terça-feira, 4 de novembro de 2008

ARMADÍLHAS



Por que as pessoas caem em armadilhas?



Vivemos uma época marcada a ferro e fogo pelo horror do inusitado, pelas desastradas surpresas que, a cada dia, despencam sobre nossas cabeças. E, sem dúvida, alguns possuem, mais que outros, o inegável talento de transformar o cotidiano em tragédia. Haja vista o caso Lindemberg/Eloá/Nayara. Todos nós, que acompanhamos a triste história pelos jornais, rádio e televisão, sentimos angústia e apreensão, pois tais casos, que se repetem de tempos em tempos, não raro, terminam em tragédia. Dessa vez não foi diferente. Faltou ao protagonista desse triste e malogrado episódio constatar e admitir que todo caminhar é um caminhar sozinho.

O fato nos leva a tecer indagações, a querer explorar os estranhos e intrincados meandros da mente humana, tantas vezes ambíguos e sombrios. Nosso ambivalente estado de espírito leva-nos a assumir posições conflitantes entre o bem e o mal, num mundo delirante, doentio, marcado pelo sentimento de posse, de domínio sobre o outro, de levar vantagem em tudo.

Dessa forma, o irracional desenha-se diante de nossos olhos atônitos. E nos perguntamos, surpresos: por que as pessoas caem em armadilhas? Por que permitem que seus conflitos pessoais se escancarem publicamente na forma de comportamentos extremos? Como almejar o estável num mundo tão instável? Incapazes de nos reinventar, ficamos todos perdidos, a meio caminho entre a solidão absoluta, que dói, e a necessidade premente de "soprar vida em objetos mortos".

Talvez seja chegado o tempo de aprendermos antigas lições para tentar viver uma vida mais feliz. Nesse sentido, os filósofos podem ser nossos mestres. Eles acreditavam que a filosofia pode "curar" o espírito do homem, proporcionando-lhe aquela felicidade que consiste na paz do espírito e que não depende de posses, quaisquer que sejam, ou de glórias mundanas.

O filósofo Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.), que escreveu "Cartas a Lucílio", obra em forma de epístolas em que trata dos mais variados temas, acreditava que a filosofia deve ensinar os homens a viverem, a serem fortes diante do sofrimento e das perdas. E mais: a filosofia deve também preparar o homem para a morte, ensinando-o a não se desesperar diante dela. Segundo Sêneca, devemos enfrentar as agruras da existência sem esmorecer. É necessário que aprendamos a nos desprender das coisas (bens, glórias, pessoas) para dar valor ao que realmente importa, pois, para o filósofo, nossa felicidade depende única e tão somente da nossa fortaleza de espírito e da nossa coragem frente à vida.

Mas, importa ainda lembrar: a filosofia não está amarrada a uma única escola, ou filósofo. Pensar e sentir a condição humana em seus diferentes desdobramentos não é privilégio de Sêneca, Platão ou Descartes. Psicanalistas, escritores, artistas plásticos, cineastas e tantos outros (incluindo o prezado leitor) têm muito a dizer-nos sobre a condição humana. E uma interação de todas essas ferramentas (a Psicanálise, a Filosofia, o Cinema, a Literatura, a arte em geral) pode iluminar e modificar nossa forma habitual de construir conceitos, ensinando-nos a lidar melhor com a instabilidade do real, facilitando a exposição e a discussão de questões tão caras à humanidade.

BJKS DA VAN

Um comentário:

Anônimo disse...

existem ferramentas como está escrtio no texto e concordo,mas existe uma ferramenta maior onde a moral é uma farsa feita para os impotentes,mas a moral existe,e a única feramenta que acho necessária é não fazer mal a ninguém, belo texto Van, show!!!!!!!!! bjs Pappabill