domingo, 29 de agosto de 2010

GENTE HIPÓCRITAS

Os humoristas brasileiros levaram uma dedada no terminal do intestino grosso. Com sacanagem e requintes de sadismo, a politicalha abriu largo sorriso, guaridado pela lei 9.504 de 1997 e pulverizado nesta época. Não se pode mais fazer piadas ou qualquer outra manifestação que ridicularize certas figuras, algumas já altamente ridículas. Mas, como esta gente, que em sua imensa maioria nasceu com diversas veias para a análise crítica do povo que é f... por eles, então, vejamos:

Sugiro que, ao invés de mostrar nomes exóticos, expressões dantescas e linguajares assassinos da gramática nos programas de humor, mostrem o número de pessoas que morrem por dia na guerra do tráfico, por falta de políticas sociais voltadas para esta área. Que mostrem a prostituição infantil sem rebocos, que em grande parte é obrigatória, onde pais desempregados, outras vezes mães solteiras que trabalham dia e noite, arrastando imensos carros com produtos recicláveis para ganhar uma ninharia, que não paga o prato básico de arroz com feijão, são, sim, obrigados a fingir que não enxergam. Porque a fome, para algumas pessoas, é o último recurso antes da morte.

E vêm os hipócritas com intuito de ganhar popularidade e chamam de pedofilia o que deviam chamar trabalho alternativo, estampando na mídia as armas que vão conter o crime, gastando milhões em propagandas que de nada vão adiantar. Mas não mostram os crimes cometidos pelo desemprego, pela altíssima carga tributária que esse país de maquiagens comete a todo instante.

Que seja mostrado também o caos da fila do Sus, nos quatro cantos do Brasil, pois a carnificina é geral. Pessoas portadoras de patologias graves implorando para serem atendidas com prioridade, mas o sistema de corporativismo já tem outras demandas. Uma morte a mais não muda a estatística que os próprios manipuladores costuram. Dizem que a doença quando tratada no início facilita o tratamento, porém, quem depende do sistema, quando consegue a consulta, o médico já encaminha para a funerária que ele tem convênio.

Não se esqueçam da Zona Rural, onde o conflito pela reforma agrária ainda não cessou, tem latifundiário sobrevoando as terras em helicópteros placa branca e derrubando a floresta para instalar a pecuária. É interessante que não se esqueçam de que, ao lado de cada um destes atentados contra o povo, seja colocado o nome do meliante que lhe furtou o voto em nome daquela causa.

Aproveitando este papo aberto repulsa a censura, lembrei de um acontecimento há poucos anos aqui no Rio De Janeiro. Um vereador estava envolvido em uma série de falcatruas, o nome veiculando na imprensa nacional, e ele, como sempre cara de pau, distribuía sorrisos e tapinhas nas costas dos capciosos incrédulos. Eis que o TRE, como sempre, encontra uma brecha para livrar certos indivíduos. Este foi um que comemorou com muita pompa, cerveja, uísque e importados à revelia. Um grupo seleto que o próprio chamava de 171 esteve presente.

No outro dia, pegou sua picape de luxo e saiu de vidro aberto pelas ruas, acenando e buzinando. Estava o máximo. De repente, na avenida Presidente Vargas, o carro furou o pneu. Ele, todo tranqüilo, encosta e, demonstrando humildade, começa a colocar o estepe, isto com as portas abertas e o som ligado, quando aparece um eleitor dele que já o conhecia e diz, ofegante: - Vereador, vereador, enquanto o senhor rouba o pneu, vou roubar o som aqui, viu?! Fui...

Por favor, não usem a carapuça! Nem me processem, pois não tenho grana para pagar.

Bjks

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