segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A DITADURA DA INFORMAÇÃO


A massificação dos meios de comunicação é um fenômeno típico de ditaduras. No Brasil, um resquício, ou melhor, resíduo do último regime militar, que perdurou por mais de duas décadas.

A idéia de que jovens, velhos, homens, mulheres, crianças, analfabetos e doutores – 60% dos telespectadores – queiram ver o mesmo jornal, todas as noites, é, no mínimo, insensato. Também, seria muita ingenuidade pensar que, em alguns minutos, poderiam transmitir as principais notícias para a população do Oiapoque ao Chuí, num país de proporções continentais, com diversos 180 milhões de habitantes e mais de 8 milhões de quilômetros quadrados.

E não é somente uma questão de qualidade, impossível quando reduzem a informação ao mais baixo grau de instrução, para que todos possam compreender. Deve-se destacar ainda um reflexo deste processo: a manipulação dos fatos. Processos eleitorais, pressões e comportamentos sociais são diretamente influenciados pela mídia. Candidaturas virtualmente construídas, ideais descontruídos.

Contrastar o senso crítico, pluralidade e liberdade de opinião é a melhor forma para consolidar uma democracia. Desmassificar a televisão brasileira é hoje necessário às próximas gerações, caso quisermos evitar futuros golpes políticos com a indiferença popular. Imaginar 30 milhões de pessoas recebendo a mesma face da notícia é uma ameaça à cultura de qualquer nação.

Com a desmassificação, a programação da televisão brasileira seria segmentada. Nos Estados Unidos, e nos principais países europeus e asiáticos, isso já é uma realidade, há muitos anos. A CNN, por exemplo, é um sucesso com menos de 5% da audiência.

A massificação é tão intensa, que sentimos a necessidade de ler a revista Veja, assistir à novela das oito e ao Jornal Nacional para que possamos nos sentir “sociáveis”, entre as rodas de bate-papo na família, na escola, na faculdade e no trabalho.

A tematização emperra, enquanto a televisão paga não se populariza, dividindo telespectadores de acordo com suas particularidades. Sem, óbvio, afirmar que o crítico esteja relacionado a assistir canais a cabo; mesmo porque, a segmentação tende à futilidade. Mas, isto sim é democracia. O que sugiro, enfim, se a sua única alternativa seja a Rede Globo, é desligar seu aparelho e buscar outra atividade. “Ame-o ou deixe-o”, como em todo totalitarismo.

Abaixo, imagem do Jornal Nacional, no ar desde 31 de agosto de 1969, coincidentemente, mesmo dia em que tomou posse a Junta Militar responsável pela indicação de Médici à presidência. O jornal fez parte dos planos do regime para melhorar a própria imagem, diante da crise política dos anos anteriores. Deste ano em diante, “milagre econômico”, “modelo brasileiro” e “prosperidade” seriam termos corriqueiros: na teoria.

bjks da van


Um comentário:

Anônimo disse...

Essa globalizaçã já se tornou uma merda mesmo...comcordo plenamente.

LUCIA FLOR DE LIS