terça-feira, 26 de abril de 2011

O SAMBA DE UMA NOTA SÓ





Pareço escrever o samba de uma nota só. Após o temporal que atingiu o Rio de Janeiro e causou estragos. O governador Sérgio Cabral definiu como “estorvo histórico” as enchentes da Praça da Bandeira e da Tijuca. Ele afirmou que pediu ao governo federal prioridade na liberação da verba de cerca de R$ 300 milhões para as obras de macrodrenagem no local, que já foram incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2).

O mollusco canabrava mais autoelogiado da história do país vazou, após tentar humilhar seus antecessores com pretensas lições de governar. Daí veio a catástrofe de Teresópolis e de Nova Friburgo, então, seu secretário de Tecnologia foi obrigado a confessar no Congresso Nacional: “Falamos muito e fizemos pouco” — no caso do mapeamento de áreas de riscos e fortalecimento da defesa civil nas áreas atingidas — e em todo o país esse pouco foi quase nada.

O ex-governador Garotinho, divulgou em seu blog que o governo federal disponibilizou 24 milhões de reais para serem utilizados na remoção de moradores destas áreas e o dinheiro foi desviado pelo atual governador do Rio para uma importante rede de televisão, na época da campanha para reeleição.

Como? O dinheiro foi desviado? E daí, não se faz investigação? Não se pune? Onde está o ministério público? Por que ainda não foi usada polícia federal? Um crime como esse não pode ficar sem punição e este julgamento deveria servir de exemplo para todos os gestores da coisa pública que desviam recursos do erário, políticos vigaristas, que por gastarem mal os escassos recursos da sociedade, geram depois: mortes, a carestia, a fome, a prostituta, o menor abandonado e o futuro assaltante, como ensinava Bertolt Brech.

Goebels, no nazismo de Hitler, comprovou que uma mentira falada muitas vezes se transforma em verdade e, maquiavelicamente, o governo que terminou foi um ás no assunto: Mensalão virou golpe das “zelites”, mesmo com vasta documentação e condenação em andamento no STF (espero seja a última vez que escrevo sobre manguaça 51).

Outra lorota para otários: abriu-se a porta da prosperidade, venderam-se ilusões para o povão e até, pasmem, para a elite que o elegeu como guia, em que tudo é fácil por aqui, marolinhas em meio a tsunamis lá fora. Desgraçadamente para os jovens, reforçando a “lei de Gerson”, do menor esforço, da ausência de meritocracia, da malandragem, da megalomania, ao se julgar excepcionalmente melhor que os outros, sem ralar em cima de projetos, de estudos e da penosa preparação contra o que pode vir de pior.

Pobre Brasil. Não somos melhores que ninguém, temos uma Argentina de desvalidos e precisamos investir muito em nossa gente para sairmos do 73º lugar em IDH, para algo próximo ao que somos como economia, oitavo lugar. Isso só se faz com livros, professores, horas de estudo e meritocracia, ou seja, ganha quem tem conhecimento, habilidades e atitudes aprendidas. Na época do blablablá de que éramos uma ilha, nos últimos 5 anos, crescemos menos que a média da América Latina, muito menos que os chilenos, os hermanos, Costa Rica, México, Peru e países pobres da Europa como Romênia, Sérvia e Bulgária. Apesar disso, ao crescermos 7,5% este ano, nos deparamos com o apagão de talentos e de infraestrutura. E a perspectiva? Sem um grande projeto nacional de educação que englobe da escola primária à pós-graduação não teremos chance de brilhar nesta janela de oportunidade que se abre para os próximos 20 anos.

Finalizando, cada centavo do orçamento é importante e deveria ser utilizado para a redenção desta escravidão moderna que nos oprime: teremos de importar já milhares de engenheiros, carpinteiros, pedreiros, mecânicos, pilotos de avião e arquitetos, se quisermos continuar a crescer, enquanto milhões de brasileiros que poderiam ocupar estes postos de trabalho permanecem no limbo. Não é triste?

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