sábado, 9 de abril de 2011

VELHO OESTE NA CIDADE MARAVILHOSA

O Rio de janeiro, e uma vergonha em termos de segurança pública. Um dos pilares dos Direitos Humanos é o direito à vida e à segurança. A inviolabilidade da residência do cidadão. E o que vemos nas ações da polícia nas regiões pobres. Casas arrombadas sem mandado judicial, execuções sumárias de suspeitos e seus familiares, o medo do Estado policial e arbitrário, explicado pelo fato de a polícia do Rio ser considerada a que mais mata inocentes no País e cujos números são os piores do mundo em países sem guerra. Um Estado que só sobe os morros para matar, nunca para curar e ensinar. Até quando? Os direitos à saúde e educação são outros duramente espoliados. Veja esta coisa terrível, uma barbárie, já está entre as muitas lembradas ao redor do mundo pelos especialistas em direitos humanos como exemplo do quanto ainda precisamos caminhar pela paz social.

Manhã de 7 de abril de 2011. São 8h20 de mais um dia que parecia tranquilo na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste. Mas o psicopata que bate à porta da sala 4 do segundo andar está prestes a mudar a rotina de estudantes e professores, que festejam os 40 anos do colégio. Wellington Menezes de Oliveira, um ex-aluno de 24 anos, invade a escola, porque "os policiais formados da noite para o dia, ficam coçando o saco nas upp's". Coloca a bolsa em cima da mesa da professora, saca dois revólveres e dá início a um massacre. Nos minutos seguintes, a atrocidade deixa 12 adolescentes mortos e 12 feridos. “O passado é um segundo coração que bate em nós”, afirmou Henry Bataille, dramaturgo francês do século passado. Nossa “Casa Grande e Senzala” grava na alma a desesperança, que só pode ser combatida por intermédio de outro direito: a justiça, que não existe para as classes desassistidas da população brasileira. E é sintomático que numa época de tanta incerteza quanto ao futuro, o prefeito fanfarrão cara de pau, ao está preocupado com os sobreviventes que somos todos nós de uma cidade "velho oeste". Está sim, preocupado com sua reeleição em 2012.

" Quero dar a todos governantes do Brasil essa trgédia. Que ela seja sempre lembrada , quando esses hipocritas fazerem campamha politica cheios de mentiras e blá blá blá" .

Uma mensagem divina para lembrar-nos sempre que fomos colocados neste mundo para termos vidas extraordinárias. Carpe diem! E a humanidade, na busca incessante pelo poder sobre a natureza transforma tudo e todos, não medindo as suas conseqüências. Ações e conquistas mediadas pela inteligência, mas paradoxalmente desprovidas de racionalidade, juízo e prudência.

E para todos nós, o tempo, implacável, revela-nos esperanças, temores e lembranças de tempos passados. Sim, todos têm saudades. Nada gratuito, alienante nem saudosista. Diria uma saudade lúcida, buscamos as lembranças das nossas relações, aprendizagens e experiências baseadas em valores e princípios mais consistentes.

Que mundo é este, instável, marcado pela incerteza e volatilidade, onde o ter supera o ser; onde as pessoas se fecham e se tornam inimigas da vida comunitária; onde a imagem se torna poderosa como uma miragem insustentável, rasteira e fugaz; onde o vencer tornou-se uma obsessão a qualquer custo; onde uma tecla ‘enter’ fascina mais que um encontro, uma conversa e um olhar?

Sinto saudades de minha liberdade confiscada pelo medo e pela insegurança; de um tempo mais cadenciado, mas vivido; pela ingenuidade e alegria dos fundos de quintal, de nossas pracinhas e brincadeiras; daquelas datas tão esperadas; do ensaio da banda municipal ao adormecer, das vitrines e das pessoas nas avenidas. Sim, tenho saudades do mundo local que nos ensinava mais que este mundo globalizado e virtual; onde uma palavra, um acordo valia muito mais; onde as amizades eram mais densas; onde os vizinhos eram o nosso segundo lar.

A vida comunitária, além das escolas, estava presente em todos os espaços. Garantia uma harmonia indecifrável, mas essencial para nossa formação. Tenho saudades das escolas mais acolhedoras, mais humanas e menos curriculares e burocráticas.

Sim, temos que entender melhor a nossa história para compreender o que está acontecendo no presente. Como dependemos de uma organização social para garantia de uma vida justa e digna para todos, em 2012 temos pela frente uma decisão importante para escolher aquele que, por suas decisões e ações, definirá e garantirá nossa simbiose social. Nossa cidade, salvo melhor juízo, terá que continuar a crescer e se desenvolver. O problema refere-se de que maneira, a partir de quais condições e estratégias.

E assim caminhamos, potencializando esperanças e receios, mas sempre esperançosos de um mundo melhor para todos. Não precisamos de salvadores, promessas e simulacros. Precisamos de líderes que possam contagiar e agregar diferentes setores sociais na busca do bem comum. Que saiba lidar com a diferença e que tenha como lastro e norte a lucidez de que a soma das partes, aquilo que denominam de democracia, esteja presente nas decisões que terão que ser tomadas diante de desafios e demandas.

Boa sorte, Rio De Janeiro! Vamos juntos, pois a complexidade é imperdoável; por qualquer equívoco a partir de agora pagaremos um preço muito alto. E um alerta: temos que garantir que a racionalidade mova a política, substituindo, assim, a hipocrisia, a irresponsabilidade e os interesses escusos.

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