sexta-feira, 17 de abril de 2009



A maioria das transformações das últimas décadas principalmente na sociedade ocidental, manifesta o tom extremista, ou a busca intensa de novidades, precocidade, impaciência, pressa, inovação constante, relações efêmeras e baixo limiar de frustração. São comportamentos, atitudes ou sonhos que sempre estiveram presente ou latente, mas que parecem intensificar cada vez mais a carga crescente de estímulos que todos recebemos. Reconhecer que muitos dos nossos sentimentos e comportamentos são decorrentes de nossos pensamentos é o princípio que norteia a técnica de psicoterapia cognitivo-comportamental, criada por Aaron Beck nos anos 60. Assim faz-se necessário aprender a identificar as armadilhas e distorções dos nossos pensamentos para termos a chance de remodelá-lo e podermos sentir melhor. Os pensamentos para serem considerados saudáveis devem preencher os critérios de validade e utilidade.

Por validade entenda-se o pensamento mais próximo da realidade e da verdade, que pode ser distorcido na avaliação da quantidade, gravidade e freqüência. Por exemplo, se uma situação seja ela uma brincadeira, uma aula, uma festa ou uma entrevista para um trabalho teve o resultado mediano e o pensamento for algo do tipo: sou um desastre, não faço nada direito, não deu tempo de brincar nada, estraguei tudo, a sensação de tristeza e frustração será proporcional ao drama da frase e não da situação normal.

Pensamentos tudo ou nada do tipo 8 ou 80 é muito encontrado atualmente inclusive em crianças que quando algo não foi 100%%, em vez de dizer que foi 50, 60 % fala-se “foi uma droga”, “estraguei tudo”, “estou perdido(a)”. Para corrigi-la deve se relativizar a situação em vez de achar que existem apenas duas categorias extremas.

Pode ocorrer um erro na dimensão do tempo e um evento único ou ocasional pode ser sentido como uma regra fatídica, com falas do tipo “sempre sobra para mim” ou “eu nunca me controlo”.

Conclusões precipitadas antes de ter elementos ou evidências suficientes para tirar conclusões, automaticamente prevê-se que vai acontecer um desfecho para si mesmo como “eu vou desmaiar no dia da apresentação da monografia”, “ nunca mais vou gostar de ninguém”. “Eu tenho que”: Conceber como uma obrigação ou ordem, algo que seria bom ou que você escolhe fazer serve para todos. A sensação desagradável sugerida por esta expressão poderia ser minimizada se fosse pensado e dito: “eu escolho fazer”. Quando situações circunstanciais são encaradas e rotuladas negativamente como “você é uma chata”, “eu sou um bobo” também são distorções de pensamento e podem ser substituídas por “eu me enganei” ou “você está me incomodando”.

Outras vezes no lugar de entender as situações como sendo complexas e influenciadas por vários fatores nos culpamos ou colocamos a culpa nos outros.

Para entendermos a utilidade de nossos pensamentos, vamos responder a pergunta: afinal quem sou eu? A resposta pode revelar crenças centrais distorcidas e aprendidas ao longo de nossas vidas como: “eu não sou confiável”, “sou diferente” que devem ser corrigidas através da análise das evidências que vão contra ou a favor destas crenças. Responder sobre qual a utilidade de se manter estes pensamentos também ajuda a clarear a situação.

Para poder corrigir essas armadilhas do pensamento, que geram sentimentos e emoções como ansiedade, raiva ou depressão procure um psicólogo cognitivo comportamental que lhe ensinará a identificar e fazer o registro de seus pensamentos automáticos e planejar desenvolver pensamentos adaptativos. Uma das primeiras estratégias é analisar se o pensamento contem palavras que indicam extremos e generalizações como tudo/nada, sempre/nunca, todos/ninguém, somente, super, muito, mesmo. Quando se fala: eu sempre faço tudo errado inclui as palavras tudo e mesmo. Perguntar-se: é sempre que faço tudo errado ou seria mais realista dizer que de vez em quanto faço algumas coisas erradas? Já fiz coisas certas? Eu já me sai melhor em outras situações? Continuando você pode fazer perguntas mais amplas e relativistas como: há outro modo de interpretar a situação? Há outros fatos atenuantes para o que ocorreu? Outra pergunta interessante é: o que eu diria a um amigo meu?

Após estas considerações podemos perceber que ao substituirmos pensamentos distorcidos e exagerados por outros mais realistas e ponderados, ocorre rapidamente uma melhora dos sentimentos e das emoções. Como teste, pense por um momento na frase “eu sempre faço tudo errado mesmo?” “E agora substitua por” é já me saí melhor, mas se eu me dedicar mais posso recuperar”.

Este tipo de abordagem com suas técnicas tanto cognitivas quanto comportamentais visa despertar a pessoa para o fato de que os riscos não são tão grandes, que temos mais recursos internos do que pensamos e que vale a pena experimentar pensamentos mais adaptativos.


BJKS DA VAN

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