terça-feira, 4 de novembro de 2008

SUICÍDÍO



Suicídio



Foi chocada pelos últimos balanços divulgados recentemente pela imprensa mundial, informando sobre o crescimento enorme do suicídio no mundo inteiro, que me inspirou este texto de hoje.

São mais de um milhão de suicídios por ano, o que dá uma média alarmante de um caso a cada 40 segundos. O mais dramático de todas estas estatísticas é sabermos que a maior causa destas mortes “auto-provocadas” está ligada a episódios depressivos e poderiam na maioria dos casos serem evitadas. Detalhando e estratificando os dados chega-se a outro aspecto surpreendente ao detectarmos que atualmente é nos países emergentes (como o Brasil, por exemplo) onde estes índices estão mais crescendo.

Na realidade hoje em dia em matéria de suicídio o Japão já é aqui!

Um país onde ainda se tem tanto a fazer e construir, tanto potencial ainda a ser desenvolvido, causa no mínimo estranheza esta tendência.

O suicídio na realidade é o zero-absoluto que atinge a alma congelada de amor, torturada de sofrimento e desesperada por uma saída de um túnel escuro onde já não se divisa sinais mínimos de luz.

O que sabe é que antes da pessoa atingir este final dramático, passa por várias etapas, normalmente já deletados e convenientemente (ou não) submetidos a tratamentos e medicamentos e até precedidos de outras tentativas anteriores fracassadas de extermínio próprio.

Os transtornos obsessivos, as neuroses, a depressão e bipolaridade tem sido objeto de muito estudo da ciência e hoje existe uma variedade muito grande de remédios e terapias intensivas para seu alívio e controle, quando já sintomaticamente instalados.

À parte, questões genéticas comprometedoras, demências congênitas e loucuras esquizofrênicas, casos em que os pacientes já devem estar permanentemente sedados e sob estreita vigilância, o que nos preocupa são a grande maioria que aparentemente não apresentam sintomas tão notórios e surpreendem amigos, conhecidos e familiares com uma atitude tão radical e definitiva.

O que precisamos entender é que saúde e doença, vida plena ou morte prematura, tristeza ou felicidade, miséria ou prosperidade, são as duas faces de uma mesma moeda que aprendemos a utilizar e colecionar no jogo da vida.

Esta construção ocorre desde a infância quando somos alvo das crenças e particularidades dos nossos familiares. Com estas armas e instrumentos, partimos para a vida adulta criando já na adolescência nossas primeiras pequenas e próprias armaduras. Com elas abrimos caminho e enfrentamos as primeiras batalhas.

A culpa, o recurso, a mágoa, o rancor mostram terra fértil para expandir seus tentáculos e sufocar ainda mais o pobre espírito, cada vez com menos oxigênio e esperança. A textura se desfaz, o tecido se esgarça, os limites se rompem e o que era improvável e escabroso passa a ser a única possibilidade concreta de destruir este monstro que corroe lenta e irremediavelmente o instinto de vida.

Por outro lado, conforme um ex cliente meu, que já tentou o suicídio me relatou o seguinte: quando tudo parece perdido uma janela se abre, uma solução inusitada e dramática se impõe e entre a insana liberdade final que um ato louco possa oferecer e o portal negro da prisão perpétua do sofrimento a conta-gotas, a escolha pelo primeiro é a que lhe pareceu, naquele momento, devolver alguma dignidade, algum alívio, o fim da tormenta.

Apressar o inevitável parece dá a sensação de algum domínio, de alguma vitalidade e controle, mesmo que seja para decretarmos a própria falência existencial.


BJKS DA VAN

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