quarta-feira, 15 de outubro de 2008

FALANDO SOBRE LIVROS

De livros e de presentes


Por acaso, encontrei, em minha prateleira, um livro de capa absolutamente linda. Intrigou-me o estar ele ali, entre Eça de Queirós e Machado de Assis. Não o comprei, com absoluta certeza. Também não me lembro de tê-lo recebido de presente.

Parte do mistério se desvendou, quando vi a primeira página: tratava-se de exemplar que laboratório farmacêutico famoso dera de presente a um médico amigo meu. Deduzi que meu filho ou a (luiza,minha secretária) o deixara no lugar onde o encontrei. Sem me avisar.

Não gosto muito de romance norte-americano. Mas, atraído pela beleza da capa, resolvi encarar as 414 páginas. As vinte primeiras foram difíceis de digerir. Acho que por dois motivos: a aridez da narrativa e a antipatia que confessei, no início deste parágrafo.

Superada a dificuldade inicial, peguei ritmo e concluí a leitura, no sábado sem programação especial e no domingo sem jogo do vascão. Achei razoável o romance da senhora Danielle Steel, publicado no Brasil em 1995. A edição pertence à Record. A tradução foi feita por Maria Luíza da Silva Pinto. O título original é “Jewels”; em português, é “Jóias” mesmo.

Acabei de passar algumas informações técnicas, amigos; mas não pense que vou fazer resenha. O objetivo deste arremedo de ensaio é bem outro: comentar a iniciativa do Laboratório Merck, que achei extremamente meritória.

Ora, dar livro de presente, neste Brasil de raros leitores habituais, é coisa mais que louvável. Mesmo que o presenteado seja médicos, que tem dinheiro para comprar e, se for adepto da boa leitura, costuma freqüentar livrarias.

No entanto, deu vontade de perguntar: por que livro estrangeiro, que é mais caro? Direito autoral, no caso, é pago em dólar, euro ou libra esterlina. Por que não valorizar o escritor brasileiro, do passado ou do presente? Eles são tão bons quanto os melhores do mundo.

Sei que o Laboratório Merck é de origem alemã e está em vários países. Sei também que ele dá livros de presente a médicos de todas as latitudes. Concedo que, talvez, o romance norte-americano (ou europeu ou asiático) possa alcançar público maior, principalmente se for bem divulgado e consiga ficar, por algum tempo, nas listas dos mais vendidos. Concedo, ainda, que brasileiro, principalmente o da classe média, adora coisas importadas, em detrimento das nacionais.

Se fosse do meu alcance, gostaria de sugerir ao laboratório famoso que patrocinasse a edição ou a reedição de livros brasileiros, em prosa ou verso, e os distribuísse a seus mais eficientes divulgadores – os médicos. Para o exterior, seriam feitas as devidas traduções, é claro.

Há, por aqui, tanta gente boa (Paulo Coelho fica de fora) à espera de oportunidade! Há tanta obra inédita! Agora mesmo, estou lendo o livro “Guirandy”, do médico e meu querido amigo Geraldo Guimarães Júnior. Pelo que pude constatar, até o momento, é obra de qualidade.

A propósito do que falei, no primeiro período do terceiro parágrafo, devo registrar que li, faz algum tempo, entrevista de escritora norte-americana que, na época, tinha obra sua elencada entre as mais vendidas por aqui. A uma pergunta sobre literatura brasileira, ela respondeu com outra pergunta: “Existe romance no Brasil?”.


bjks da van

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