quarta-feira, 8 de abril de 2009

PLANETA DESCARTÁVEL


Abriu, usou, jogou fora. O resto vai para o lixo. O que muita gente não sabe – e nem se preocupa em saber – é o que acontece depois disso. O fim pode ser a janela do automóvel por onde se joga a latinha de cerveja ou o papel de bala; a lixeira do canto da parede; ou qualquer espaço público, como ruas, praças e meio-fios (já que o que é de todo mundo não é de ninguém). Só se percebe o incômodo do lixo quando a coleta municipal não passou para recolher os sacos acumulados na porta de casa.

O lixo é aquilo que a sociedade não quer. É o que enoja, o que tem mau cheiro, o que enfeia. Desprezo que acaba transferido a quem com ele trata, o gari, injustamente ignorado por grande parte da população. Logo quem está aí para limpar a sujeira dos outros. Devia ser a profissão que oferecesse os mais altos salários. Mas basta um uniforme laranja e uma vassoura na mão para se tornar invisível.Foi o que apontou pesquisa de um psicólogo que varreu por oito anos as ruas da Universidade de São Paulo para comprovar que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro.

Seja pela rapidez de livrar-se do lixo, por higiene, organização, praticidade, ou pela própria dinâmica capitalista, as gerações das últimas duas décadas já nasceram sob a filosofia do "tudo descartável". Dos jovens de hoje, são poucos que já foram nos super-mercados levando um casco de Coca-Cola para comprar o refrigerante.

Os museus guardados pelos nossos avôs no porão foram substituídos por cômodos limpos, sem bagunça e longe de qualquer sinal de ratos ou baratas. A prática de armazenar para depois reutilizar tornou-se ultrapassada diante das garrafas de plástico, sacolinhas de plástico, copos de plástico (produtos que, jogados na natureza, levam mais de 100 anos para se decompor). Até mesmo bens duráveis como eletrodomésticos e carros não têm mais o prazo de validade de antigamente. No embalo, até romances se tornaram descartáveis. É a era do ficar.

Cerca de 40% do que é comprado pela população vira lixo e cada pessoa descarta, em média, 300 kg de resíduos por ano. Se nada for feito, é possível que, em alguns anos, estaremos disputando espaço com ele (mais do que hoje). Não há como parar de produzi-lo, mas é possível diminuir sua dimensão reduzindo o desperdício, reutilizando sempre que der e separando os materiais recicláveis para a coleta seletiva. Consumo responsável. Pois um dia tudo se esgota.

Recente campanha publicitária de um banco exibida no Brasil tratou sobre o problema ao argumentar que, do ponto de vista do planeta, não existe como jogar lixo fora. Porque não existe "fora":

- Quando você joga algo fora, está jogando dentro. Dentro do planeta. É simples assim. Se o problema é uma questão de escala, a solução também é: pequenas medidas, multiplicadas por 6 bilhões de seres humanos, têm um efeito gigantesco. Faça a sua parte e ajude a termos menos aquecimento global e um modo de vida sustentável.

Façamos, então, a nossa parte. Antes que seja a nossa vez de ir para o lixo.

Bjks da van

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