segunda-feira, 15 de setembro de 2008

POLITICA E CRENÇAS

Escrevi há poucos dias um texto intitulado “Sobre política”. Recebi vários e-mails de pessoas irados, alguns em tom educado, e outros extremamente deselegantes para dizer o mínimo. Agradeço a todos por me honrar com a leitura do que escrevo. O debate nos ajuda a crescer. Devemos tirar lições dos acontecimentos na vida. É sabido que as frustrações trazem em si maiores possibilidades de crescimento do que as recompensas.

Desde o nascimento vamos adquirindo crenças por meio do pensamento e nossos atos são conseqüência delas. Não importa para cada um se as crenças sejam verdadeiras ou falsas. Para cada um que crê, sua crença se torna verdade. Algumas pessoas, na vida adulta, conseguem uma característica de repensar as crenças com a ajuda externa de pessoas ou mesmo de livros. Isso permite que cresçam e evoluam. Outras pessoas, quase sempre por insegurança, aderem às crenças que são as mesmas por várias gerações em suas famílias, como um náufrago agarrado a um pedaço de isopor, medroso em pegar um colete salva-vidas ao seu lado ou em subir em um barco salvador. Essas pessoas se tornam irracionais, têm sua capacidade de pensamento e discernimento obnubilados, interpretam erroneamente os dados que possuem e buscam justificar suas crenças a todo custo. Na maioria das vezes, essas pessoas se tornam chatas e pedantes.

Li com carinho e respeito a todos os e-mails e comentários dos leitores. Provavelmente, os leitores para os quais a coroa serviu coraram ao ler o que escrevi, mas ficaram quietinhos para não serem descobertos. Incrível que todas as pessoas que se manifestaram me pareceram realmente pessoas sérias, mesmo as que foram deselegantes. No entanto, quando viram o título do texto(Sobre política,crenças), sentiram-se ameaçadas em suas crenças, assumiram uma postura de defesa e ataque, justificando a qualquer custo seus pontos de vista, em conseqüência da capacidade de percepção e interpretação comprometida. Se assim não o fosse, saberiam que o que estava escrito não era dirigido a elas e sim alguns “políticos e falsos pastores ” de igrejas caça-níqueis, que têm proliferado nas esquinas das cidades, uma vez que inicio o texto com a seguinte frase: ”Tenho percebido que cresce cada vez mais o número de igrejas e com elas muitos cultos e pessoas aglomerando-se em torno deles. Ainda que tenha curiosidade, não tenho entrado nesses locais e muito menos assistido a seus rituais”. Relatei no texto apenas uma constatação em relação a essas falsas igrejas. Isso não me torna defensor de erros e absurdos cometidos por outras igrejas como a Igreja Católica citada por alguns leitores, nem me torna um crítico do dízimo consciente e responsável.

Avancemos um pouco mais. Alguns comentários de leitores traziam embutidos em suas palavras uma gritante contradição, uma vez que se chocavam com os valores que suas igrejas pregam. Ainda que bem intencionados, não se deram conta que, mesmo quando tenhamos nossos interesses e crenças ameaçados, precisamos manter nossa conduta, quer de comportamento quer de escrita dentro de certos princípios e limites. Afinal de contas, nossa capacidade de convencimento deve estar nos atos e não nas palavras. “A fé sem obras é morta.”

Nossas crenças por terem sido formadas principalmente em fase muito incipiente de nosso desenvolvimento não passaram pelo crivo de elaboração e discernimento pessoal e, por terem vindo de pessoas que amamos muito — nossos pais, avós, irmãos —, são estabelecidas dentro de nós como verdades absolutas. Se quando crescemos não conseguirmos a proeza de regurgitar o que não nos serve, se tornam desadaptativas e com isso não nos deixam crescer.

Eu só quis dizer que os políticos e alguns pastores gritam demais. E que eles não precisam desse artifício para seres ouvidos...Os atos, sim, são importantes.

bjks da van

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