quarta-feira, 15 de outubro de 2008

LIVROS NOVAMENTE

Sobre livros novamente

Um sobrinho meu veio passar alguns dias de suas férias escolares comigo. Trouxe-me, de presente, o romance espanhol “A Sombra do Vento”, do ibérico cidadão Carlos Ruiz Zafón. Na capa, uma informação estimulante, para certo tipo de leitor: mais de cinco milhões de exemplares vendidos!

Fiquei feliz com a lembrança e o mimo. Na hora, cheguei a cogitar em retribuir-lhe a gentileza, oferecendo-lhe qualquer coisa de Machado de Assis ou de Eça de Queirós. Mas descartei a idéia, na hora. E por um simples motivo: quando estava na reta final do primeiro grau, Leo foi compelido a ler “D. Casmurro” e disse-me, depois, que não gostou. Não fiz qualquer comentário a respeito. Limitei-me a pensar, com meus botões: não gostou porque não entendeu. E não entendeu porque a leitura foi extemporânea.

Com apresentação de desculpas antecipadas aos professores da área, permito-me concluir: esse tipo de leitura compulsória, ao contrário de forjar bons leitores, acaba matando-os, já no nascedouro. Por outro lado, gosto pessoal de professor nunca foi igual ao do aluno. Nem o será.

Ora, se ler é necessário também penso que seja melhor seria deixar que cada um escolhesse seu livro. Depois, que se fizesse a avaliação necessária, de maneira criativa e inteligente.

Retorno ao segundo parágrafo, para dizer que o desejo de dar um livro à meu sobrinho não foi descartado. Fui às minhas prateleiras, ver se encontrava algo que fosse do agrado de quem andou lendo Dan Brown, Khaled Hosseine e Markus Zusac, todos freqüentadores assíduos da lista dos mais vendidos de conhecida revista semanal.

Acabei optando pelo romance norte-americano “Jóias”, de Danielle Steel, que acaso também andou aparecendo entre os mais vendidos. A leitura se fez, em três ou quatro dias. A mesma coisa aconteceu comigo e “A Sombra do Vento”. Leo disse que gostou. Falei que eu também mentindo, para não ser deselegante.

Em verdade, achei bem fraquinho o livro do espanhol, como entendi sofríveis as obras de Brown, Hosseini e Zusac, que andei lendo, em razão de algumas circunstâncias.

Os estimados amigos com inteira razão deve estar conjeturando: se tais livros são comprados por milhões de pessoas, no mundo todo, devem ter algum mérito.

E têm, meus queridos.

Acontece, no entanto, que são artificiais ou inverossímeis, no meu entendimento. Exploram, em excesso, a violência e o sexo. A tecitura das peripécias me parece frágil e cada desfecho é previsível. A narrativa, no seu todo, é descuidada e traduz claramente a intenção do autor: enriquecer-se, com apenas duas ou três edições.

As editoras (sempre norte-americanas não importa que o autor seja afegão, espanhol, vietnamita ou mesmo conterrâneo de George W. Bush) são poderosíssimas e investem, pesadamente, na divulgação. E o público compra, com avidez. Chego a pensar que muitos nem chegam a ler o que compram. Apenas compram.

Se alguns chegam a abrir o livro, pode ser que leiam apenas as primeiras páginas e as últimas. Depois, jogam-no em prateleira qualquer, em lata de lixo ou o esquecem no banco traseiro da limusine ou na poltrona de primeira classe de algum avião. Ou no porta-bagagem de seu jatinho particular.

Acabo de fazer o propósito de não mais ler romances dessa espécie. Quando tiver que matar o tempo, vou fazer palavras cruzadas.

bjks da van fuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

2 comentários:

Unknown disse...

Vann querida vc é "maraaaaaaaaa"...adorei seus comentários sobre estes pseudos -livros ... bjussss

Unknown disse...

Van, infelizmente existe coisa pior que Carlos Ruiz Zafón, essa coisa chama-se PAULO COELHO, os intelectuóides (rrsss) me perdoem .
Bjs