quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

NATUREZA EM FÚRIA OU DESCASO?


Venho falando há anos da irresponsabilidade, para dizer o mínimo, do poder público, no que diz respeito à ocupação de áreas de risco em nossas cidades. Tenho denunciado repetidas vezes o descaso de nossas “autoridades”, que autorizam a construção de moradias em lugares que jamais poderiam comportar benfeitorias.

Com mais uma grande tragédia, aqui no Rio de Janeiro, que tem suas encostas despencando com chuvas torrenciais, causando a morte de centenas de pessoas que moram naqueles locais de alto risco. Mais pessoas, em nível nacional, têm denunciado a má adminstração pública das áreas de risco, como geólogos, ambientalistas, ecologistas, etc.
Repórteres da televisão foram verificar como está a situação nos locais onde já aconteceram tragédias nos últimos anos, em nosso Estado , e o que foi constatado é que não só não se fez nada, como as construções em áreas perigosas continuam.
A verdade é que é crime o que vem acontecendo, pois o poder público de nossas cidades não faz nada para coibir a ocupação de áreas que não devem ser usadas para construir residência. E mais: como no caso daqui do Rio, o próprio poder público fez pior, depositando lixo na encosta do morro, por muito tempo, transformando a área em lixão e depois autorizando que as pessoas usassem a área para morar.

As pessoas estão morrendo, vítimas de deslizamentos de encostas, estão sendo feridas e perdendo tudo porque não foram impedidas de ocupar lugares proibidos. É não me venham dizer que não é isso, pois nesses lugares há luz, água, há urbanização e não é de duvidar que as pessoas ali estabelecidas estão pagando IPTU.

Então os administradores que permitiram as ocupações ilegais deveriam ser responsabilizados.
Esperemos que, pelo menos daqui para a frente, isso seja corrigido. E que a médio prazo, aqueles que já estão nas áreas de risco sejam realocados. Para que não aconteçam mais tragédias como as que está acontecendo aqui no Rio e como as que aconteceram em Sampa, Itajai, Blumenau e em outras cidades.

E, cá para nós, que os políticos não queiram colocar a culpa também na natureza. O que está acontecendo é apenas resultado do pouco caso e desrespeito do ser humano para com o seu meio ambiente e da incompetência em administrar.

A lista das humilhações e falta de respeito dos nossos governantes, a estas familias que moram em encostas, lixões, é tão grande que nem pensaria em tentar colocá-la aqui. Mas taí uma amostra da tragedia(o prefeito Eduardo Paes, proferiu que não deslocaria moradores que moram em encostas,que bastaria um help pelo celular,dizendo: "fogem galera que lá vem dona natureza em fúria"). Então prefeito, vc só não contava que mamãe natureza, não possui celular, não brinca de policia & ladrão, não e mulher de recados, ela sempre vai vir em busca do que pertence a ela de fato e de direito,e dane se o mundo!

Assisto os noticiários das enchentes em todo o Brasil e fico preocupada. Os repórteres comentam as tragédias como se fossem meros fenômenos climáticos contra que os seres humanos nada podem fazer. Dizem que choveu de modo excepcional, ao mesmo tempo em que mostram pessoas apontando até onde a última enchente subiu, na mesma altura da atual. São apenas 12 meses entre as tragédias. Será que não se aprende nada?

A televisão enfoca os dramas particulares, das famílias que perderam tudo, dos pais que perderam os filhos, animais arrastados, morros desabando sobre as casas chiques. Ratificando a gravidade da situação: afetou até gente rica! Como se tudo fosse evento natural, inevitável. Os repórteres insinuam que é a mamãe natureza se vingando dos maus-tratos. É Gaia, o planeta vivo, que reage aos ataques humanos. É o aquecimento global. Pode até ser que seja. Mas certamente é apenas parte da história. O que a televisão não mostra é que tudo isso poderia ter sido evitado, ou minimizado drasticamente, se as pessoas e, principalmente, o poder público, tivessem feito a sua parte.

Depois das várias e recorrentes enchentes, de Norte a Sul do país, já é tempo de mudar a forma de agir. As pessoas devem ser convencidas a abandonar as áreas de riscos não por celular, mais orientando que a casa onde reside, e uma "roleta russa" a qualquer momento, se os elementos se recusarem a sairem, ai sim entra o "choque de ordem", porque já se torna caso de policia. A Constituição de 1988 obrigou os municípios brasileiros a desenvolver planos diretores versando sobre a ocupação e uso do solo. Falta vontade política para implementá-los. Há preceitos universais que, se forem seguidos, reduzirão drasticamente das catástrofes.

Por exemplo: não é permitido construir nas margens dos rios nem nas encostas. Não é possível cortar os morros de qualquer forma, com taludes inviáveis, pois nas primeiras chuvas virá tudo, literalmente, por água abaixo. Por que o poder público permite a construção de casas em lugares sabidamente invadidos por enchentes no passado?

Onde estão as barragens de cabeceira dos rios que cortam as cidades?

Temos barragens que, comprovadamente, seguram as águas, evitando enchentes. São barragens capazes de segurar milhões de metros cúbicos de água para depois liberá-las lentamente. Evitam enchentes, regularizam a vazão dos rios e ainda geram energia. Por que nada disso foi feito na bacia do Itajaí? Por que o curso dos rios não foram retificados, acelerando o fluxo das águas? Onde estão os muros de arrimo nas encostas e nos cortes das estradas? Onde estão as canalizações para dar vazão às águas, não nos dias normais, mas nas enchentes excepcionais?

Até quando os políticos vão continuar a fazer média em época de eleições, prometendo regularizar invasões e ocupações em áreas de risco. Podem anotar: daqui a um ano, teremos esquecido essas tragédias. E tudo voltará ao normal. O rio será mais uma vez domado, acomodado em leito estreito. As barragens serão esquecidas no emaranhado das questões ambientais. E tudo ficará em paz, até que venha uma nova tragédia, dita “natural”, e os repórteres, sem memória, sairão de microfone em punho relatando tragédias e dramas humanos, sem saber que foram anunciados e que são totalmente evitáveis.


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