domingo, 22 de março de 2009

O CERCO SE FECHA

TEXTO ESCRITO PELO MEU AMIGO: DÉLIO PINHEIRO( JORNALISTA E ACADEMICO DE DIREITO) VAI LÁ NO BLOG/ DELE DAR AQUELA ESPIADINHA! VOCÊS VÃO ADORAR...E TUDO DE BOM!PALAVRAS DA VAN RSRS
ENDEREÇO ESTÁ LOGO AI EM BAIXO DO TEXTO.VALEU GALERA!!!

Délio Pinheiro
Jornalista e acadêmico de Direito
www.deliopinheiro.blogger.com.br

Conheço uma frase interessante, mas desconheço seu autor. A frase vaticina que “nenhum adulto tem o direito de criar filhos sem antes cercá-los de livros”. Sempre gostei desta frase e cheguei a usá-la em ocasiões em que fui convidado a falar sobre o prazer da leitura e a importância da literatura na vida das pessoas. Mas hoje, durante uma aula de Sociologia do Direito, precisei revê-la. A contragosto, é verdade.

Um adulto não pode criar um filho sem antes cercá-lo de muitas outras coisas, algumas mais essenciais do que os livros. Remédios e alimentos vêm em primeiro lugar neste ranking, que ainda tem outros itens antes de chegar aos famigerados livros.

É uma pena que seja assim, mas o Brasil e outros países em desenvolvimento precisa lidar com pessoas cujo único objetivo é sobreviver, e essa luta é travada todos os dias, nas franjas das metrópoles e nos rincões profundos do país.

E a arte de sobreviver para essa brava gente brasileira, e indiana, chinesa e outras, independe de manuais, como os que abundam na classe média com o rótulo de auto-ajuda. O que importa, neste particular, são os nutrientes e os fármacos, e estes não podem faltar nas casas de milhões de terráqueos.

“País em desenvolvimento” é um eufemismo criado para referir-se a nações com graves abismos sociais, mas com algum pendor para ascender nos índices de qualidade de vida, nem que seja num futuro abstrato, e isso inclui certamente os países “Bric”, sigla que abriga Brasil, Rússia, Índia e China.

Estes países serão importantes, graças a seus mercados aquecidos e auto-sustentáveis, no esforço planetário para se evitar que a vaca vá para o brejo com a crise mundial. Se bem que essa metáfora bovina não fica bem para os indianos, aonde a vaca vai para onde quiser sem ser importunada.

Esses países carregam semelhanças quanto ao abismo que separa ricos e pobres e quanto ao tamanho de seus mercados consumidores.

Mas o Brasil leva uma série de vantagens em relação a seus companheiros “bric bracs”. O “Bolsa Família” é coisa nossa. Nenhum outro país conta com um programa de divisão de renda como esse, onde o governo não exige quase nada em troca. É praticamente um ato de caridade, para não usar o termo “esmola”, que ficaria deselegante. Mas quem sou eu para criticar um programa desses, sabendo que milhões de pessoas sobrevivem apenas com a caridade institucional do governo Lula.

Esse dado é interessante, vejam vocês, pois assim chegamos à constatação surpreendente que o salário mínimo é alto neste país de contrastes que é o Brasil. Veja bem: se um cidadão consegue sustentar a si próprio e a sua prole com o “Bolsa Família”, imagine o dia em que ele angariar, com seu suor, um salário mínimo? Seria a glória. Ele fatalmente compraria remédios na farmácia popular, uma cesta básica no supermercado, roupas em algum magazine popular e, finalmente, um objeto que certamente lhe trará a cultura que tão ansiada por ele e por seus filhos. Um livro? Não, uma reluzente antena parabólica.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom...
parabéns Délio Pinheiro.

Adorei o texto!
Sempre estou dando aquela espiadinha no blog/ da minha maé e dos amigos dela.
Tb recomendo p/ meus professores e amigos.hehe
Um abraço valeu!
Pedro Alexandre C. Barros