segunda-feira, 17 de novembro de 2008

TEXTO::UMA NOVA E ESTÚPIDA REVOLUÇÃO SEXUAL?

Uma nova e estúpida revolução sexual?

Dia desses dei uma passada no sebo do roqueiro Wagner Black, no Sagrada Família em Montes Claros, em busca de gibis antigos da Disney, livros de Direito e romances diversos, quando percebi a entrada de um garoto com cabelos encaracolados, que o aproximavam de um querubim, pelo menos na aparência.
Ele parecia ser amigo do decano roqueiro, que tem um pé no punk e outro em Odair José, numa combinação explosiva difícil de imaginar. Pois bem, o menino, que não devia ter mais que sete anos, passou a desfiar uma série de musiquinhas infames inventadas, segundo ele, na escola. Uma delas dizia: "Estava no avião comendo Leite Moça, meu pai foi mais esperto e c... a aeromoça". Wagner, que não deve se assustar com nada neste mundo, sorriu amarelo, como as páginas de muitas de suas revistas, e seguiu espanando a poeira em livros recém chegados e comprados no quilo.

O menininho agiu como todo menininho de sete anos. Eles são assim mesmo, desbocados, curiosos e falam de sexo e de sacanagem sem nenhum rubor, assim como falam de seus carrinhos Hot Wheels. Mas existe uma mudança de comportamento em curso que atinge os irmãos mais velhos destes garotinhos, e que não deve demorar para incluí-los: a desenfreada sexualização.
Uma vilã que se utiliza da disseminação incontrolável da pirataria e da Internet, e também da aparente preguiça dos pais, para tornar nossas crianças e adolescentes seres excessivamente, e precocemente, sexuados.

Sábado passado eu saboreava uma cerveja gelada em um dos endereços mais especiais de Montes Claros, o Mercado Municipal, na companhia de uns amigos de Diamantina, quando um vendedor ambulante mostrou-nos um leque de filmes piratas à venda, todos com capinhas xerocadas em plásticos vagabundos.
Muitos dos filmes, talvez a maioria, eram pornográficos e as pessoas, nas mesas próximas e na nossa, se divertiam vendo os, digamos, atributos de "atores" como Kid Bengala e Alexandre Frota.

Os filmes “não pornôs” eram péssimos também. Filmes toscos de terror, filmes de lutas marciais de quinta categoria e outros embustes cinematográficos. Todos vendidos pela pechinha de 5 por 10,00 reais. Ah, tinha também DVDs musicais de bandas como Companhia do Calypso, Calcinha Preta e Bonde do Maluco, além de outros menos conhecidos, mas também de gosto duvidoso.

É este o métier que tem chegado a uma geração de adolescentes pelo Brasil, totalmente vulneráveis às mensagens potencialmente perigosas que grupos musicais e filmes pornôs vendidos a R$ 1,50 tem provocado. E isso é muito grave.

Talvez você esteja achando que estou exagerando ao colocar tais bandas ao lado de ícones do pornô tupiniquim como Rita Cadillac e Gretchen, mas infelizmente não. Tudo isso faz parte de uma espontânea e desairosa mudança nos hábitos que começa nos shows em praça pública de bandas de forró com conteúdo sexista, onde as letras versam sobre "carros cheios de rapariga" e "lapadas" em determinados lugares da anatomia feminina, cada vez mais à mostra, no sentido literal da frase; e culminam nos tais filmes, que são vistos livremente por crianças e adolescentes, e talvez até pelo menininho do sebo de Wagner Black, com seus cabelos de anjinho.

Talvez daqui um tempo algum estudioso perceba que a pirataria de DVDS pornôs, as lan houses, as músicas de quinta categoria e até mesmo as novelas, aliadas ao crescente descuido com a AIDS, tenham provocado uma mudança drástica nos costumes, possivelmente mais intenso do aquele vivido nos longínquos anos 1960, pois não está ligado a nenhuma ideologia. A menos que alguém alcunhe o conformismo e a alienação reinantes como espécies de ideologia às avessas, ou pós-ideologia, ou sei lá o quê...

Não há nada, ou quase nada, que pareça embalar os sonhos dessa juventude que anda por aí, com suas cabeças ocas. Apenas o desejo de ver o novo filme da paquita que virou atriz pornô, com seu corpo de sílfide e sua devassidão, que os transporta para um mundo imaginário, habitado por ninfas sedentas por sexo e alguma violência, parece inspirá-los. Outro desejo desta turma acéfala é ficar malhadão, ou saradona, para poder beijar umas cinqüenta bocas na próxima micareta. Tipo assim, sabe?

Um detalhe interessante é que as irmãs dos garotinhos do sebo estão descobrindo o amor lésbico aos borbotões. Tudo porque os filmes pornôs, sempre eles, trazem rotineiramente uma cena caliente entre duas atrizes trocando carícias ousadas. E as meninas, anestesiadas pelo estímulo visual e pela volúpia, criados por diretores-homens, passam a descobrir o amor entre as iguais como nunca antes na história deste país.

O país da pirataria, do créu, da falta de leitura, da bienal do vazio, das garotas frutas e desfrutáveis do funk, da bebedeira seguida de estupro da menina de 15 anos de Joaçaba, de bandas de forró com nomes como "Calcinha Preta", "Garota Safada" e "Menina sem Calcinha" tocando em praças públicas, ou nas salas de estar, e outros acintes, à nossa inteligência e ao bom gosto. Será que tudo isso quer contribuir para que tenhamos uma geração de "Mulheres Perdidas?”.

Filme do dia: "As brumas de Avalon", o único filme bom no balaio de indecências do vendedor do Mercado Municipal
Citação do dia: “Você é o seu sexo. Todo o seu corpo é um órgão sexual, com exceção talvez das clavículas”- Veríssimo
Música do dia: O CD de chorinhos de Gabriel Guedes. Ele é filho de Beto Guedes e neto de Godofredo. Um alento para os ouvidos esmigalhados pelo Créu.
Atenção
::( ESTE TEXTO TEM A AUTORIA DO MEU AMIGO JORNALISTA,LOCUTOR,FUTURO ADVOGADO 1000 EM UM,RSRS ( DÉLIO PINHEIRO).

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