quinta-feira, 26 de março de 2009

SELEÇÃO DUVIDOSA



Como psicóloga, e atuei há vários anos na seleção de pessoal para várias empresas, entidades e prestadores de serviços, jamais selecionei alguém simplesmente por ser o mais estudioso, o 1º da classe, ou o que aparentemente demonstra ser o mais competente tecnicamente.

Ao contrário, aprendi que os chamados CDFs nas escolas, ao mergulharem todas as suas horas disponíveis nos livros didáticos, na realidade estavam projetando ali todas as suas limitações, dificuldades e frustrações com relação às demais áreas do aprendizado, relacionadas ao comportamento humano, ao domínio emocional, ao convívio social, à liderança, espírito de equipe e relacionamento interpessoal.

Tudo ficou definitivamente mais claro depois que Goleman publicou ao mundo sua tese sobre a inteligência emocional, a pá-de-cal nos simples testes de Q.I e da simples análise da grade curricular. Não que estas não sejam importantes... É claro que ainda contam pontos (e sempre vai contar) uma faculdade de 1ª linha, um bom histórico escolar e uma dedicação estudiosa!

Mas isto só não basta frente aos complexos desafios da sociedade moderna, e aos avanços velozes do conhecimento científico, que transformam em poucos anos o que se aprendeu outrora em velhas cenas do passado!

É preciso sim capacidade de renovação, potencial intelectual, abertura psicológica e equilíbrio emocional para absorver novos valores e conteúdos e maturidade para adaptar-se aos novos ventos de mudanças que sopram sem parar sobre todos nós!!

A cada dia no Brasil, profissionais mal sucedidos em empresas por uma série de motivos e até recém-formados que nunca trabalharam na vida, veem nos chamados concursos públicos o passaporte para o Éden, a tábua-de-salvação, a solução para todos os seus problemas financeiros, profissionais e emocionais, com direito a estabilidade e aposentadoria garantidas pelo Estado protetor e burocrático!

São candidatos a magistrados, assessores, assistentes, analistas, médicos e ambientalistas, que se trancam 24 horas por dia durante meses e ate anos, ferrando as apostilas disponíveis por cursinhos oportunistas que proliferam pelo país.

Será a normalidade a tônica e a principal característica desses indivíduos? Estarão a humanidade e a sociabilidade garantidas na mente e no coração destes obstinados candidatos? Não estarão com certeza, nestes reclusos cidadãos, traços marcantes de uma possível patologia psicológica, neuroses ocultas, complexos mal resolvidos, propensões depressivas e graves alterações de humor, que aflorarão mais tarde naqueles felizardos que abocanharem as tão sonhadas vagas??

Fico me perguntando se gostaria amanhã de ser julgado, atendido ou tratado por um desses brilhantes concursados ou por um cidadão normal, gente-como-a-gente, que trabalha, estuda, leva os filhos para escola, namora, passeia, brinca, faz supermercado, paga as contas e ainda sobra tempo prá assistir a novela das nove...

BJKS DA VAN

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