terça-feira, 31 de março de 2009

OS GRANDES PECADOS TORNARAM-SE ROTINEIROS E BANAIS



Podem gravar aí o que estou dizendo: por falta de melhor opção ou talvez atendendo a seu lado “voyeur” e fofoqueiro, milhões de pessoas assistem ao “BBB”. O programa Big Tédio Brasil, explicando-se: mais animado é espreitar o circuito interno de segurança do prédio (vigia tirando meleca do nariz, vizinhas contando as últimas, porteiro azarando toda mulher que passa e coisas mais). Parece que o Brasil está passando por uma idade das trevas em seus aspectos culturais, principalmente na música (todas as “frutas” resolveram cantar e compor, com enorme sucesso). Blackout no intelecto! E pior, o que em parte desencadeia muitos males é a corrupção.

Corrupção, ensina o mestre Aurélio, significa perversão, putrefação, depravação, devassidão. Os habitantes deste lodo mal cheiroso têm plena consciência da amplidão de seus crimes. Usurpadores do bem público vivem confortavelmente em seus espaços, de costas voltadas para milhões de pessoas ungidas pela consequência de seus atos, pessoas que já não sabem amar, brincar, sorrir, porque lhes foi negado o essencial para viver com dignidade. Os usurpadores praticam uma espécie de genocídio físico e moral, abrigados quase sempre pela impunidade, sem que nada lhe prive da liberdade ou os obrigue a devolver os bens desviados.

Não é pela graça divina que castelos valiosos (e de péssimo gosto) caiam no colo de alguém, ou que ilhas paradisíacas sobrem para outros, mansões de luxo aqueçam os bens de funcionários públicos, tribunais que têm o dever de controlar gastos públicos desafiem a paciência do povo brasileiro abrigando em seu interior supersalários, benefícios e privilégios e o Senado Federal, nobre Casa Legislativa, pague horas extras a 3.884 funcionários em pleno recesso, num total de CR$ 6,2 milhões. Santa Barbaridade!

Apesar de tudo, ainda atrevemo-nos a sonhar que o País vai ser guiado por outro norte, que um belo dia a decência e a moralidade vão marcar presença nestas plagas. Atrevemo-nos a pensar que o começo não dá para mudar, mas um “happy end” é sempre possível.

Não adianta esperar que o combate à corrupção seja bandeira apenas de políticos e de poderosos. A sociedade precisa transformar-se em força ativa e participativa para que se logre êxito no combate a este mal que, tal qual praga daninha, trança suas raízes por todo o território nacional. Comecemos com a intolerância pelas pequenas corrupções, como dispensar ou fraudar nota fiscal, tentar lavar a mão do guarda para esquecer uma multa, corromper funcionários públicos para obter pequenos favores. A cultura anticorrupção deve começar em nós mesmos, em nossas casas, em nosso círculo social, em nosso trabalho. A educação, bem dirigida e orientada será, sem dúvida alguma, a maior arma a ser usada para este movimento de intolerância. Chega de aceitação submissa ao malfeito. Se pequenos e grandes pecados tornarem-se rotineiros e banais, incorporando-se de vez a nossa cultura, certamente nunca poderemos, com a cabeça erguida e liberdade no coração, dizer: tenho orgulho de viver aqui, este é um país sério.

BJKS DA VAN

Um comentário:

Anônimo disse...

Hoje mesmo, houve um acodro com as casas gobernamentais,mais 650 milhões por ano, mais vereadores, mais ,mais ,mais chega... sem palavras...
Pappabill