terça-feira, 23 de dezembro de 2008

CHUTANDO O PAU DA BARRACA

O que merecemos?

Todos nós um dia tivemos (ou ainda vamos ter) vontade de jogar-tudo-pro-alto e sem lenço-nem-documento sair por aí mundo afora, só com a passagem-de-ida.

Quem ainda não teve (ou não assume), deve ter tido pelo menos vontade de sair-de-cena por alguns dias, esconder-se em algum lugar especial e longe das pessoas e preocupações do dia a dia...

Na verdade, é cada vez maior o número de pessoas que de repente sente vontade de abandonar sua rotina monótona, desinteressante ou estressante para dar um salto-no-escuro, mudando radicalmente seu estilo de vida.

Pode ser um intercâmbio na China (país do futuro), uma viagem ao interior da Índia (atrás do seu guru) ou uma jornada latino-americana via Santa Cruz de la Sierra, até os píncaros dos remotos redutos nos confins dos Andes...

Psicologicamente, que é o que nos interessa em nosso espaço, são as motivações clássicas que estimulam o ser humano a alçar vôos enigmáticos e ousados desta natureza...

O best-seller de Elizabeth Gilbert (Comer, rezar e amar), que permaneceu por mais de 40 semanas na top list da revista Veja (no mundo já vendeu 4 milhões de exemplares!), dos mais vendidos, retrata bem a necessidade de se afastar do lugar, do meio e das pessoas que nos feriram, a fim de poder lamber nossos machucados-da-alma e cicatrizá-los lentamente...

O tombo pode ser financeiro, afetivo, orgânico ou espiritual, não importa... Muitas vezes não é tão visível ou mensurável, aparecendo como uma sensação de vazio, de tédio, de incompletude...

Um outro aspecto interessante desta busca é a necessidade de diversificação, de variação, de ter contato com o novo, o desconhecido... Além do aspecto aventureiro em si, traz a possibilidade de descansar-a-mente, de criar novas visualizações para velhos problemas, de re-carregar as baterias mentais!

O mais sutil e profundo fator que promove tal mudança é a necessidade de correr-atrás-dos-nossos-sonhos-mais-recônditos, aqueles ideais e desejos sufocados pela necessidade de sobreviver e trabalhar norteados por um padrão de consumo muitas vezes questionáveis. São sonhos adiados, desejos reprimidos, idéias acalentadas que de repente acordam dentro de nós, como um vulcão incansável a exigir respostas...

Para mim, uma grande reflexão disso tudo dispara na direção do que realmente acreditamos que merecemos...

Nossa educação e formação católico-ibérica, que preconiza o velho fantasma da culpa e da vergonha, nos ensinaram inconscientemente que não devemos ceder e/ou satisfazer nossos reais desejos e prazeres sem remorso... Aí nos iludimos com conquistas materiais, realizações profissionais e afirmações sociais, nos protegendo das tentações...

Um dia a vida pede conta de todo este seqüestro psicológico e emocional.

Se pra você esta hora chegou, ponha o pé na estrada e diga apenas: VOU ALI E JÁ VOLTO (OU NÂO).

bjks da van(texto ofereço c/ carinho p/ meu amigo Daniel novik.te amooo muito viu!

Nenhum comentário: