domingo, 19 de setembro de 2010

E AGORA , JOSÉ?

Esta frase é de uma poesia que eu li em meus tempos de estudante — ou seja,alguns anos atrás. O significado poético era mais ou menos: o que vai acontecer, o que você vai fazer nesta hora do leite derramado ou dos amores frustrados ou coisa parecida. Já sei, meu companheiro, você deve estar pensando: o que tem isto com o hoje e agora? Calma, companheiro, tem tudo a ver. Frases e acontecimentos não morrem, repetem-se ao longo dos tempos, seja em outras bocas ou em situações diferentes.

A deste título me ocorreu não pelo distante passado, mas sim pelo tempestuoso presente. Chego lá, agora e de repente. Começa agora o verdadeiro combate eleitoral — o que aconteceu até então foi uma espécie de treinamento para a briga de verdade. Todos já se apresentaram, deram umas cacetadas e a briga verdadeira começa agora, em público e para valer.

Pois é, jovens ingênuos da política, tivemos o recente passado da escorva – candidatos buscando e aliciando companheiros, partidos políticos tramando alianças safadas que não cumpriram anteriormente nem cumprirão no futuro. Esta chamada “arte política” só aborrece e faz raiva no pobre eleitor. Um deles me confessou esta semana: já está bem erado em anos, guarda lembranças vivas do passado onde palavra e compromisso não precisam papel escrito e assinado.

Agora, envergonhado, confessou-me: sempre votei neste candidato, sempre contra o fulano nosso inimigo a vida inteira. Agora, ele chega pra mim e diz: amigo, desta vez, vamos mudar de rumo, votar no fulano, estou cansado de perder com a verdade, agora vamos ganhar nem que seja com a mentira!... Bem, isto é só um exemplo da roleta que agora vai rolar. Informo, a partir do título, apenas o que vi e sinto.

O Brasil de hoje é dominado pela modernidade revolucionária. A revolução militar foi enterrada pelos anos, substituída pelos ideais da chamada revolução democrática e popular. Curiosamente todos os candidatos choram em público o sofrimento dos seus tempos de opressão ou terrorismo militar. Gemem suas dores, até o exílio no exterior.

Penso no Fernando Henrique chorando lágrimas em Paris, Arrais na África, e tantos que receberam indenizações financeiras compensando o sofrimento que passaram... e hoje em cargos e carros magníficos.

Mas tudo passa, de menos a história que não conhece fim. Daí o porquê do meu título: Serra, que tanto sofreu como companheiro de ideais e da luta da Dilma sequestradora, está agora em sua oposição. Vai enfrentá-la nos microfones das TVs, e eu estou achando fino o seu pescoço.

Ambição é fácil, resultados é que são difíceis. Um dos seus companheiros, jogador de tênis elitizado, já está com a toalha nas mãos. Dilma, que aprendeu com Lula a jogar peteca de palha de milho, está bem mais tranquila. Agora: e nós, companheiro, como estamos ou estaremos? Já está tudo definido.

Para qualquer lado, conto a agonia de um espectador de antiga tourada. O touro pulou a cerca, a turma da arquibancada pulou pra dentro da arena, o sacana do touro retornou, uns 20 caras ficaram meio encantoados.

No centro deles, um magrelo e mais medroso tremia, tinha xixi escorrendo pelas pernas abaixo. Com voz enrolada, buscando força e apoio, gemeu: calma, gente, o to-touro é manso!...

Assistindo a guerra politica, lembrei-me do ditado:

Por causa de um prego, perdeu-se uma ferradura;
Por causa de uma ferradura, perdeu-se um cavalo;
Por causa de um cavalo, não entregou-se uma carta,
Por causa de uma carta, perdeu-se uma batalha;
Por causa de uma batalha, perdeu-se um reino

E agora, José?

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