domingo, 29 de agosto de 2010

DROGAS

Se existe um assunto que me irrita e assusta é falar de drogas e drogados. Em vários textos já contei a razão destas implicâncias, sobretudo porque nada foi ou é feito para entender e tratar este que para mim é o câncer da nossa sociedade. Conto e repito dramas que me aparecem a toda hora. Exemplo de repetição: Senhor Paulão ( jornaleiro), está se preparando para morrer. Um pouco da sua historia: há uns dois anos, seu neto mais velho foi fuzilado por traficantes. O neto seguinte, ele me contou agora, está no mesmo e conhecido caminho: rouba e vende os trastes da casa, é um craque no assunto.

Agora, sem grana para comprar seu remedinho, serve de vendedor para seu traficante. No simples dos casos, entrou na reta final: drogado, já não vende sua quota e ainda fuma o que pode. Nesta semana, conta novamente o senhor Paulão, recebeu o aviso prévio: ou vende mais ou vai estar “na bola da vez”. Bola da vez, no território da droga, significa que vai cantar para subir (morrer), como simplificaram os donos do negócio. Deixar que ele vá à polícia e conte... nem pensar, a morte certa será apenas mais dolorosa. Taí o novo – e repetido – episódio do Paulão e seus netos.

Ele chora o que já passou e o que vai passar ali adiante... ele sabe. E daí, meus bons e amigos leitores? E também sei, vocês sabem, toda a sociedade sabe. A polícia, os juízes, todas as estruturas políticas do Brasil igualmente sabem – mas ninguém faz nada. Um grupo tem medo, não quer se envolver. Agora, só pra chatear e ficar chateando, estamos em clima político pré-eleitoral. Os candidatos se agarram e se agridem – sem medo.

Companheiro, você viu algum candidato frequentar – ou passar – por uma das inúmeras e conhecidas bocas de fumo?

Falam dos outros candidatos e partidos, prometem verbas e realizações de toda sorte, coisas que não vão mesmo cumprir. Subam comigo as escadas: qual o candidato a governador ou presidente, a senador ou deputado tem coragem de enfrentar a droga? Nada e nenhum, e eu penso com suspeita: será que ele tem medo ou será que ele é sócio? Inútil esperar. Já contei e escrevi: o projeto antidroga é inútil pelas fazendinhas e psicoterápicos de internação – uma palhaçada que apenas em raros casos dá resultado definitivo. Repito, mais uma vez, a minha receita: enquanto existirem os traficantes (e seus sócios...) a droga vai continuar matando. Prisão? Vale nada, até lá dentro entram celulares e sócios.

Minha receita, já escrevi, nasceu da lei seca nos Estados Unidos, onde morriam aos montes seus participantes. Aplicá-la às drogas por aqui: liberar o seu uso como foram liberados os psicotrópicos. O drogado viciado se confessa, vai à sede pública, inscreve-se usuário e todo mês vai à farmácia federal receber a “receita azul” de sua droga, que paga ao governo por preço mínimo (morte à traficância!...). Fica conhecido, talvez até envergonhado socialmente – e estimulado a abandonar a pecha e estigma de usuário. Pode até virar bom partido, em vez de pagar sua partida precoce para o outro mundo. Ah, se eu tivesse mais espaço e poderes interessados...

Bjks

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