sábado, 23 de abril de 2011

AS PEDRAS DO CAMINHO DEIXE PARA TRÁS ESQUEÇA OS MORTOS ELES NÃO LEVANTAM MAIS

O Brasil ainda se encontra anestesiado depois da maior tragédia recentemente ocorrida em solo tupiniquim. O terrorismo de Realengo, expôs o quão vulnerável é a nossa capacidade de defender nossos filhos. A revolta que tomou conta dos brasileiros, não deve nos levar a destinar ódio visceral contra, ao que tudo indica até agora, um coitado, digno de pena e merecedor quando ainda vivo, de tratamento especializado. É mais fácil creditar a culpa aos dois cidadãos cariocas que intermediaram a compra das armas, do que se predispor a uma debate onde a questão do desarmamento irrestrito e a proibição dos jogos violentos possam vir à baila.

As razões que explicam esse horrendo banho de sangue vão além das explicações banais sobre o perfil do atirador. É preciso que a sociedade brasileira busque neste sangrento episódio compreender sua parcela de culpa . Isto sim é mais eficaz e enaltecedor do que ficar simplesmente execrando alguém que já não se encontra no nosso meio.

Somos todos culpados sim é verdade( votamos em palhaços, jogadores, funkeiras, mulheres saladas mistas, etc e tal) . Desde o momento em que, na condição de pais, ignoramos o mal causado pelas visitas constantes dos nossos filhos às famigeradas lan houses, que mais do que promoverem a tão sonhada inclusão digital, viraram espaços onde a violência virtual e lecionada é permitida, materializada nos Kuks Straiks da vida.

É costumeiro em todas as cidades que existem lan houses a presença de crianças que ali aprendem que matar pode ser algo prazeroso e rotineiro. A mentalidade doentia dos futuros psicopatas como o de Realengo é construída assim, com anuência das autoridades, proprietários desses estabelecimentos, empresários do ramo de games e principalmente dos pais.

São poucos os pais que se preocupam com essa questão. Alguns, talvez desprovidos de senso ético e crítico sejam até incentivadores de tais hábitos o que é por demais lamentável. Pergunte ao seu filho com quem tem andado, onde tem freqüentado e que jogo é o seu preferido. E para sua surpresa receberá como resposta que o mesmo é um viciado numa droga tão perversa como os alucinógenos: a droga virtual dos jogos de violência.

Pior que tudo isso é a falta de coragem dos legislativos federal, estadual e municipal, de fazerem os enfrentamentos necessários contra a poderosa indústria dos games violentos, baseada na terra do Tio Sam e espalhada pelos quatro cantos do mundo.

A mentalidade violenta não aparece do nada. Ela é gestada, construída e difundida por uma mídia hipócrita que ao mesmo tempo em que condena o massacre, faz ir ao ar no horário nobre mais um enlatado norte-americano, onde a violência é a principal protagonista.

O massacre de Realengo tem sim nossa culpa. Somos nós, pais e cidadãos, os principais responsáveis pelo combate à cultura da violência. Comece agora, vá ao quarto do seu filho e literalmente confisque todos os jogos violentos que por ventura possam existir por lá. Depois ligue para seu deputado federal, se é que você ainda se lembre em quem votou, e exija do mesmo um projeto de lei que proíba jogos violentos em lan house. Caso esteja na condição de proprietário desses estabelecimentos, experimente substituir os Kuk Straiks da vida por outros jogos que possam promover o entretenimento sem macular a mentalidade dos nossos filhos.

Assim, somente assim, poderá dormir tranquilo, com certeza de que fez algo que contribuirá sobremaneira na construção de um mundo mais fraterno e livre da cultura da violência.

Faça isso agora, não deixe para depois. Ontem foi em Realengo, tomara Deus que num futuro não muito distante isso não venha ocorrer por aqui, próximo de nós.

A hora é agora e todos nós pais podemos virar esse jogo. Afinal não basta ser pai, é preciso fazer da cultura da não violência uma bandeira cotidiana. Nossos filhos merecem um mundo livre de tragédias como aquela acontecida em Realengo.

O tempo urge, se cada um fizer a sua parte, a fraternidade possa prevalecer. O mundo novo é possível, mas para isso é preciso que tenhamos a coragem de construí-lo.

As pedras do caminho deixe para trás
Esqueça os mortos eles não levantam mais
Risque outro fósforo, outra vida, outra luz, outra cor...

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