sexta-feira, 26 de setembro de 2008

PAIS DO FAZ DE CONTA::

Existe um país onde o governo faz lavagem de dinheiro. Sim. Perfeitamente. E não me venha agredir psicologicamente com ameaças por cometimento de nenhum crime. No meu país vivemos sob o regime democrático de direito, de modo que é constitucionalmente livre a manifestação do pensamento. Mais a mais, três coisas são distintas no conjunto de um texto: o personagem (que é liberto do autor), o texto e o contexto. É como os Três Poderes da República, harmoniosos e independentes entre si. E vamos para o meu país e para o desenrolar desta texto.

Meu país se chama País do Faz de Conta da República Federativa. O Chefe do Governo é um pai. Da Pátria, são os filhos amados, não confundir com armados. Salvante se, armados de ânimo, forem ou estiverem intelectualmente. Deixa pra lá. Assim, esta minha República se constitui em uma verdadeira família e como tal se desenvolve, senão vejamos: os filhos obedecem ao pai e este administra toda a família ao seu bel-prazer, obtém rendas, rendimentos e receitas com a cobrança de impostos escorchantes. Guarda o dinheiro no cofre que constitui um verdadeiro tesouro, empresta dinheiro, toma dinheiro emprestado... Aplica ou distribui para a família pequena parte de toda a riqueza. Na verdade, apenas mitiga a fome dos filhos. Porém, promete copiosamente incentivar e apoiar todo empreendimento econômico do país e dar empregos aos filhos, para que possam viver com o trabalho do suor do seu rosto ou, segundo Karl Max (O capital),”Com o suor do rosto dos outros”. Eta lá em casa! No meu país... Quanta avareza e desperdício!

O papai do meu País do Faz de Conta da República Federativa assim procede: todo dinheiro que arrecada é produto de impostos escorchantes. Dane-se a indústria, comércio, agropecuária e serviços. Importante é arrecadar, e arrecada mesmo. Todo o dinheiro arrecadado vai para o cofre e vira um tesouro. Tesouro para ser mostrado para os vizinhos, para outros países, provando que tem lastro. Quanto maior é o tesouro, maior a confiança dos investidores. Os investidores medem o risco do seu investimento pelo volume das reservas do meu país. Meu país tem crédito porque tem lastro e o risco em pontos sob medida macroeconômica é mínimo. Daí vem crédito e mais crédito. E não se mexe no tesouro, ele deve crescer para o país obter mais e mais crédito. Precisando de dinheiro? Meu país não mexe no tesouro. Meu país vende uns papéis, semelhantes a notas promissórias, ou melhor, funcionam como cheques pré-datados. O estrangeiro chega aqui, compra tais papéis pagando com dólares e ganhando juros exorbitantes. Juros mais caros do
que os juros cobrados pelas financeiras e agiotas. Para que você se confunda e nada entenda: exemplo do avarento que põe sempre todo o seu dinheiro na poupança com rendimento de juros de menos de 1% (um por cento) ao mês e quando precisa de dinheiro, emite um papel chamado cheque especial e fica pagando juros de mais de 8% (oito por cento) mensais. Lembrou da taxa selic? É isto aí!

Para encerrar este assunto, vamos falar economês e tratar de macroeconomia. Matéria esta de domínio popular, pois “de advogado, médico, poeta e louco, todos nós temos um pouco”. O risco mede o grau de endividamento, quanto menor, maior é a capacidade de pagamento. A taxa selic é o percentual de “juros” utilizados para pagamento de financiamentos adquiridos, isto é, o investidor compra títulos de crédito do governo e paga com dólares. Os dólares vão compor o tesouro nacional. O governo toma dinheiro emprestado no exterior. O montante se chama dívida externa. O governo toma dinheiro emprestado do compatriota através da emissão do papel-moeda. Quanto mais dinheiro circulando no país, maior é a dívida interna. A bolsa de valores é o termômetro da economia. Quanto mais vende títulos, maior é sua posição no rank da economia.

Então, quem guarda dinheiro no cofre e para não gastá-lo toma dinheiro emprestado pagando altos juros, está ou não está fazendo lavagem de dinheiro? É fácil entender que, se liberar a grana do tesouro a inflação sobe (inflação é a desvalorização da moeda); e se tomar dinheiro emprestado, apesar dos juros altos que se paga, a inflação se mantém no patamar desejado. Ah! É assim? E a Política Econômica, como é que fica, sem investimento, sem crescimento, o país quase parado? Eu tenho a solução deste “enigma”; porém faço reserva, esperando ser convidada para o “ministério da economia” do País do Faz de Conta da República Federativa. É assim que procede. Governo faz lavagem de dinheiro.

bjks da van

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