sábado, 5 de junho de 2010

RESPEITO

É só abrir o dicionário e conferir. Governo significa: regência, administração, regulamento, regra, exemplo, norma, rédeas, freio, leme, direção. Governar é administrar, dar o rumo, fazer o que é bom para a coletividade. A evolução deve resultar do progresso de todos ou, no mínimo, da maioria, impondo-se o interesse coletivo sobre o particular. Infelizmente, a bondade não é item de série do bicho homem, ele não nasce bem-educado, a cidadania não lhe é atributo natural e o ato de respeitar as normas não vem do útero, mas do longo e trabalhoso caminho da educação.

Daí a necessidade de estabelecer regras para um convívio minimamente pacífico. Surge, então, a segunda vertente do que é governar: regulamentar, dar exemplos, corrigir, colocar rédeas. Não por acaso, a nossa bandeira associa o progresso à ordem. Mas não basta criar regras e regulamentos, é fundamental garantir o seu cumprimento, pois, pior que faltar leis, é permitir que elas sejam desrespeitadas. Ao fazê-lo, perverte-se a ordem, privilegiando o transgressor e ridicularizando quem foi lesado em seus direitos.

Perde-se a noção do que é certo e do que é errado, chega-se ao absurdo de se associar vantagens ao fato de cometer irregularidades: “o importante é ser esperto, levar vantagem”. Mais grave ainda, a omissão do poder constituído entrega ao cidadão comum a função de coibir as ilegalidades, o que só pode resultar em tragédia.

No sistema democrático, as leis surgem das demandas da sociedade e por meio da decisão de seus legisladores. São acordos ou tratos feitos pela sociedade com o objetivo de preservar essa mesma sociedade da degradação, do “cada um por si”, da barbárie, da inviabilidade. Seu cumprimento deve, pois, ser cobrado pelo poder público e exigido por cada um de nós.

Temos alguns dirigentes que prestam bons serviços, edificam obras necessárias, poupam-nos de escândalos e tudo isso é muito bom. Mas, se o lado empreendedor vai muito bem, aplicando de forma eficiente os volumosos recursos, o que dizer do “outro” governo, o governo regulador, ordenador?

É assustadora a mansidão das autoridades locais diante das situações como o lixão em que a cidade é transformada todos os dias, agravada pela invasão de empresas de panfletagem que abarrotam nossas caixas de correio, emporcalham tudo, passeios, ruas e carros. Sem falar no trânsito, cada dia mais caótico, no problema da poluição sonora, da poluição visual (outdoors, faixas, anúncios em postes e telefones públicos), dos flanelinhas, dos produtos piratas e contrabandeados etc. Tudo isso à luz do dia, debaixo do nariz dos envergonhados fiscais: será o liberou geral?

Senhores administradores, é preciso colocar a evolução da sociedade acima da sobrevivência política de cada um dos senhores. E nós não podemos considerar impopulares medidas norteadoras de uma convivência civilizada. Uma cidade limpa não pode depender de mais garis para compensar um povo cada vez mais sujo. Contratar agentes alivia o desemprego, não o caos no trânsito. Já podemos comprar bugigangas do primeiro mundo, importemos o hábito de respeitar às leis. Já temos um governo provedor e assistencialista. Precisamos, urgentemente, de alguém que nos governe; e de um pouquinho de vergonha na cara. Bjks

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