quinta-feira, 16 de setembro de 2010

PRESIDENTES

No último dia 12 foi comemorado cento e oito anos de nascimento do ex-presidente Juscelino Kubstchek de Oliveira. JK, como era chamado, para quem não sabe, governou o país entre 1956-1960, e se notabilizou por aprofundar os investimentos do Estado nas áreas de transporte e energia. Mas é muito mais conhecido pela construção de Brasília, o que permitiu ao Brasil criar, fora do regime monárquico, uma “corte” que até hoje dá muito que falar.

Quando Getúlio Vargas chegou ao poder em 1930, o país contava com uma base agrícola sólida, mas dependia exclusivamente das importações para adquirir bens de consumo duráveis. Essa dependência e a necessidade de se desenvolver o país levou o então presidente a criar um projeto de forte industrialização. Como vivíamos uma crise capitalista estrutural (Crack da Bolsa), o jeito foi apelar para o dinheiro que as exportações do café ainda fornecia.

A primeira coisa a ser feita foi criar as chamadas indústrias de base, ou seja, empresas que pudessem viabilizar a instalação de outras que produzissem bens de consumo duráveis. A criação da Companhia Siderúrgica Nacional-CSN, em Volta Redonda (RJ) atendeu a essa lógica.

Com um interregno provocado pela eleição de Dutra em 1946, Vargas retorna ao poder em 1951, mas agora com uma oposição mais consistente e sem o apoio do exército, haja vista a perda das eleições no Clube Militar em 1950.

Diante da falta de apoio militar, com uma oposição estruturada em torno da União Democrática Nacional-UDN e a crise mundial do café em 1953, o modelo idealizado pelo “pai dos pobres” perdeu fôlego. O seu suicídio em 1954 e a crise política aberta a partir de então trouxe a necessidade de um novo modelo que permitisse uma acumulação maior de capital pela burguesia industrial.

É nesse momento que entra JK. Com uma eleição amparada por apenas 36% dos votos, Juscelino vai precisar se valer do apoio de parte do exército para tomar posse. O discurso da falta de legitimidade para governar cai por terra. A partir daí o projeto chamado de Nacional-desenvolvimentismo começa a ser colocado em prática. E do que se tratava esse projeto?

Diante da ausência de capitais oriundos da exportação do café, JK abre o país ao capital estrangeiro. A associação entre capital privado internacional, capital público nacional, e capital privado nacional, dá ao país um salto de desenvolvimento espetacular. Praticamente todas a grandes estradas asfaltadas nos dias de hoje tem como pai o presidente da bossa nova.

Se o modelo serviu para dar um novo impulso econômico, o endividamento externo foi a consequência mais dramática para o país. A tentativa do Fundo Monetário Internacional-FMI de monitorar a economia do país na época, e a recusa por parte de JK, encerrou um ciclo na história política do país. A Era dos grandes presidentes chegara ao fim. A partir daí os militares irão aprofundar o modelo econômico herdado, agora associados com o capital norte-americano.

Fernando Collor de Melo (1990-1992) será a última tentativa de uma cultura política de fazer de um homem o salvador da pátria. A eleição posterior de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e o governo do presidente Lula (PT) que se encerra esse ano apontam para uma nova realidade do país. Os arroubos de grandeza e a forte presença messiânica na política brasileira abrem espaços para a continuidade e a preservação de políticas econômicas concretas. Por isso mesmo, quem for eleito presidente em outubro próximo não deverá administrar muito longe fora do modelo estabelecido.

Quando Marina Silva (PV), candidata à presidência da república, fala em esgotamento do nacional-desenvolvimentismo, se esquece de que a busca pelo capitalismo ainda não está encerrada por essas terras. E para discutirmos com os países desenvolvidos nossas demandas, será preciso consultar mais a memória e resgatar o papel importante que tanto Vargas quanto JK tiveram no desenvolvimento do país.

Apesar de todos os problemas que deixaram, o saldo histórico para o país ultrapassou, e muito, os problemas apontados. Daí a nossa necessidade, no ano que JK completaria 108 anos de nascimento, de darmos a esses homens o lugar que merecem dentro do projeto de construção da nação, mas com os pés firmes no presente para que não façamos, de uma aventura, um lugar para o desenvolvimento.

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