Proibido proibir (!?)
Velhos tabus, preocupações recorrentes, perda-de-sono são comuns ressuscitar no seio das famílias, na agenda dos pais, no tró-ló-ló das esquinas, nos debates escolares, quando surge uma nova tragédia, um pesadelo novo, um choque-de-realidade como o que foi visto, lido, ouvido e transmitido ao vivo pela TV, que culminou com a morte da jovem Eloá, 15 anos, assassinada com dois tiros pelo ex Lindemberg, 22 anos, ensandecido com síndrome de rejeitado.
Mais que a violência em si e sem trágico desfecho, prorrogam-se agora os desdobramentos dessa fatalidade, principalmente a questão do namoro adolescente, do relacionamento que se iniciou para Eloá aos 12 anos (quase uma menina!) com um rapaz 7 anos mais velho.
Ficar, namorar, preservar-se, até quando ser virgem, respeitar as meninas, usar preservativos, promiscuidade, envolvimento com drogas, abrir-se em casa, dialogar, saber-com-quem-anda, impor limites, xingar, bater, proibir, educar, conversar sobre...
Tudo isto vira pó quando o assunto é tratado como tabu, quando não se estabelece o diálogo desde a tenra idade, quando conversar sobre sexualidade não fizer parte do cardápio familiar...
Psicologicamente, porém, existem fatores que ancoram o diálogo, pilares que seguram as rédeas, conceitos que materializam os comportamentos...
Os filhos tendem a seguir, copiar, e se nortearem pelo exemplo, por aquilo que inconscientemente captam da psicologia familiar e da moral institucionalizada, com as quais aprenderam a delimitar seus horizontes, escolher suas preferências, adotar seus estilos e elaborar seus sentimentos...
Se as broncas, os cerceamentos, as delimitações de liberdade não coincidem nem correspondem à percepção que os filhos têm verdadeiramente dos pais e do ambiente doméstico, toda a autoridade passa a ser questionada, todo o zelo passa a ser desmedido, todo o discurso passa a ser inócuo...
O outro aspecto importante a considerar é que numa fase como a adolescência, o jovem está descobrindo o mundo (o sexo inclusive).
No desenvolvimento saudável deve haver espaço para todas as vivências (amizades, namoro...). Psicologicamente, porém, o saudável é permitir o acesso a tudo isto, mas com o razoável equilíbrio.
Um namoro que de repente afasta as antigas coleguinhas, que monopoliza todo o tempo, que suga todas as energias, que afasta de outros prazeres, é sem dúvida perigoso, condenável e autodestrutivo.
Nós que somos mães de adolescentes devemos ter como regras básicas o diálogo constante e o olho-vivo!
Nada disso, porém, adianta se não trabalharmos as nossas velhas crenças (sexo é sujo, é pecado...) ou se, ao contrário, estimularmos sexualidade precoce e inconsciente nas nossas crianças através de novelas, filmes, leitura, roupas, trajes, maquiagem e/ou danças inadequadas a sua idade.
De nada vai adiantar orientar sua filha a não aceitar ameaças do namorado se ela presencia todos os dias a mãe sendo ameaçada pelo pai e ou namorado.
Na realidade nada passa a ter valor ou conteúdo, por melhor que sejam as intenções, por mais inteligente que sejam as estratégias, se não estiver literalmente associada e coerente com o contexto e realidade familiar...
Exemplo, diálogo, limites, olhar atento, são as boas dicas de sempre... No mais é procurar esticar ao máximo o período da infância e pré-adolescência, estimulando a brincadeira, o riso, os castelos, as fantasias que ainda precisam ser sonhadas!
BJKS DA VAN
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