quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

SER FELIZ É NÃO SE PREOCULPAR MUITO EM SER FELIZ



Gostaria de falar um pouquinho sobre essa tal felicidade. Vamos lá! Podemos dizer que assistir a um bom filme, a um jogo de futebol, a brincar carnaval é diversão! Terminado o filme, o jogo,o carnaval, a sensação de felicidade desaparece. Não era felicidade. Foi apenas divertimento.

A expectativa de felicidade nos leva a estudar, trabalhar, nos casar, adquirir bens materiais: carro novo, casa luxuosa, celular de última geração, mas o filósofo grego Aristóteles advertia, há mais de dois mil anos, que a felicidade se atinge pelo exercício da virtude e não da posse. Não se dando por vencida, a expectativa de felicidade nos convence de que cada conquista é a coisa mais importante do mundo. Entretanto, cada uma provoca a necessidade de outra conquista, que resulta na desapontadora conclusão de só se ficar nas expectativas de felicidade. E no meio desse tiroteio temos que demonstrar sermos felizes, porque ser feliz passou a ser uma obrigação.

Em virtude dessa obrigação, há pessoas que fazem força demais para demonstrar felicidade e sofrem muito por causa dessa fonte terrível de ansiedade e depressão. “A depressão é o mal dessa sociedade, que decidiu ser feliz a todo custo” (“A Euforia Perpétua”, livro do escritor francês Pascal Bruckner). A compreensão de que divertimentos e conquistas nada têm a ver com felicidade nos conduz a sentimentos libertadores do condicionamento mental de que felicidade se compra.

Felicidade é um estado psicológico de profunda serenidade íntima, assemelhado à levitação, e é passageira. A “felicidade é projetada para evaporar”, escreveu Robert Wright, ensaísta e autor do livro “O Animal Moral: Psicologia Evolucionária e o Cotidiano”. Segundo ele, “se a alegria que vem após o sexo não acabasse nunca, os animais copulariam apenas uma vez na vida”. “Não existe uma fórmula para ser feliz”, conclusão do pesquisador David Lykken, da Universidade de Minnesota, EUA. Os cientistas Martin Seligman, psicólogo da Universidade da Pensilvânia, Mihaly Csikszentmihalyi, pesquisador da Universidade de Chicago, e Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, concluíram: “Para que o homem mova o mundo, ele não pode ficar acometido daquele estado psicológico de profunda serenidade íntima, no qual não se tem vontade de mudar nada. Daí, ser infeliz é necessário”.

Essa necessidade de ser infeliz nos surpreende. Li em algum lugar uma frase do saudoso professor André Franco Montoro, mestre em Filosofia do Direito, e então governador de São Paulo. Com irradiante simpatia, sua marca pessoal e em tom de brincadeira disse: “Para compreender a Filosofia do Direito nos reportamos à filosofia, que para ser entendida, por sua vez, imaginamos duas pessoas conversando; uma falando do que não entende e a outra fingindo que está entendendo”.

Felicidade é, na verdade, uma ilusão. A sugestão para ser feliz é não se preocupar muito em ser feliz. Ao compreendermos que divertimentos e conquistas não trazem felicidade, nova orientação vai direcionar nosso comportamento e mudar radicalmente nossa vida para melhor, sem nos causar infelicidade.


BJKS DA VAN

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