quinta-feira, 7 de abril de 2011

SINTO CALAFRIO NO TERRORISMO QUE VIROU O RIO... UMA BALA ENTRA NO OUVIDO E SAI PELO OUTRO


Velhos tabus, preocupações recorrentes, perda-de-sono são comuns ressuscitar no seio das famílias, na agenda dos pais, no tró-ló-ló das esquinas, nos debates escolares, quando surge uma nova tragédia como esta de hoje, um pesadelo novo, um choque-de-realidade como o que foi visto, lido, ouvido e transmitido ao vivo pela TV, que culminou com as mortes de varios jovens, assassinados com varios tiros pelo Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, ensandecido com síndrome de rejeitado. A violência em si e seu trágico desfecho, prorrogam-se agora os desdobramentos dessa crueldade.

Se existe um assunto que me irrita e assusta é falar de drogas e drogados. Em vários textos já contei a razão destas implicâncias, sobretudo porque nada foi ou é feito para entender e tratar este que para mim é o câncer da nossa sociedade. Conto e repito dramas que me aparecem a toda hora. Exemplo de repetição: Senhora Debora ( conzinheira), está se preparando para morrer. Um pouco da sua historia: há uns oito anos, seu irmão mais velho foi fuzilado por traficantes. O filho seguinte, ela me contou agora, está no mesmo e conhecido caminho: rouba e vende os trastes da casa, é um craque no assunto.

Agora, sem grana para comprar a droga, serve de vendedor para seu traficante. No simples dos casos, entrou na reta final: drogado, já não vende sua quota e ainda fuma o que pode. Nesta semana, conta novamente a senhora Debora, o filho luciano recebeu o aviso prévio: ou vende mais ou vai estar “na bola da vez”. Bola da vez, no território da droga, significa que vai cantar para subir (morrer), como simplificaram os donos do negócio. Deixar que ele vá à polícia e conte... nem pensar, a morte certa será apenas mais dolorosa. Taí o novo – e repetido – episódio da dona Debora e seu filho.

Ela chora o que já passou e o que vai passar ali adiante... ela sabe. E daí, meus bons e amigos facebo? E também sei, vocês sabem, toda a sociedade sabe. A polícia, os juízes, todas as estruturas políticas do Brasil igualmente sabem – mas ninguém faz nada. Um grupo tem medo, não quer se envolver. Agora, só pra chatear e ficar chateanda, estamos em clima político pré-eleitoral. Os candidatos vão se agarraremm e se agridirem – sem medos.

Galera, vocês viram algum candidatos frequentarem – ou passarem – por uma das inúmeras e conhecidas bocas de fumos?

Falam dos outros candidatos e partidos, prometem verbas e realizações de toda sorte, coisas que não vão mesmo cumprir. Subam comigo as escadas do terrorismo da escola de Realengo: qual o candidato a prefeito, vereador, governador ou presidente, a senador ou deputado tem coragem de enfrentar a droga? Nada e nenhum, e eu penso com suspeita: será que ele tem medo ou será que ele é sócio? Inútil esperar. Já contei e escrevi: o projeto antidroga é inútil pelas fazendinhas e psicoterápicos de internação – uma palhaçada que apenas em raros casos dá resultado definitivo. Repito, mais uma vez, a minha receita: enquanto existirem os traficantes (e seus sócios...) a droga vai continuar matando. Prisão? Vale nada, até lá dentro entram celulares e sócios.

Minha receita, já escrevi, nasceu da lei seca nos Estados Unidos, onde morriam aos montes seus participantes. Aplicá-la às drogas por aqui: liberar o seu uso como foram liberados os psicotrópicos. O drogado viciado se confessa, vai à sede pública, inscreve-se usuário e todo mês vai à farmácia federal receber a “receita azul” de sua droga, que paga ao governo por preço mínimo (morte à traficância!...). Fica conhecido, talvez até envergonhado socialmente – e estimulado a abandonar a pecha e estigma de usuário. Pode até virar bom partido, em vez de pagar sua partida precoce para o mundo do além. Ah, se eu tivesse mais espaço e poderes interessados...

Esse texto que certamente vai criar polêmica. Podem me jogarem pedras que aguento o tranco. Mas vale porque favorece à reflexão.Vi ontem mais uma vez o filme Cazuza e me deparei com uma coisa estarrecedora. As pessoas estão cultivando ídolos errados. Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras possam ser muito tocantes, mas reverenciar um drogado é, no mínimo, inadmissível. Drogado, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado.

No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta. São esses pais que devemos ter como exemplo? Cazuza só começou a gravar porque o pai era diretor de uma grande gravadora... Existem vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante. Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona Sul do Rio de Janeiro e o outro não.

Fiquei muito preocupada com o endeusamento que fizeram a esse falecido, principalmente porque muitos adolescentes viram o filme e certamente acreditaram ser normal usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas. Afinal, foi isso que o filme mostrou. Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão desorientada? Será que ser correto não dá bilheteria? Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor.

Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi conseqüência da educação errônea a que foi submetido. Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissessem NÃO quando necessário?

Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor. Não deixem seus filhos à revelia para que não precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é educar. Não se preocupem em ser “amigo” de seus filhos. Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi a pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois amigo não diz SIM sempre.

O principal instrumento do capital para favorecer o consumo é a mídia. Com ela se constrói “heróis” e lucra-se muito com isso. São os “Heróis” do Big Brother, ou os “heróis” fabricados pela indústria cinematográfica ou fonográfica. Os pais que oferecem a seus filhos uma Britney Spears ou a polêmica cantora inglesa Amy Winehouse terminou como modelos de heróis a serem imitados ou deixaram de amá-los ou perderam qualquer referência ao que é de fato um Herói. Heróis, contrário do que prega a mídia, são as pessoas honestas que lutam e trabalham todos os dias, apesar dos problemas e de alguns governantes. Heróis são as mães que criam seus filhos às vezes sem a ajuda do companheiro.

Heróis são as crianças que sobrevivem carentes de amor e de afeto, muitas vezes nas ruas. Heróis são pessoas que fazem o bem porque amar a todos indistintamente é o mais nobre sentimento humano. Eu tenho um pai, uma mãe e, principalmente, uma avó, que são meus heróis e tenho orgulho em me espelhar neles, pelos princípios e valores que me passaram em palavras, mas principalmente pelo exemplo. Se seu pai ou sua mãe não são modelos de heróis, pegue emprestado um pai herói como Mahatma Ghandi ou Nelson Mandela ou então uma mãe como Madre Tereza de Calcutá. Escolha que tipo de herói você quer seguir: o que morreu de overdose de amor à humanidade ou overdose de drogas? A decisão é sua.

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