segunda-feira, 11 de outubro de 2010

PESQUISAS POLITICA


O governador eleito do Paraná, Beto Richa (PSDB), desafiou um paradigma, que muitos contestavam na intimidade, mas ninguém ousou contestar publicamente, ao pedir à Justiça Eleitoral que proibisse a divulgação de pesquisas na reta final da eleição que disputou com o senador Osmar Dias (PDT). Como um democrata social liberal pode apelar para a censura - e a consequente desinformação do eleitorado - justamente na disputa por excelência da democracia, que é uma eleição?

Sua atitude não deixa de ser controversa, mas seu incontestável triunfo nas urnas expôs um flanco das pesquisas eleitorais que, pelo bem da própria democracia, não pode simplesmente ser relegado ao esquecimento sob um pretexto politicamente correto. Até porque o resultado final do pleito no Estado dele deixou uma pergunta no ar que não pode ser omitida sem mais nem menos: havia alguma lógica entre o empate anunciado nos levantamentos de intenção de votos na reta final da disputa e a vitória folgada, em primeiro turno, que ele alcançou?

Por mais que se tenha simpatia pela missão dos institutos de informar à cidadania sobre as tendências eleitorais é difícil encontrar alguma justificativa plausível para o fato de o candidato pedetista ter avançado a ponto de conseguir o empate e, depois, subitamente, cair para uma posição seis pontos porcentuais (muito abaixo da anunciada margem de erro) na única pesquisa que realmente vale, a das urnas. Era óbvio que ocorresse o inverso. E fica no ar a inquietante questão: se não tivesse feito o que fez, Richa teria sido eleito?

A resposta a essa questão nem sequer merece ser considerada. O que vale agora é questionar se não têm razão os críticos dos institutos sobre a possibilidade de a divulgação insistente dos resultados, tidos como sagrados, viciar, ou não, a disputa. Aloísio Nunes era dado como carta fora do baralho e foi o senador mais votado de São Paulo. A boca de urna deu ampla vantagem ao governador da Paraíba, José Maranhão (PMDB), e ele teve menos votos que o oponente, Ricardo Coutinho (PSB).

Seriam tais erros causados pelo custo/benefício do negócio? Estariam os institutos entrevistando menos eleitores para ganharem mais gastando menos? Mais que acusá-los de alterar prognósticos para atender a interesses escusos convém verificar, com critério técnico e de forma imparcial, se as margens de erro que têm sido anunciadas são, do ponto de vista estatístico, corretas. A Justiça Eleitoral tem o dever de resolver o problema: o direito do cidadão à informação só será garantido se os institutos derem uma boa explicação a respeito.

Se não o fizerem, aí será o caso de proibir a divulgação enganosa de seus levantamentos.

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