terça-feira, 3 de agosto de 2010

Foi dada a largada para a grande, rica e promissora corrida eleitoral, transformando o eleitor em a bola da vez, verdadeiro "objeto" de conquista, um festival de abraços, tapinhas nas costas, sorrisos brancos e fartas promessas. Nós eleitores não podemos esquecer que tais abraços podem ser de ursos e estes sorrisos talvez sejam de predadores para presas. Afinal, temos que nos atentar ao fato de que muitos de nossos políticos tem se esquecido que política é a arte de servir e não de ser servido, muitos deles não servem ao público e sim se servem do que é público.

É preciso conhecer um pouco mais dessa política tão sedutora que faz com que médicos fechem consultórios para abrirem gabinetes, escritórios de advocacia que se transformam em comitês, servidores públicos esbanjam simpatia, todos em busca do poder numa corrida louca e desmedida. Querendo ou não, necessitamos entender um pouco mais, e em cima disto é que a busca de conhecimento nesta área é vital para todos.

Quando falo sobre a substituição de consultórios por gabinetes, há uma justificativa plausível, segundo o escritor Kevin Dutton um dos segredos da capacidade de convencimento é valer-se de conhecimentos da biologia, da psicologia e da neurociência reunidos em "modelo de influência". E quanto aos advogados estes acostumados a fácil articulação, ao jogo de palavras, a persuasão, as batalhas em tribunais, bem, aí fica até fácil. E como disse o filósofo, escritor e orador Marco Túlio Cícero "nada é tão inacreditável que a oratória não possa tornar aceitável.

E onde ficam os servidores públicos? esses usam da burocracia do Estado e dos Municípios para exercerem trocas de favores, fazendo com que repartições públicas ressuscitem os antigos palanques eleitorais, fazendo do serviço público valorosa moeda de troca.

Temos assistido de forma bastante resignada nossa bancada de deputados votarem contra a educação, mesmo com alguns destes se dizendo educadores, outros se dizem ficha limpa, olha, a ficha caiu e sujou! Temos visto claramente na região e noutros pontos do Estado e do país, mandatos e candidaturas cassadas seja por improbidades, falcatruas e etc. Mais próximos de nós ainda temos visto projetos audaciosos e mirabolantes contrapondo-se à serviços essenciais como a saúde, educação, emprego, política habitacional e tantos outros direitos que são teoricamente assegurados na Constituição Federal.

Não sou do tipo fatalista, nem faria apologia ao mesmo, sou sim realista. E não podemos esquecer que temos voz, voto e força, sabendo que não temos na nossa política apenas dois modelos: de uma lado os "Odoricos - Paraguaçu' que simbolizam os velhos caciques, mandatários coronéis, viciados com o poder e por ele e para ele fazem qualquer coisa; e do outro lado os "Agostinhos - Carrrara" figuras simpáticas, carismáticas, geralmente mais jovens tidos como visionários mas que não passam de oportunistas. No entanto, é imprescindível afirmarmos que ainda temos na política, inclusive na nossa política regional homens e mulheres verdadeiramente comprometidos com os anseios do povo.

Não há segmentos que não haja bons e maus, cabendo sempre a cada um de nós ter o discernimento para identificá-los, pois nosso povo, nossa cidade e região carecem de representatividades fortes, autênticas enraizadas com princípios e valores éticos. No cargo público não deveria haver espaço para déspotas, aproveitadores e vingativos porque o perfil exato do homem público reside na pessoa simples, capaz de gestos nobres. Precisamos muito mais do que pessoas com a facilidade com as palavras.

Certa vez, Clarice Lispector escreveu" a palavra é o meu domínio sobre o mundo" de fato elas criam laços, moldam sentimentos, desdobram e ampliam sentidos e nos inserem na cultura, consolidam, fascinam, ensinam, mas também, agridem, destroem, curam, reconstroem.....mas não bastam. Faz-se necessário repaginar a história política e tal ato perpassa por cada um de nós, nosso voto não pode perder o poder que conquistou, nem tão pouco pode ser norteado pela influência social, tal como a reciprocidade ou seja, quando tendemos a nos sentir obrigados a retribuir favores; nem pela afetividade, que é quando costumamos dizer sim para as pessoas das quais gostamos ou na evidência social quando tomamos os outros como exemplo quando não temos certeza do que fazer, tais características nos reporta a um modelo de sobrevivência primitiva.

Mudar todo esse quadro só é possível quando mudamos o foco do perfil do indivíduo que deve ocupar um cargo público, deve ser sempre um indivíduo sério, inteligente, comprometido em servir e sensível às questões sociais. Você deve estar se perguntando porque tanto debate sobre política e não sobre outros temas? É simples, respondo, somos todos seres políticos e carecemos de uma sociedade cada dia mais politizada, envolvendo-se ao máximo com todas as questões que permeiam o mundo político.

Digo que as políticas públicas são algo tão sério e tão vital, que é relevante que estejamos abrindo caminhos, conclamando a todos para uma participação coletiva no sentido de ocupar os espaços para discutir e fomentar a efetivação e ampliação dos direitos sociais e a relevância do voto consciente, capaz de conceder oportunidades, mas também de destituir mal-feitores. O compromisso com um mundo mais justo deve ser perseguido por cada um de nós, mesmo que nos custe apenas fazer a escolha certa.

Bjks


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