domingo, 29 de agosto de 2010

O PAGADOR DE PROMESSAS

Faltavam cerca de seis meses para a eleição, em abril de 1955 o ex-governador mineiro Juscelino Kubitschek de Oliveira fazia seu primeiro comício na cidade de Jataí - Goiás na carroceria de um caminhão. Juscelino então abrindo seu discurso às perguntas do povo pediu que o inquirissem sobre o que quisessem, eis que foi interpelado então pelo sr. Antonio Soares Neto (Toniquinho), que perguntou a ele se iria cumprir a Constituição Federal.

O então candidato Kubitschek disse a ele que, se eleito, teria que jurar a obediência às leis. Foi então que Toniquinho pediu a ele que, em cumprimento da Constituição, construísse e transferisse a nova Capital Federal para o centro do Brasil, no quadrilátero que então aparecia nos mapas do Brasil como “Nova Capital Federal”, pois lá estava escrito há muito tempo e que nenhum presidente tinha dado a mínima para a sua execução. Juscelino concordou e fez a promessa.

Estava dada a largada para o que era visto pelo mundo na época como “Brasil constrói capital no meio do nada”. Um país subdesenvolvido, sem o domínio da mais avançada tecnologia existente na época tinha a ousadia de construir uma moderníssima capital que nas maquetes tinha mais a aparência de um monumento com ruas e avenidas. Juscelino não foi um presidente como outro qualquer, porque todos desejam ser ele.

Kubitschek teve em seu governo todos os defeitos dos governos da época, mas teve uma virtude única que o faz ser lembrado sempre, montou um “plano de metas de governo” e o seguiu à risca.

Talvez seja isso que falta aos nossos candidatos, ter a coragem de montar um plano de metas, e se eleito persegui-lo com unhas e dentes como fez Juscelino. Será que um plano hoje seria tão difícil de ser cumprido como o foi para Kubitschek de Oliveira? Eu não acredito. O país hoje tem uma moeda estável, é uma democracia que está caminhando e tem indicadores econômicos saudáveis.

Já o país em 1955 vinha de uma ditadura passando aos trancos e barrancos para uma democracia claudicante, tinha indicadores econômicos assustadores e que conseguiu se sustentar somente até 1964.

Diziam os adversários que, para não admirar Kubitschek e ser realmente seu opositor, era preciso mantê-lo a quilômetros de distância. O homem que comandou a construção de Brasília tinha um carisma inigualável, talvez seja esse o carisma que os candidatos de hoje procuram.

Juscelino se fez ao longo da experiência de exímio articulador político, como prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas Gerais, presidente da República e senador, quando foi calado para sempre pelo regime militar. Não foi criado artificialmente por candidato ou partido político, era um candidato que tinha carisma e experiência para fazer o que propôs. Meta é o que não está faltando no Brasil de hoje, que tal uma revolução no transporte ferroviário eletrificado de carga e na modernização de nossos portos e aeroportos?

Será que não é possível criar uma meta estratégica descentralizada através dos estados para que as nossas rodovias não fiquem tão esburacadas em tão pouco tempo? E a meta nacional para a eliminação do gargalo logístico em que nos metemos ao priorizar transporte de cargas por rodovias?

Outra sugestão seria um plano nacional para priorizar o transporte de massa de alta qualidade, metrôs, metrôs de superfície e os chamados sistemas metro bus, do qual somos pioneiros e os maiores especialistas no mundo. Metas não faltam, o que falta é coragem e determinação para executá-las.

Só mais uma coisinha: não sou e jamais serei fã de Juscelino. Discordo em vários pontos da forma como administrava. Mas era um desbravador e com visão futurista. Então me curvo...mas só por segundos!

Bjks

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