terça-feira, 30 de março de 2010

TEXTOS

Como eu acredito que muita gente terá um primeiro contato com o que escrevo e sobre o que escrevo, é conveniente, pelo menos no que diz respeito à minha opinião, a exposição do que penso sobre o 'escrever'.

Escrever é magnífico. Expressa o mais puro reflexo da alma. Juntar palavras que podem instigar sentimentos e/ou gestos vivifica. Faz-me sentir uma constante nos sentimentos momentâneos pessoais de "estranhos".

Particularmente, eu gosto de brincar com um possível subjetivismo das palavras numa frase, da frase numa estrofe, e da estrofe num texto. E isso, já se faz subjetivo por natureza. Imaginar que as pessoas irão sempre alcançar meus objetivos propostos através de uma casca subjetiva tem uma aparência meio confusa.

Há tempos, comecei a escrever em um blog meus pensamentos e opiniões pessoais sobre alguns assuntos vigentes no mundo e na sociedade atual. Isso me levou a tomar algum gosto por escrever e me submeter a críticas por tal coisa. Apesar de alguns amigos acharem o fato meio evasivo. Na verdade, é muito evasivo mesmo... Acredito que quando escrevo, mostro o 'eu' de meus pensamentos da forma mais intensa possível. É um nu espiritual.

O que separa grandes escritores de meros "dizentes" é o fato de que poucos têm o dom de se mostrarem tão apreciáveis em sentimentos e idéias. Outros escrevem bem, mas não conseguem tocar este tão cobiçado ponto médio entre a razão e o sentimento. Também, não é de se assustar. Vivemos numa cultura, ou melhor, na ausência dela. O brasileiro acustumou-se a ceifar sua cultura na grandes emissoras de televisão e nas revistas de fofoca e, em vez de procurar um bom instrumento de reconstituição intelectual com bons livros, jornais e revistas, acabam por lotar igrejas pedindo um perdão de uma pecado que, muitas vezes, é fruto da sua falta de informação. Um pecado redundante e interminável.

Escrever é tão visceral quanto o ato de respirar ou comer para se manter vivo. Recebo informações de meus sentimentos e através de um metabolismo confuso e inexplicável quebro essas informações tão cheias de espírito e moldo à maneira que convém ao que quero causar ou fazer imaginar. Gosto de brincar com os sentimentos interpretativos das pessoas. Escrever coisas bonitas esperando ser aplaudido por demonstrar algo tão próprio e único e ser criticado por não viver tal coisa, quando, na verdade, apenas quero falar de coisas que passamos por cima todos os dias sem nenhum encargo de consciência. O não-procurar entender, mesmo que de forma equivocada os porquês de um outro alguém. Os motivos. Mas, pensando bem, pra que perder tempo quando nossos dogmas ainda explicam quase tudo.

Quanto à estrutura de um texto, aprecio muito a forma modernista de escrever. Mas não há nada mais perfeito em sentimentos que o romantismo-parnasiano (por que não?). Um texto deve ter a sutileza de uma brisa sobre um rosto em lágrimas e o ar robusto da falta de compromisso com regras. Ora! Tratando-se de um sentimento de plena pureza, ele não precisa e nem deve advir de inúmeras regras.

Sou um eterno apaixonado pela condição humana... pela condição de ser um pensamento banal por culpa (e/ou por regras).

Minha leitura favorita é a que tenho em mãos. Mas existe um grande "sujeito" (com todo o perdão pelo uso de tal palavra) que gosto muito de ler. Rubem Braga. Não existe vida literária sem um escala nos pensamentos desse eminente ser. Existe sim uma visão do antes e depois de ler, por exemplo, 'Um Cartão de Paris' ou 'A Borboleta Amarela'. Se eu pudesse dar conselhos a alguém, diria para ler de tudo da forma mais depravada possível! Sem 'pré-conceitos', que, muitas vezes, são criados por nossos educadores. Não há nada mais puro que se guiar por afeições literárias.

Expressar despudoradamente sentimentos e opiniões é virtude de poucos. Quem sabe um dia eu consiga fazer isso. Ainda me prendo a alguns conselhos que, apesar de considerar inúteis à minha razão, uso! Não sei explicar o motivo. Mas uso!

Eu não escrevo o que penso. Escrevo o que sinto... Nem sempre pensamos acerca do que sentimos. Mas sempre sentimos o que pensamos. A conveniência das situações nos faz ser mais ou menos racionais.

Eu vim do hoje... Vou para daqui a pouco... Apesar de que sempre desejei ter vivido como uma mulher do Renascimento. Ter vivido e sentido o renascimento do instinto do humano belo. É o que falta na consciência humana. A consciência que o belo pode emanar de seu enriquecimento intelectual. Sentir e viver para um hoje sem culpas.

Tudo é vida onde há harmonia... A harmonia de versos que não remontam a um "macerado" de carne, mas da probabilidade de se juntar palavras numa frase, de uma frase numa estrofe, da estrofe num texto e do texto em sua compreensão e tradução da alma nua de um escritor.

E já abusando da minha não-condição de dar conselhos, digo-vos (por que ênclise e não próclise? Mera estética! Mas, voltando ao assunto...) que Escrevam!!!

Que utilidade tem o papel que embrulha seu pão se você não escreve nele?

Bjks da Vann

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