sexta-feira, 8 de outubro de 2010

TRÊS DE OUTUBRO


Domingo, três de outubro, dia em que grande parte dos cidadãos descontentes com uma horda política que vem maculando esta terra pensou ser o dia da revanche, com o povo literalmente armado de seus direitos e valores, formando seu tribunal da consciência para executar sumariamente as sentenças, segundo a gravidade de alguns delitos. A pena capital seria aplicada sem direito a apelação. Tudo caminhava para esta resposta, que somente o povo descendente de Palmares que sabia a dor deste chicote no lombo poderia dar.

Todavia, existem outros povos que vegetam como escória de traição dos ideais da justiça, que são portadores de graves acefalias, e isto foi a pedra... Bem no meio do caminho tinha que ter uma pedra! Mas não aquela substantiva drumondiana. Mas uma barreira que sobe e trava o entendimento desta amnésica e venal parcela do povo, provocando uma descarga bizarra na zona de prazer enquanto o cérebro se derrete em um clímax homicida. Assim, transformou-se o dia domingo 3 de outubro numa frustrante data de decepção, onde lembranças cruas de exposições torpes por partes não vingadas voltam a latejar. Agora se altera tendendo a ser bem diferente, entrarão em cena personagens que há tempos Monteiro Lobato alcunhou de Jeca Tatu.

Mas, não pensem que faço referência pejorativa, de jeito nenhum! Nestes dias de ressaca da moral, poupar palavras em relação à questão reflexiva de algumas certas pessoas seria usar maquiagem da Cinderela para cobrir a face de Medeia.

No Brasil de Jorge Amado e de Darcy Ribeiro,e do Grande Leonel de Moura Brizola, de Ariano Suassuna e de Zilda Arns, um palhaço que não sabe quais são as atribuições de um deputado federal é eleito como o mais votado e infelizmente as notícias que vazam fronteira a fora dão conta de que realmente o povo daqui se sustenta de pão e circo, estando eu e você com esta triste marca de ferro na testa como boi de fazenda.

Em outra extremidade, um jogador de futebol consegue planejar seu futuro após cair nas garras da falência, usando do mesmo artifício do humorista se elege ao mesmo cargo. Quando chover e as casas dependuradas nas encostas dos morros ou encima de "lixões", descerem no meio da lama e do esgoto soterrando famílias inteiras, o que poderá ser dito? Além de culpar os políticos que não olham para os pobres, mais nada. Pois o representante que fala em nome de quem votou não sabe o que fazer, mas, morrer virou piada, isto é o que menos importa.

Me lembro de um destes contadores de anedotas dizer que aqui no Rio de Janeiro ninguém mais se importa com barulho de bala perdida, pois entra em um ouvido e sai pelo outro. Um mendigo preso roubando em um supermercado disse claramente que havia perdido até a vergonha quando um grupo de traficantes o confundiu com um X9, enfiando-lhe um cabo de vassoura no ânus. Só não foi morto porque a polícia apareceu, mas carrega a sequela e o ardor onde quer que vá. Segundo ele, dorme e acorda com o cheiro da morte nas narinas, o que vier é lucro.

Talvez os tais acéfalos eleitores de Tiririca e cia não saibam, mas a questão da autoestima está ligada diretamente aos planejamentos que vão melhorar a vida do povo, a saúde, a educação o lazer... Aliás, falar em educação neste momento não seria adequado, poderia desencadear processos alérgicos em algumas partes.

Falemos, então, da nossa cidade maravilhosa, com cautela, para que os santos não entendam que somos avessos àquele filho do deus, que nossa evidente repulsa não encontra sinônimos para manifestar que retroagimos, uma viagem brusca lá nos anos em que o voto de cabresto era a carta que garantia ao coronel e sua prole a perpetuação no poder ( hoje e o "bolsa molusco").

Foi o que vimos, uma campanha política onde cada vez que o nome em diminutivo soava nos inúmeros carros de som, era uma cólica que retorcia nossos rins mal drenados, nossas ruas esburacadas e nossa saúde caótica.

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