segunda-feira, 5 de julho de 2010

OVERDOSE

Resolvi escrever um texto que certamente vai criar polêmica. Podem me arrebentar que aguento o tranco. Mas vale porque favorece à reflexão.

Começo dizendo o seguinte: Vi mais uma vez o filme Cazuza e me deparei com uma coisa estarrecedora. As pessoas estão cultivando ídolos errados. Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras possam ser muito tocantes, mas reverenciar um marginal é, no mínimo, inadmissível. Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado.

No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta. São esses pais que devemos ter como exemplo? Cazuza só começou a gravar porque o pai era diretor de uma grande gravadora... Existem vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante. Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona Sul do Rio de Janeiro e o outro não.

Fiquei muito preocupado com o culto que fizeram a esse rapaz, principalmente porque muitos adolescentes viram o filme e certamente acreditaram ser normal usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas. Afinal, foi isso que o filme mostrou. Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão desorientada? Será que ser correto não dá bilheteria? Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor.

Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi conseqüência da educação errônea a que foi submetido. Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissessem NÃO quando necessário?

Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor. Não deixem seus filhos à revelia para que não precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é educar. Não se preocupem em ser “amigo” de seus filhos. Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi a pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois amigo não diz SIM sempre.

O principal instrumento do capital para favorecer o consumo é a mídia. Com ela se constrói “heróis” e lucra-se muito com isso. São os “Heróis” do Big Brother, ou os “heróis” fabricados pela indústria cinematográfica ou fonográfica. Os pais que oferecem a seus filhos uma Madona ou Michael Jackson como modelos de heróis a serem imitados ou deixaram de amá-los ou perderam qualquer referência ao que é de fato um Herói. Heróis, contrário do que prega a mídia, são as pessoas honestas que lutam e trabalham todos os dias, apesar dos problemas e de alguns governantes. Heróis são as mães que criam seus filhos às vezes sem a ajuda do companheiro.

Heróis são as crianças que sobrevivem carentes de amor e de afeto, muitas vezes nas ruas. Heróis são pessoas que fazem o bem porque amar a todos indistintamente é o mais nobre sentimento humano. Eu tive um pai, uma mãe e, principalmente, uma avó, que são meus heróis e tenho orgulho em me espelhar neles, pelos princípios e valores que me passaram em palavras, mas principalmente pelo exemplo. Se seu pai ou sua mãe não são modelos de heróis, pegue emprestado um pai herói como Mahatma Ghandi ou Nelson Mandela ou então uma mãe como Madre Tereza de Calcutá. Escolha que tipo de herói você quer seguir: o que morreu de overdose de amor à humanidade ou overdose de drogas? A decisão é sua.

BJKS DA Vann

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