segunda-feira, 8 de novembro de 2010

INJUSTIÇA & DESIGUALDADE


A sensação de bem-estar na qual a população brasileira está submergida neste momento não pode nos fazer acreditar que os problemas brasileiros estejam todos solucionados.

Na verdade, o Brasil no curto prazo apresenta um bom desempenho econômico, as pessoas consomem, as empresas produzem e o país cresce, mas será que apenas o crescimento a qualquer custo basta para as aspirações dos brasileiros?

O fato é que o Brasil, embora grande, é um país repleto de injustiças e desigualdades. A lei, embora extensa, nem sempre vale para todos. A educação que recebem as crianças de diferentes classes sociais também é muito desigual. O hiato que separa a população 1% mais rica dos 30% mais pobres é muito alto, ou seja, o Brasil está longe de ser considerado um país justo.

Para reverter esta situação, o próximo presidente deverá recolocar na pauta do governo as reformas que este governo não foi capaz de realizar, mais ainda: será tarefa do próximo governo investir maciçamente na educação básica, para que as crianças pobres tenham uma perspectiva de futuro e este hiato de desigualdade seja atenuado.

Nada contra o Bolsa Esmola, que é um programa importante no sustento de famílias carentes, mas poderíamos fazer uma reflexão: o que está sendo feito para que dentro de 20 ou 30 anos não dependamos mais do programa, para que no longo prazo o programa não exista mais por que as pessoas conseguiram vencer esta barreira da pobreza e da miséria com esforços próprios?

Além disso, não creio que, no Brasil, os hábitos políticos estejam avançando conforme se espera que aconteça. As pessoas dizem que corrupção acontece em todo lugar ou que é um mal enraizado na cultura política dos brasileiros, o que não procede. Se corrupção é normal em todo lugar, a impunidade não pode ser, não dá pra manter a sensação no país de que quem rouba galinhas é preso e a quem desvia milhões dos cofres públicos ou de empresas estatais não acontece nada.

O Brasil está vivendo mais que uma crise moral: o país vive uma crise de exemplos. Se a corrupção acontece lá em cima, a população passa a se sentir no direito de errar também, o que gera um ciclo vicioso de desrespeito às leis no Brasil.

Outra questão a qual recorremos: será que a população realmente participa da defesa dos seus interesses no processo político? Vamos ao exemplo do pré-sal, o governo quer aprovar o marco regulatório e a partilha dos royalties antes do final do ano, sem um debate minucioso com a sociedade onde representantes de vários setores sociais possam participar de um processo que evidentemente tem de ser conduzido pelo governo, mas ouvindo soluções de quem tem interesse no assunto.

Para que as reformas tributária, trabalhista, política e previdenciária saiam do papel nos próximos anos, o governo terá que tomar a liderança no processo, mas terá que ser feita de forma que a sociedade brasileira discuta e participe e as reformas sejam feitas e devolvam competitividade a quem produz e segurança a quem trabalha no Brasil.

É necessário que a política no Brasil seja mais popular. Isso só será possível quando a justiça prevalecer sobre a impunidade. Que o foco social no Brasil mude não basta para uma nação apenas crescer economicamente. Estamos muito preocupados com nossa grande capacidade de gerar riqueza e não tanto focado na nossa não tão grande capacidade de gerar bem-estar.

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