sábado, 11 de outubro de 2008

NOSSOS FÍLHOS

Os horrores que fazemos com nossos filhos


Estive conversando longamente com meu mestre o Dr.Cláudio Vital, grande psicólogo desse Brasil, sobre as coisas erradas que falamos com os nossos filhos. Juro que eram tantas bobagens. E tirei algumas conclusões do papo mais que saudável. Vital começou dizendo que os pais talvez sejam as pessoas mais bem-intencionadas do mundo, quando o assunto são os filhos. Todos são unânimes em dizer que fazem o que fazem por amá-los. Justificam os milhões de “nãos” e negativas diante das demandas deles, dizendo que agem assim porque sabem o que é melhor para seus filhos.

Lamentavelmente, os pais em relação aos filhos, por mais que se esforcem, são muito piores do que se imagina. Em primeiro lugar, os pais, quando justificam que não deixam um filho até tarde na rua porque ele pode ser assaltado, estão menos preocupados com o filho e muito mais em manter sob controle a angústia que vem à tona quando o filho está fora de casa. Quase sempre, as exigências e negativas dos pais para com os filhos satisfazem necessidades dos primeiros, e não dos segundos. Incrível que muitos pais, quando eram adolescentes, odiavam algumas atitudes de seus pais e tantas vezes burlaram as exigências deles, mas agora com os filhos mantêm as mesmas atitudes que condenaram no passado.

Desde pequeninos colocamos crenças irracionais e medos na cabeça de nossos filhos. O Dr.Cláudio Vital diz que quando dizemos para um filho que não quer comer que vai para o hospital e vai tomar uma injeção “desse tamanho”, cometemos vários erros. O primeiro pela quebra de diálogo ao não investigarmos por que não quer comer. O segundo, pela verbalização de uma mentira, pois não é verdade que vai tomar a tal injeção e também é pouco provável que vá ao hospital. O terceiro pela exposição de nosso filho a um medo irreal, irracional e desnecessário. Fazemos o contrário, algumas vezes, ao dizer que se comerem tais coisas ficarão gordos e feios. Também, para que nosso filho não fique descalço, pois isso mobiliza nossa ansiedade, dizemos que vai pegar resfriado ou ficar doente. Tanto falamos isso que transformamos a falsa afirmação em uma crença tipo uma “profecia auto-realizável” e, quando nosso filho fica descalço, ele pega resfriado. Quando o filho chora e perguntamos se se machucou e ele confirma, estamos dando
força e luz a uma realidade que está sendo criada pela mente e, então, ele sentirá dor e se sentirá machucado.

Enchemos a cabeça de nossos filhos com outras atrocidades. Dizemos a eles que, se não estudarem, ficarão “burros” e não terão oportunidades na vida. Que, se não fizerem os deveres da escola, não vão aprender e a professora dará nota zero e nunca serão alguém na vida. Que, se não chegarem em casa até tal hora, nunca mais poderão sair à noite. Quando é inverno, dizemos que não podem tomar sorvete, pois vão ficar doentes; dizemos também que, se não nos obedecerem, Deus vai castigá-los e eles vão para o inferno; que se não tomarem banho ou não escovarem os dentes, ficarão asquerosos e desdentados. Adoramos dizer a eles que a única roupa ou sapato que podem usar é a que nos agrada, do contrário ficarão feios e ninguém se interessará por eles. Os únicos amigos para nossos filhos são os que nós decidimos que são bons para eles.

Outra atrocidade que fazemos com nossos filhos, segundo Vital, é criarmos a idéia de dor, sempre associada à doença. Exigimos que eles façam o que desejamos com a ameaça de que sentirão dor e ficarão doentes. Entupimos nossos filhos com as mais desastrosas asneiras, as crenças mais absurdas, as afirmações mais contraditórias. Jamais estabeleça afirmações relacionadas com doença, dor e autoconceito negativo ao seu filho, pois estará determinando crenças e criando na mente dele certezas, pois o corpo não tem autonomia. Nossa mente cria ou desfaz crenças que se transformam em doenças e em dores ou em alegria e felicidade. Nossos filhos são bons demais, pois, se assim não fossem, teriam sérios motivos na vida adulta para desenvolver sentimentos muito negativos por nós.

bjks da van

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