domingo, 25 de julho de 2010

O viver significa aprendizagem constante. Aprendo e apreendo coisas todos os dias. Ninguém neste mundo sabe tudo ou nada tem a aprender. O aprendizado por meio da leitura de um livro, por exemplo, é algo surpreendente. Se for obra-prima, então, pode-se aprender e apreender uma porção de coisas.

Livros como, por exemplo, “Os trabalhadores do mar”, de Victor Hugo; ou “Moby Dick”, de Herman Melville – só para citar dois, pois muitos outros há, evidentemente – são de um aprendizado fora do comum. Quem quiser aprender e apreender ensinamentos sobre baleia, “Moby Dick” é rico em informações do gênero.

Posso aprender e apreender muito no convívio com gentes. Uma pessoa sábia é como um livro aberto do qual jorra sapiência como numa cachoeira. Tive a sorte de conviver com pessoas do mais alto quilate: escritores, jornalistas, poetas etc., mas aprendi muito também com gentes simples, sem tanta instrução, pessoas autodidatas ungidas pela luz divina como porteiros, faxineiras; gentes alfabetizadas e analfabetas também.

É importante fazer “leitura de gente”. Isto eu aprendi com o falecido Leonel Brizola. Não tive nenhuma convivência pessoal com ele. Mas um dia li uma entrevista dele numa revista e em um dos trechos Brizola dizia: “venho de longe, faço leitura de gente”. Quem o conheceu sabe: isto é verdadeiro, pois o homem, inclusive, tinha um discurso convincente, apesar de muitos só terem reconhecido isto depois da morte dele.

Convivo com o meu amigo jornalista Argemiro, e o que dele apreendi pratico hoje ainda ao fazer entrevistas ou reportagens. Com ele andava rumo à Redação do “O Jornal o povo” para ser apresentada como sua substituto, Argemiro me repassou ensinamento basilar para elaborar o texto jornalístico, o “lide”.

Desde então – e lá se vão uns 20 anos . Foi por meio deste novo aprendizado, o de “cronicar”, e graças ao dinamismo da internet.

Recebi dele mensagem por ter lido o meu texto “Confesso que vivi”, título de um poema de Pablo Neruda, do livro “Para nascer nasci”.

“Vann” – ele disse: “É evidente que temos muita vivência em comum, pois afinal nosso habitat foi o mesmo. E ainda há pouco, escrevi um soneto, em que dizia, “Confesso, com meus olhos, eu vivi.

Anexo, envio meu soneto para sua apreciação. Um abraço, Argemiro.

Com a devida autorização de meu amigo Argemiro, publico o soneto, “Olhar de Amor”, abaixo:

“Conheço todas as mulheres que me amaram;/ Ainda que na inocência de minha adolescência; / Pois seus segredos jamais se desviaram / De meus medos, sempre em efervescência./

“Na minha pureza tola, de rapaz menino; / Vi amor desabrochar em seus olhares; / Mas na minha intimidade de menino tímido, / Deixei muitos amores escaparem./Quantas vezes vi uma boca a me declarar, / Coisas de amor, que confesso, queria escutar,/ Sem mover os lábios, apenas com o olhar. /

“Hoje, meus olhos ao sorrirem envelhecidos, / Com as rugas cobertas pelo amor que senti / Confesso; com meus olhos; eu vivi”/.

Nesta oportunidade, aproveito para me dirigir a todos com os quais aprendi a me tornar o que sou. Não que eu seja lá grande coisa. Em primeiro lugar, agradeço a Deus. Agradeço a todas as pessoas com as quais convivi.

E se em meio aos que me leem neste momento tiver alguém da minha convivência no passado ou no presente, por favor, sinta o calor do meu abraço de gratidão, pois com todos aprendi. E apreendi...

Bjks

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