http://www.youtube.com/watch?v=NJlUroN_8k0&feature=player_embedded#!

Durante todo o debate envolvendo a tramitação no Congresso do projeto do Novo Código Florestal, toda uma rede de ativistas cobrou da presidenta Dilma uma atitude de enfrentamento com a bancada ruralista, sendo este grupo responsabilizado pela intenção do projeto. As duras e corretas críticas à insuficiência dos vetos feitos apontam o ocorrido como uma derrota para esse setor social. Nesse contexto, a base do governo pôde responder às críticas apelando para a necessidade de se fazer política com senso de realidade e outras falácias do tipo.

O grande furo deste ponto de vista é que ele não responde a uma pergunta primeira e fundamental: por que diabos este projeto entrou em tramitação? A quais interesses do governo do PT serve este retrocesso em nossa legislação ambiental?

Para responder e essa questão é preciso lembrar que não é somente para o agronegócio que a referida legislação interessa. Questões centrais como “o que pode ser desmatado?” e “o que é considerado recuperação e reflorestamento?” tem seus parâmetros jurídicos estabelecidos pelo Código Florestal e interessam particularmente a duas espécies de peixes grandes: as mineradoras e as empreiteiras.

Um aspecto grave da nova legislação são suas consequências para os processos de licenciamento para autorização das referidas atividades, num momento em que inúmeras obras do PAC precisam andar. Outro fato alarmante é a tentativa de anular os poderes que o IBAMA e a FUNAI têm neste âmbito e a pressão que os servidores desses órgãos vêm sofrendo para apressar o licenciamento das obras.

http://www.youtube.com/watch?v=L355epb-GF0&feature=related

Em suma, a legislação ambiental é enxergada pelas mentes governantes como obstáculo ao “desenvolvimento”, e deve ser controlada de modo a não afetar o ritmo de crescimento. A propositura de uma reforma no Código interessava ao Governo PT a serviço das mineradoras e empreiteiras e só aí a bancada ruralista obteve a oportunidade de fazer valer seus interesses também, aumentando de fato o tamanho do desastre. O desfecho deste triste capítulo da nossa história legislativa perdoa os desmatamentos e torna o meio ambiente ainda mais vulnerável a novas devastações. O PT não poderá apagar a sua responsabilidade nisso!

O segundo ponto referido está estreitamente ligado a um discurso oficial do governo que chamaremos de “neo-desenvolvimentismo”. A noção dedesenvolvimento é vendida ao público eleitor com um conteúdo neutro, um bem inquestionável, solução milagrosa para os males sociais. Com isso o PT joga no lixo todo o esforço da reflexão teórica da esquerda latino-americana nas últimas décadas, que tratou de explicitar o caráter ideológico por trás dessa política. No lugar de pensar novas formas de organização da produção de riquezas, que viabilizem uma distribuição mais justa e um consumo consciente, viável e humanizado, temos simplesmente o desenvolvimento, a mesma ideia que orientava a ação dos governos ditos “populistas” (Vargas, JK) e da ditadura.

Aqui propõe-se a contraposição entre um mundo dito avançado (urbanizado e industrializado, onde o consumo frenético de bens cada vez mais descartáveis é a imagem mais representativa) e um atrasado (tudo o que no campo não é agribusiness, que deve então ceder lugar a este ou ao mar de concreto).

O que, como seus antecessores, o PT não inclui em seu conto de fadas é que crescimento do PIB não implica em redução de desigualdades nem em combate consequente aos problemas sociais em geral. Na imagem que fazem do urbano só aparece “dinamismo” e consumo. O caos urbano, conflitos, poluição, engarrafamentos etc só aparecem quando servem a justificar “obras” que não fazem mais do que deslocar estes problemas de lugar. “Obras”! Os políticos no Brasil adoram fazer “obras”. Para resolver quais problemas sociais? Pergunta despropositada! As “obras” são fins em si mesmas, além é claro de influírem enormemente em campanhas eleitorais (vide o papel que a Copa e a Olimpíada cumpriram para eleger Dilma) ao convencer os eleitores que o governo está fazendo. E de fato algo está, mas não o que parece.

“Casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão.”

http://www.youtube.com/watch?v=9S5mJdtkeqw&feature=player_embedded#!

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